domingo, 19 de dezembro de 2010

Agronegócios

Agronegócio | 09/12/2010 | 18h50min
Rio Grande do Sul colhe a melhor safra de trigo da história
Bom momento do setor só é ofuscado por preços abaixo do esperado
Melina Fernandes l Porto Alegre (RS)

O Rio Grande do Sul colheu a melhor safra de trigo da história em produtividade. A qualidade do cereal também é superior aos anos anteriores. Mas os produtores reclamam que, quando tinha tudo para ser um bom momento, os preços estão muito abaixo do esperado.
Na padaria, é sempre a mesma choradeira.
– Está sempre aumentando, a gente tem que acostumar com o preço – lamenta a aposentada Eva Paula de Souza.
– Eu acho que cada vez vai aumentar mais – reforça Dorothy Callegari.
– Isso que a gente nem repassou o percentual que a gente pagou de aumento. A gente não repassou o aumento total, mas mesmo repassando em partes eu tenho clientes que ainda estão ligando pra cá, tentando negociar e tentando pechinchar e a gente tenta fazer isso também da melhor forma possível, porque a gente não pode perder clientes, né – afirma a gerente da padaria, Eveline Tomazi Vargas.
Na mesma padaria de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, teve que reajustar os preços em julho e até agora os consumidores reclamam. A quebra da safra da Rússia provocou uma alta nas cotações internacionais do trigo, e o valor da farinha também aumentou.
Os pães e outros produtos subiram, em média 6%, e só não foi mais porque a margem de lucro da empresa foi reduzida em 10%. O analista de mercado Élcio Bento explica que o mundo colheu nesta safra 40 milhões de toneladas a menos e o Brasil depende do grão estrangeiro, é o segundo maior importador mundial. Com a baixa oferta, Bento diz que os produtores daqui devem ser beneficiados, mas precisam esperar o momento certo para vender.
– Neste momento de ingresso de safra, como os preços estão em queda, então sazonalmente falando, temos produto entrando no mercado. Neste momento, os leilões de PEP são a melhor alternativa para comercialização, mas durante a entressafra existe sim espaço para recuperação – explica o analista.
É o que espera o agricultor Lauro Riedel. Ele plantou 100 hectares de trigo para panificação, na lavoura que fica em Santa Rosa, noroeste do Rio Grande do Sul. Riedel manteve a mesma área cultivada na safra passada, com a esperança de alta dos preços. Mas diz que os valores praticados no sul do Brasil nunca aumentam na mesma proporção das cotações internacionais:
Há três anos a gente comercializava a R$ 32 a saca. Hoje, a gente está lutando para ver se consegue a R$ 26 a R$ 27 a saca, mas está difícil.
Mas pelo menos, no que diz respeito à produtividade, Lauro Riedel só tem motivos para comemorar. Investiu em tecnologia e colheu 48 sacas por hectare, 25% acima da média no Estado, que já é a maior da história.
De acordo com o levantamento da Emater, a produtividade por hectare no Rio Grande do Sul aumentou em 15%, o que compensou a redução de 10% da área plantada. A safra gaúcha é de cerca de 1,8 milhão de toneladas.
– A gente teve um inverno, assim, bastante rigoroso, que potencializou o desenvolvimento vegetativo da cultura. E na fase de colheita, enchimento de grão e final de colheita, toda numa fase de baixa precipitação. A gente está conferindo nessa safra, em relação à produção, e principalmente em relação à qualidade do grão, que é excepcional – afirma o engenheiro agrônomo da Emater-RS Célio Colle.
O Brasil deve produzir este ano 5,5 milhões de toneladas de trigo, aumento de 10% em relação à safra passada.





Agricultura | 16/12/2010 | 18h11min

Valor da produção é o segundo maior em 20 anos
Estudos preliminares mostram que 2011 também poderá ser favorável para a agricultura
O Valor Bruto da Produção em 2010 está estimado em quase R$ 173 bilhões, valor puxado por produtos como cana-de-açúcar, café e laranja. Os dados são da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura.
Esse é considerado o segundo maior resultado desde 1989. O VBP de 2010 vai ser concluído com o levantamento de janeiro de 2011. Alguns produtos como a cebola, batata-inglesa e banana apresentaram desempenho positivo. As maiores quedas no valor da produção ocorreram na uva, amendoim, arroz, fumo e feijão.
Estudos preliminares mostram que 2011 pode ser favorável para a agricultura. O valor bruto da produção estimado é de R$ 185,2 bilhões, 7% a mais que o resultado deste ano.



