domingo, 26 de dezembro de 2010

Finanças

Investimento brasileiro prefere a Europa

Portugal, França e Holanda estão entre os cinco destinos preferidos; vizinhos sul-americanos perdem espaço

Brasileiras aproveitam a crise europeia para fazer bons negócios; investimento na França cresce 113.800% no ano 


Dennis Ivy - 14.set.05/Bloomberg
Linha de produção em siderúrgica da Gerdau Ameristeel em Knoxville, no Tennessee (EUA); investimento de empresas brasileiras cresce na Europa 

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK 
VERENA FORNETTI 
DE SÃO PAULO 

A crise econômica se tornou uma oportunidade de investimento para as empresas brasileiras, que estão apostando cada vez mais nos mercados da Europa, enquanto os instáveis vizinhos sul-americanos perdem espaço.
Portugal, França e Holanda, por exemplo, aparecem entre os cinco países que mais recebem investimentos brasileiros -excluindo os paraísos fiscais (como ilhas Cayman, que recebeu US$ 8 bilhões de janeiro a novembro deste ano), que não são o destino final do dinheiro.
Aproveitando o mau momento da economia europeia para encontrar barganhas, o investimento na França nos 11 primeiros meses deste ano é 113.800% superior ao do mesmo período de 2006; em Portugal, 2,031% maior.
Resultado: os cinco primeiros destinos europeus do investimento direto brasileiro receberam 16,9% do aporte total, ante 3,7% dos cinco maiores há quatro anos.
"Mesmo com alguns países da América Latina tendo crescido muito, não há tantas grandes empresas e mercados tão consolidados como o europeu e o americano", diz André Sacconato, da consultoria Tendências.
Uma das que aproveitaram esse momento foi a Camargo Corrêa, que, no início do ano, se tornou a maior acionista da cimenteira portuguesa Cimpor, em um negócio de € 1,4 bilhão.
Outro exemplo é a Lupatech, de válvulas industriais, que adquiriu, por € 12,5 milhões, 6,8% da espanhola Vicinay Marine.
Para Sacconato, é provável que as empresas tenham preferido buscar oportunidades nos Estados Unidos e na Europa aproveitando os incentivos do governo, via BNDES, para a formação de atores globais.
"Nunca houve condições tão favoráveis para o investimento brasileiro. Tanto as condições "naturais" -como o câmbio- como as que foram criadas para estimular esse avanço, que é o caso dos aportes do BNDES."

AMÉRICA DO SUL
O mesmo movimento não se repete na América do Sul, com exceção do Chile, já que o investimento na região está em declínio, principalmente na Argentina (de 5,9% do total em 2006 para 1,7%).
Para o embaixador Sérgio Amaral, ministro do Desenvolvimento no governo FHC, esse recuo se deve ao fato de os aportes já terem sido realizados. "A maior parte das grandes empresas brasileiras já está na América Latina. Pode ter caído porque elas estão buscando outras oportunidades."
Sacconato diz que a instabilidade na América do Sul também é um fator. Empresas como Odebrecht, Braskem e EBX tiveram problemas com governos da região.
Ele separa a região em duas partes. "Há países como Argentina, Equador, Bolívia, Venezuela, em que o investimento é arriscado, mas tem outros, como Chile e Peru, que têm estrutura para receber investimentos."


Saldo é positivo com principais destinos do capital nacional

DE NOVA YORK
DE SÃO PAULO

Apesar da retomada neste ano dos investimentos brasileiros no exterior, o saldo para o país continua positivo nas relações com a maioria dos principais mercados.


Com exceção da Argentina, da Hungria e da Venezuela, o Brasil recebeu mais investimento do que aplicou entre os 20 principais destinos dos seus aportes -excetuando os paraísos fiscais.
A principal vantagem é com a Suíça, com um saldo positivo em US$ 6,1 bilhões para o Brasil, seguida pela Holanda, de US$ 3,8 bilhões.
Com os EUA, que são o segundo maior investidor no Brasil (atrás da Suíça e que só recebem menos investimento do país que as ilhas Cayman), a relação é positiva em US$ 1,4 bilhão.
Um dos principais investimentos nos EUA neste ano foi a aquisição da Gerdau do capital da siderúrgica Ameristeel, sua subsidiária americana, por US$ 1,7 bilhão
.
André Sacconato, analista da Tendências, diz que a paridade dos investimentos bilaterais é efeito da crise internacional, que secou o apetite dos americanos, e da política brasileira de construir grandes empresas nacionais.



Internacionalização de empresa brasileira é caminho sem volta


A REALIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS DIRETOS NO EXTERIOR DEVE CONSTITUIR UMA FERRAMENTA VISANDO O DESENVOLVIMENTO



LUIS AFONSO LIMA
ESPECIAL PARA A FOLHA 

A internacionalização de empresas de países em desenvolvimento não é mais uma opção a ser feita, mas uma realidade que ganhou, vem ganhando e ganhará cada vez mais espaço nos próximos anos.
As empresas brasileiras não são exceção. Trata-se de um caminho sem volta, levado a cabo por empresas de economias emergentes com vistas a ganhos de competitividade necessários para a sobrevivência dessas transnacionais não apenas na arena global, mas até nos mercados domésticos.
Nessa busca pela competitividade, os fluxos de investimento direto estrangeiro originados em economias latinas foram superados pelos fluxos de IDE originados em economias asiáticas
.
Esse movimento vem sendo realizado pelo setor privado de economias emergentes seja com, seja sem, ou seja contra o governo.
Isso não significa que não haja espaço para políticas públicas no Brasil voltadas à internacionalização. Pelo contrário. Esse espaço há, contempla desafios complexos, e precisa ser preenchido.
A realização de investimentos diretos no exterior não deve constituir um objetivo "per se", mas sim uma ferramenta para atingir o desenvolvimento.
Portanto, o que cabe aos formuladores de políticas públicas agora não é questionar se as empresas brasileiras devem ou não devem se internacionalizar, mas sim criar um ambiente de negócios favorável, estimular a competitividade, criar as condições de concorrência no mercado internacional e assegurar o máximo de benefícios para o país.
O Brasil está aquém de outros países emergentes nesse fronte. A complexidade desse desafio aumenta por conta do fato de que não há um caminho único a ser percorrido. Há diferentes opções de políticas públicas possíveis já utilizadas em países desenvolvidos.
O que se pergunta, entretanto, é o quanto essas políticas são adequadas para economias em desenvolvimento como o Brasil. O que devemos buscar é um caminho que reúna as melhores práticas dos países já desenvolvidos e em desenvolvimento, combinadas com o que achamos ser mais aplicável ao tipo de crescimento que queremos para o país.
Criação de valor adicionado, ganhos de competitividade, desenvolvimento da capacidade de inovação: esses são os benefícios que a internacionalização pode nos proporcionar.


LUIS AFONSO LIMA é diretor-presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).



US$ 16 bilhões no exterior

Autor(es): Liana Verdini
Correio Braziliense - 25/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/25/us-16-bilhoes-no-exterior

GLOBALIZAÇÃO
Pelas previsões do Banco Central, em 2011, as companhias nacionais vão dobrar os investimentos realizados fora do país
 
O processo de internacionalização das empresas brasileiras está avançando a passos de gigantes. Se as projeções do Banco Central estiverem corretas, companhias lideradas pela mineradora Vale, a siderúrgica Gerdau e o frigorífero JBS vão desembolsar, no próximo ano, um volume recorde de US$ 16 bilhões (quando descontado o que trazem de volta ao país em forma de lucros e dividendos) para ampliar seus negócios no exterior — mais do que o dobro do aplicado em 2010 (US$ 7,5 bilhões).

Tamanho apetite tem justificativa: firmas tradicionais dos Estados Unidos e da Europa, principalmente, estão enfrentando sérios problemas de caixa e sendo ofertadas no mercado como pechinchas. Capitalizadas, as multinacionais verde-amarelas vão às compras. Uma das mais recentes tacadas foi dada pelo grupo 3G, de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que pagou US$ 4 bilhões pela rede de fast food norte-americana Burger King. Nos próximo dias, o JBS deve assumir o controle acionário da Sara Lee, uma das mais tradicionais empresas de alimentos dos EUA.