Pesquisa | 17/12/2010 | 10h17min
Pesquisa agrícola vive revolução tecnológica
Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar, café em grãos e suco de laranja e alcança, também, a primeira posição nas vendas de carnes bovina e de frango, etanol e tabaco
A adoção de tecnologias desenvolvidas pela pesquisa agrícola contribuiu para o país se consolidar no mercado internacional. O Brasil já é o maior produtor e exportador de açúcar, café em grãos e suco de laranja e alcança, também, a primeira posição nas vendas de carnes bovina e de frango, etanol e tabaco. Na avaliação do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, boa parte do sucesso brasileiro no mercado mundial de alimentos deve-se ao trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
– O governo Lula fez uma aposta firme e alavancou a Embrapa – afirma.
Ele ressalta que as ações desenvolvidas pela empresa têm colaborado para o desenvolvimento do agronegócio. Um dos alicerces dessa política de reforço da pesquisa está no Programa de Fortalecimento e Crescimento da Empresa (PAC Embrapa), criado em abril de 2008, que atua em quatro áreas: pesquisa e transferência de tecnologia, recursos humanos, infraestrutura e inovação institucional. 
– Esse programa contribuiu para colocar o Brasil, mais uma vez, num patamar competitivo, por meio da geração de conhecimentos e de transferência de tecnologias – ressalta o presidente da Embrapa, Pedro Arraes.
Arraes destaca que a pesquisa contribuiu, de forma decisiva, para a revolução da agricultura brasileira.
– Ela está embutida em todas as etapas, seja na semente, no insumo ou no maquinário a ser utilizado – lembra. Segundo o presidente da Embrapa, nos últimos dois anos, foram investidos R$ 351,8 milhões. Somente em 2010, foram aplicados R$ 220,7 milhões e, em 2011, serão destinados mais R$ 84,2 milhões. O orçamento do PAC Embrapa deverá alcançar R$ 656,7 milhões em quatro anos.
Metas
O programa prevê 141 metas, sendo que 127 serão atingidas até o fim de dezembro, e 14, no próximo ano, incluindo a adequação de laboratórios para atender às normas de qualidade e segurança. Além disso, serão criadas linhas de pesquisa e três unidades da Embrapa nos municípios de Sinop (MT), Palmas (TO) e São Luís (MA). Nos últimos anos, também foram inauguradas as unidades de Agroenergia, de Estudos e Capacitação e de Quarentena Vegetal. Com isso, são 42 centros de pesquisa e quatro unidades de serviço no país.
A área de infraestrutura recebe a maior parte dos investimentos do programa e inclui ações para a criação de novos centros, recuperação e ampliação das áreas existentes, adequação de laboratórios a normas internacionais de qualidade, adequação ambiental das instalações da Embrapa e a compra de bens e equipamentos para pesquisa. 
Obras
Entre 2008 e 2009, foram contratadas mais de 150 obras e serviços de engenharia em todas as unidades, que contemplam desde a ampliação das instalações de suporte à pesquisa da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Aracaju (SE), até o Abatedouro Experimental de Bovinos e Ovinos, em Bagé (RS).
Na capacitação de funcionários foram aplicados, desde 2008, R$ 14,2 milhões. A maior parte dos recursos foi destinada ao programa de pós-graduação de pesquisadores e analistas, que inclui treinamentos em novas áreas da ciência, realizados em instituições nacionais e estrangeiras. Também são oferecidos treinamentos para todo o quadro técnico e aos gestores, com o objetivo de melhorar a eficiência da empresa, aumentando o seu capital intelectual.
No período de 2003 a 2010, dois fatores contribuíram especialmente para que a Embrapa pudesse atender aos desafios do processo de desenvolvimento da agricultura brasileira: o orçamento passou de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,8 bilhão e o quadro de funcionários ampliou-se de 8,6 mil, em 2007, para 9,8 mil, em 2010, em especial o número de pesquisadores, que passou de 2,3 mil para três mil, no mesmo período.


História Econômica
Do USP Online
Acontece, na segunda-feira (13), o seminário Mercado Pontual: atuação estatal na formação da feira de gado de Três Corações (1900-1920), na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, localizada na Av. Prof. Luciano Gualberto, 908, Cidade Universitária, São Paulo.
O evento faz parte do Programa de Seminários em História Econômica do Hermes e Clio, Grupo de Estudos e Pesquisa em História Econômica da FEA.
Ministrado pelo professor Alexandre Macchione Saes, da FEA, o seminário ocorre das 14 horas às 16h30, na sala 19 do prédio FEA-2.
O evento é gratuito e aberto a todos os interessados.
Mais informações: (11) 3091-5802, site www.usp.br/econ



Agricultura | 11/12/2010 | 10h40min
Inclusão do café do Brasil em NY é vitória da cafeicultura nacional, diz Guilherme Braga
Bolsa nos EUA passará a incluir o grão brasileiro, preparado por via úmida, para liquidação dos contratos futuros a partir do vencimento de março de 2013
Tomas Okuda
O diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), Guilherme Braga, considerou uma vitória da cafeicultura brasileira o anúncio do Conselho de Administração da Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que passará a incluir o grão brasileiro, preparado por via úmida, para liquidação dos contratos futuros a partir do vencimento de março de 2013.
Braga considerou, no entanto, "exagerado" o diferencial de US$ 0,09 por libra-peso abaixo do par (fechamento do contrato mais líquido) para o café brasileiro. O café colombiano, por exemplo, tem diferencial acima do par. O representante dos exportadores, no entanto, minimiza a decisão sobre o diferencial, alegando que entende a medida da bolsa como precaução. O objetivo é tentar tranquilizar outros países contra o receio de que o Brasil possa 'inundar' o mercado com o produto.
Segundo Braga, não há condições de os produtores brasileiros mudarem a estrutura produtiva de um dia para outro, fazendo todo o preparo do café por via úmida. O processo exige investimento em tecnologia, a colheita tem de ser seletiva, implicando maiores custos com mão de obra, tempo curto, fora gastos com água, entre outros fatores, "que limitam o crescimento rápido do preparo por via úmida", explica Braga. Estima-se que na safra atual, de cerca de 47 milhões de sacas, apenas quatro milhões a cinco milhões de sacas teriam sido preparadas pela via úmida. A maior parte é preparada por via seca, em terreiros.
Braga ressalta que agora começa uma nova etapa.
– Uma vez incluído na bolsa, o país deve mostrar agora que a estrutura de custos e a qualidade, entre outros atributos, não justificam esse diferencial – comenta.
A bolsa faz revisões periódicas dos diferenciais e a tendência é estreitar o deságio para o grão brasileiro ao longo dos anos.
O diretor geral do Cecafé informou, ainda, que a entidade conduziu a iniciativa de inclusão do café brasileiro desde o início do processo, em 2005. Na ocasião, uma delegação brasileira, liderada pelo exportador Jorge Esteve Jorge, entregou o pleito formal ao conselho da bolsa. O consultor Carlos Brando apresentou estudo consistente sobre a cafeicultura brasileira. O especialista Silvio Leite defendeu a qualidade da bebida brasileira. Foram cerca de oito meses de estudos, em audiências públicas, inclusive com a participação de países concorrentes.

Ambiente | 10/12/2010 | 12h20min

BNDES adquire ações de empresa especializada em manejo sustentável de florestas nativas
Sócios originais da companhia permanecem como acionistas minoritários
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio de sua subsidiária Bndespar, adquiriu participação acionária na empresa Amata, do setor florestal, especializada no manejo sustentável de florestas nativas. A operação do banco foi feita em parceria com fundos de investimentos nacionais e o fundo alemão Aquila.
O anúncio foi feito nessa quinta, dia 9, pelo banco, que deterá, individualmente, cerca de 13% do capital total da Amata, com direito à indicação de um representante no Conselho de Administração da empresa. Os sócios originais da companhia permanecem como acionistas minoritários.
– Na verdade, nenhum dos acionistas vai deter mais do que 50%. O conjunto de investidores vai tomar as decisões em conjunto com os próprios acionistas atuais, que vão continuar na gestão da empresa – disse o gerente de Renda Variável do Departamento de Operações da Área de Meio Ambiente do BNDES, Fernando Rieche. 
Rieche disse que o objetivo do banco ao adquirir a participação na Amata foi a de mostrar para o mercado a necessidade da certificação da madeira e a responsabilidade socioambiental.
A compra pretende também sinalizar para a adoção de melhores práticas de governança corporativa na empresa e salientar o conceito de uso múltiplo da floresta.
– Do ponto de vista ambiental, é prioridade para o banco, que já tem atuado na área ambiental há algum tempo.
O gerente disse que a operação vai complementar as ações que o BNDES já vem realizando na Amazônia, por intermédio do Fundo Amazônia, para combater o desmatamento por meio de financiamentos com recursos não reembolsáveis.
O investimento também tem objetivo econômico.
– A gente está em uma atividade produtiva, cujo objetivo é gerar retorno econômico para os investidores. Mas, aliar isso à questão da responsabilidade socioambiental e da exploração de tudo que a floresta tem a oferecer.
Rieche informou, ainda, que a Amata vai explorar também o conceito de contínuo florestal, que abrange a exploração do manejo sustentável florestal na Amazônia e o plantio de espécies nativas e exóticas em outras regiões degradadas. Com essa participação na Amata, o banco pretende incentivar as demais empresas do setor florestal a adoção de práticas ambientais responsáveis.