Na avaliação da professora Simone Silva de Deos, diretora adjunta do Centro de Estudos de Relações Econômicas Internacionais (Ceri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a internacionalização propicia às empresas um espaço de valorização ampliado, com a expansão de seu mercado e com o aumento da competitividade e da redução de custos. “Além disso, há o acesso a recursos naturais que porventura inexistam no país, à mão de obra diferenciada e mais barata, o que também reduz custos e aumenta a competitividade, e, muitas vezes, às tecnologias de ponta. Pensando dinamicamente, a internacionalização traz resultados positivos sobre as contas externas do país”, disse ela em seminário sobre o tema.

O professor Afonso Fleury, do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), conduziu uma pesquisa sobre a internacionalização de empresas brasileiras. Para ele, as firmas nacionais enfrentam vários obstáculos para estabelecer filiais no exterior por falta de tradição em sair do país. Fleury destaca ainda a barreira do idioma e da histórica falta de apoio do governo, que só despertou para a questão recentemente, enquanto outros países do Bric — grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia e China — já incentivam a transposição de fronteiras há tempos.

Emergentes

O estudo de Fleury conclui que as características da internacionalização das empresas dos países emergentes são muito diferentes das que embalaram as primeiras multinacionais nascidas nas economias desenvolvidas há décadas. As primeiras multinacionais hoje focam suas atividades em produtos e serviços de alto valor agregado, enquanto as emergentes se concentram em produzir básicos e mercadorias simples.

Além disso, a abertura de filiais no exterior seria uma forma de as empresas se protegerem das instabilidades nas economias emergentes, avaliou o economista da USP. E uma maneira de aproveitar a retração dos preços em função da crise internacional, que prejudicou o desempenho de várias economias pelo mundo.

Foi o que ocorreu no setor bancário, em que várias instituições trocaram de mãos nos últimos anos. Um exemplo é a compra do Banco Patagônia, da Argentina, pelo Banco do Brasil. A Petrobras é outro símbolo da tendência de investimento pesado no exterior. Nesta semana, decidiu pagar um bônus de entrada de US$ 13,2 milhões pela participação de 30% no campo de gás natural Itaú, na Bolívia. Além disso, vai pagar em parcelas US$ 50,6 milhões correspondentes a investimentos realizados pelos donos da concessão — a francesa Total e a inglesa BG. No total, o desembolso da estatal para ingressar no bloco será de US$ 63,8 milhões. O negócio representa a retomada da aposta da petroleira brasileira na Bolívia.

Outras que também estão apostando no exterior são a MMX e a MPX, que conseguiram autorização da Comissão Regional de Meio Ambiente (Corema) da região do Atacama, no Chile, para a construção de um porto, a ser instalado a 80 quilômetros do município do Copiapó. O porto pertence à OMX Operações Marítimas — subsidiária do Grupo EBX, do empresário Eike Batista — e deverá entrar em operação em 30 meses. O investimento total é estimado em US$ 300 milhões.

SHOPPING TEM MELHOR NATAL DA DÉCADA E INVESTE R$ 6 BI

VENDAS EM SHOPPINGS CRESCEM 13% NO NATAL, NO MELHOR RESULTADO DA DÉCADA
Autor(es): Márcia De Chiara
O Estado de S. Paulo - 25/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/25/shopping-tem-melhor-natal-da-decada-e-investe-r-6-bi

Após crescimento de 13% em relação a 2009, setor vai construir mais 124 empreendimentos até 2013
O faturamento dos shoppings centers neste Natal, o melhor da década, cresceu 13% em relação ao do ano passado. O valor médio das compras também foi bem maior: variou entre R$ 80 e R$ 120, ante R$ 70 e R$ 110 em 2009. O ano registrou alta de 12% nas vendas, segundo pesquisa feita com 150 empresas de varejo, que reúnem 6,3 mil lojas. Na esteira dos bons resultados, o setor se prepara para dar um salto. Serão investidos R$ 6,331 bilhões até meados de 2013 para erguer 124 empreendimentos em todo o País. Nos próximos dois anos e meio, a meta é inaugurar mais de 40 shopping centers por ano, o dobro da média registrada desde 2005. Grande parte dos novos centros de compra será construída em cidades do interior. “Vamos ter um novo boom na indústria de shoppings", afirma o presidente da Associação dos Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun. Segundo ele, as medidas adotadas pelo governo para tirar o impulso do consumo não afetaram o Natal deste ano e só terão impacto no varejo a partir de meados de janeiro.