Setor de alimentos pode reutilizar resíduos da agroindústria
Caio Rodrigo Albuquerque, email caiora@esalq.usp.br, da Assessoria de Comunicação da Esalq
Resíduos da agroindústria podem substituir compostos sintéticos atualmente utilizados
Resíduos da agroindústria alimentícia podem servir como fontes ricas de compostos bioativos. Uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mostrou que esses materiais podem conter antioxidantes e compostos antimicrobianos naturais que podem ser utilizados pela indústria de alimentos.
De acordo com Priscilla Siqueira Melo, formada em Ciências dos Alimentos e uma das autoras do estudo, pesquisas têm revelado que os antioxidantes sintéticos utilizados atualmente pela indústria de alimentos podem apresentar danos à saúde humana dependendo da dose e do tempo de exposição. Por isso, o projeto pretende fornecer subsídios à indústria de alimentos para a utilização de antioxidantes naturais.
“Os resíduos da agroindústria podem ser considerados fontes potenciais desses compostos, de modo que, ao serem aproveitados, resultam em maiores ganhos econômicos, diminuindo simultaneamente o impacto do seu descarte no ambiente”, conta Priscilla. A pesquisadora analisou resíduos oriundos do processamento vinícola, de tomate, de goiaba e do setor cervejeiro.
Resíduos descartados são potentes antioxidantes e antimicrobianos
Compostos encontrados
A pesquisa avaliou a atividade antioxidante por quatro diferentes métodos in vitro e a atividade antimicrobiana, além de identificar, por cromatografia gasosa com espectrometria de massas (CG-EM), os compostos bioativos. As análises confirmaram que potentes antioxidantes são descartados em grande quantidade durante as cadeias produtivas agroindustriais, já que a maior parte das amostras analisadas, particularmente os resíduos vinícolas, é rica em compostos bioativos. O perfil químico das amostras revelou que a epicatequina foi o composto majoritário presente tanto nos extratos etanólicos quanto aquosos de todos os resíduos vinícolas. Já para os bagaços de goiaba e tomate, a quercetina foi o composto predominante. Outros compostos como ácido gálico, ferúlico, caféico, vanílico, sinápico, resveratrol e siríngico também foram identificados.
“Diante disso, esses resíduos podem ser considerados uma fonte barata e amplamente disponível para extração de compostos antioxidantes. Esses, por sua vez, são passíveis de serem incorporados nas indústrias alimentícia, cosmética e farmacêutica, sob evidente respaldo de estudos de extração em escala industrial e aplicação, gerando, assim, maiores ganhos econômicos e menores impactos ambientais”, aponta a pesquisadora.
Pesquisa em andamento
Concluído o trabalho de Priscilla, as amostras de maior poder antioxidante estão sendo fracionadas por técnicas cromatográficas e o composto químico de interesse isolado a fim de elucidar as substâncias responsáveis pela atividade antioxidante verificada nos ensaios anteriores. Esta nova etapa contempla um projeto de doutorado, atualmente desenvolvido no Laboratório de Bioquímica e Análise Instrumental da Esalq. Os resultados deste estudo já foram apresentados em 2009 no 8º Simpósio Latino Americano de Ciência de Alimentos, em Campinas, e, em 2010, nos eventos IFT Annual Meeting and Food Expo, em Chicago e 25th International Conference on Polyphenols, em Montpellier, na França.
O material utilizado para a pesquisa foi coletado em diversas partes do País. Os da indústria vinícola (bagaço, engaço e borra da fermentação) foram adquiridos em Bento Gonçalves (RS) e Petrolina (PE), em parceria com a Embrapa Uva e Vinho e Embrapa Semi-Árido, respectivamente. Os bagaços de tomate e goiaba foram coletados em Monte Alto (SP), e o bagaço de malte foi proveniente de uma cervejaria em Jacareí (SP).
A pesquisa Prospecção e identificação de compostos bioativos de resíduos agroindustriais para aplicação em alimentos e bebidas foi realizada como parte do programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Esalq e teve o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Imagens cedidas pelo pesquisador