Depois de um ano excepcional, shoppings preparam novo ciclo de expansão, com R$ 6,3 bilhões em investimentos até meados de 2013

Depois do melhor Natal da década e de um ano excepcional de vendas, o setor de shopping centers se prepara para dar um salto. Serão investidos R$ 6,331 bilhões até meados de 2013 para erguer 124 novos empreendimentos no País. Nos próximos dois anos e meio, a meta é inaugurar mais de 40 shoppings por ano, o dobro da média registrada desde 2005. E grande parte dos novos shoppings será localizada em cidades do interior.
"Vamos ter um novo boom na indústria de shoppings", afirmou ontem o presidente da Associação dos Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, comemorando o resultado de vendas do Natal, com base numa pesquisa feita com 150 empresas de varejo, que reúnem 6,3 mil lojas espalhadas pelo País.
A pesquisa aponta que o faturamento dos shoppings neste Natal cresceu 13% em relação à mesma data de 2009 e superou a expectativa inicial, que era de um acréscimo de 10%. O valor médio das compras também foi bem maior: variou entre R$ 80 e R$ 120 neste Natal, ante R$ 70 e R$ 110 no do ano passado. Os segmentos do varejo que tiveram os maiores acréscimos de vendas foram os de óculos, bijuterias e acessórios (18%), seguido pelo de perfumaria e cosméticos (17%), e eletrônicos e eletrodomésticos (17%).
O ano dos shoppings termina com alta de 12% de vendas. "2010 foi extraordinário para os lojistas de shoppings", disse Sahyoun. Ele apontou o crescimento da renda, a redução de preços por causa do câmbio e o maior volume de importados, oferta abundante de crédito e ascensão das classes de menor renda como pilares do crescimento.
Os 744 shoppings em funcionamento no País venderam neste ano R$ 99,35 bilhões, mais de 15% do varejo brasileiro, sem computar a receita dos setores automotivo, de material de construção e de combustíveis. Para 2011, a expectativa dos shoppings é atingir vendas de R$ 110 bilhões e crescer 10%, mais que o dobro da alta esperada para o PIB, de 4,5%, para 2011.
Segundo Sahyoun, as recentes medidas do governo para tirar o impulso do consumo, aumentando os depósitos compulsórios do bancos, não afetaram o Natal e terão impacto no varejo a partir de meados de janeiro.
Mesmo assim, Sahyoun acredita que os motores que puxaram o consumo neste ano estarão ligados em ritmo acelerado em 2011. Tanto é que ele acredita num maior aproveitamento dos trabalhadores temporários. Neste ano foram contratados 130 mil pessoas, 13% a mais que no Natal de 2009. "Normalmente são efetivados 25%. Mas no ano que vem, por causa dos novos shoppings, a efetivação pode chegar a 30%", previu.
Comida. Não só os lojistas de shoppings fizeram as festa neste Natal. No Mercado Municipal de São Paulo, que reúne 290 permissionários, as vendas de alimentos aumentaram entre 25% e 30% na comparação com o de 2009. "O resultado foi surpreendente porque o público foi praticamente o mesmo. As pessoas é que gastaram mais", afirmou Manuel Dias Filho, presidente da Associação dos Permissionários.
O aumento das vendas ocorreu mesmo com alta de alguns preços e até a estabilidade de outros, caso do bacalhau. Rogério Pécora, dono do Imperador do Bacalhau, contou que os preços da castanha do Pará e de caju aumentaram entre 20% e 30% neste Natal porque os chineses começaram a importar o produto.

China vira a 5ª maior investidora do mundo

Autor(es): Jamil Chade
O Estado de S. Paulo - 25/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/25/china-vira-a-5a-maior-investidora-do-mundo

País comprou mais terras, jazidas e empresas nos últimos 4 anos e ganhou 13 posições no ranking dos maiores investidores globais

A China acelera seu avanço na compra de ativos, jazidas, terras e empresas pelo mundo, invertendo sua posição na economia. Ontem, a China anunciou que já se tornou a quinta maior investidora no planeta e que começa a deixar para trás o perfil apenas de ser um destino de recursos de multinacionais para também avançar em aquisições no exterior.
Dados oficiais do governo apontam que, entre 2006 e 2010, o país já investiu US$ 216 bilhões pelo planeta. Apenas em 2010, a compra de minas de ferro, de poços de petróleo, de empresas e de terras para plantar deve atingir US$ 50 bilhões.
O volume é 3,5 vezes superior ao que o governo havia estabelecido como meta em 2006. Com uma expansão em suas aquisições pelo mundo se elevando a um ritmo médio de 38,8% ao ano, a China passou de 18º maior investidor do planeta entre 2001 e 2005 para o 5º lugar.
Avanço na crise. Enquanto o fluxo de investimentos diretos no mundo esteve estagnado em 2010, o avanço chinês continuou, ainda que a uma taxa de um pouco mais de 10%. Em 2009, a China investiu no exterior US$ 43 bilhões.
Neste ano, um terço dos recursos foram usados para a aquisição de empresas no exterior. No total, foram US$ 17,5 bilhões usados na compra de empresas estrangeiras pelos chineses.
Grande parte está sendo usada para garantir não apenas importação de commodities. Mas na compra das próprias fontes do abastecimento de energia, minérios e alimentos. A meta, assim, é garantir que a taxa de crescimento chinesa não seja freada pela falta de matéria-prima.
A China se transformou em 2010 na segunda maior economia do mundo, no maior exportador do planeta. E, da Ásia à África, passando pela América Latina e até a Europa, o desembarque dos investimentos chineses já se faz notar de forma clara.
O avanço inclui desde minas de cobalto, cobre ou ouro na África, terras aráveis no Brasil, empresas à beira da falência na Europa ou poços de petróleo no Oriente Médio. Hoje, a China já investe por ano no exterior mais do que o Brasil recebeu no ano de 2010 de todos os seus parceiros internacionais, cerca de US$ 33,7 bilhões.
Os números chineses ainda estão distantes da liderança americana. Apenas em 2004, por exemplo, os americanos investiram mais que a China em todo os últimos cinco anos. Mas a diferença começa a cair de forma importante, principalmente depois da crise que atingiu a Europa e os EUA a partir de 2008. Em 2009, os americanos se mantinham ainda na liderança, seguidos por Franca, Japão e Alemanha.
Estratégia. Nos últimos dez anos, a China foi de forma sucessiva o mercado preferido de multinacionais no exterior, de olho no mercado consumidor local, mas especialmente em produzir a custos baixos e conseguir reexportar ao exterior de forma mais competitiva. Em 2010, a estimativa do governo chinês é de que receberá US$100 bilhões em investimentos estrangeiros.
Mas o governo chinês tinha outro plano: garantir que essa chegada de investimentos significasse também a transferência de tecnologia para, em um segundo momento, começar a buscar sua própria competitividade. Com reservas de US$ 2,6 trilhões e agora com tecnologia, o governo colocou em pratica uma política para incentivar empresas nacionais a investir no exterior.
Para os próximos cinco anos, a meta é a de acabar com a diferença entre os investimentos recebidos e os feitos no exterior e a ordem das autoridades é para que as empresas chinesas acelerem sua internacionalização. Até 2015, a esperança é que, para cada dólar que entra no país vindo de uma empresa estrangeira, uma companhia chinesa fará o mesmo no exterior.
Zonas industriais. O ministro do Comércio da China, Chen Deming, anunciou que, para 2011, o governo irá implementar novas medidas para facilitar a ida de empresas chinesas ao exterior, promover construtoras do país pelo mundo e estabelecer zonas industriais chinesas em terceiros países.
A China admite que isso deve ajudar a reduzir a tensão comercial com diversos governos que acusam Pequim de apenas exportar a seus mercados, sem nada em troca.
Mas, para a China, o avanço pelo mundo será o próximo passo natural de seu desenvolvimento econômico.


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