Agronegócio | 15/12/2010 | 10h20min

Produtividade cresce 5,8% em oito anos no Brasil
País produz mais alimentos em área que se mantém constante
Em 2003, a área plantada com grãos era de 40 milhões de hectares. Oito anos depois, essas culturas ocupam 47 milhões de hectares, crescimento de 17,5%. Na previsão da próxima safra agrícola, essa área praticamente se conserva, apesar do aumento previsto da produção. Isso significa que o Brasil produz mais alimentos numa área que se mantém constante – ou seja, o crescimento das safras se deve ao aumento da produtividade.
O índice médio de produtividade das 14 principais lavouras passou de 2,8 mil kg/ha, em 2003, para 3,1 mil kg/ha, em 2010 – crescimento de 12%. Uma medida mais abrangente da evolução da produtividade considera todos os produtos agropecuários (lavoura e pecuária) e todos os insumos.
– Nesse caso, a produtividade tem crescido a uma taxa anual de 5,8% nos últimos oito anos – observa José Gasques, coordenador de Planejamento Estratégico do Ministério da Agricultura.
O desenvolvimento do setor se explica pela modificação dos processos e técnicas de produção, que hoje incorporam o conhecimento científico e tecnologias de ponta, apontadas entre as mais avançadas do mundo. Isso permite produtividade ainda maior, com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que vem contribuindo para a adaptação das culturas às mais diversas condições de clima e solo, e dos procedimentos adotados na atividade agropecuária.
O bom desempenho do agronegócio brasileiro é resultado também da capacidade empreendedora dos produtores, que superaram as condições e adaptaram-se às novas tecnologias, melhorando a cada ano seu sistema de produção, com a utilização de máquinas e adoção de sementes mais produtivas.
Mais crédito
Além do fator tecnológico e das boas condições climáticas, ações governamentais apoiaram o avanço da produção de alimentos, com a concessão de crédito agrícola de baixo custo e o fortalecimento e integração das cadeias produtivas agropecuárias. O crédito beneficiou a produção agropecuária empresarial nas áreas de investimento, custeio e comercialização. Os financiamentos concedidos saltaram dos R$ 30 bilhões, em 2003, para R$ 84,4 bilhões, em 2009/2010. Um incremento superior a 181%. E para a atual safra 2010/2011, os recursos chegam a R$ 100 bilhões. Um recorde histórico.
 – O crédito rural ainda é importante instrumento de apoio ao agricultor e, nesse sentido, o governo não tem deixado faltar recursos para a produção e a comercialização. O volume de crédito tem sido crescente ao longo de todo esse período, mesmo em tempo de crise de liquidez, como ocorreu em 2008 – destaca o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães.
Com o aprimoramento da política de crédito, o governo inovou no planejamento da safra 2002/2003 ao condensar diversas linhas de financiamento em grupos de programas, com o objetivo de facilitar o acesso do agricultor aos recursos. Naquela safra ocorreu a possibilidade de redistribuição dos investimentos entre os diversos programas de investimento, favorecendo a aplicação.
Nos três primeiros anos do governo Lula, de 2003 a 2005, houve um aumento significativo na oferta de crédito para o meio rural. A aplicação dos recursos promoveu a modernização da atividade e o acesso a tecnologias de padrão mais elevado, favorecendo a redução do risco e o aumento da competitividade. Nesse período, além de aumentar o volume de crédito, o governo garantiu mais agilidade para que os financiamentos chegassem a tempo aos agricultores e reduziu as taxas de juros.
Novos instrumentos
Ainda no contexto de aperfeiçoamento da política agrícola, também destaca-se a criação de instrumentos privados de financiamento do agronegócio nos anos de 2004 e 2005. São os chamados títulos de crédito do agronegócio: Certificado de Depósito Agropecuário e o Warrant Agropecuário (CDA/WA), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). O objetivo foi atrair poupança interna e externa para aplicação na produção, processamento e comercialização, ou seja, em toda a cadeia dos produtos do agronegócio.
A evidência do êxito desses instrumentos pode ser constatada no volume de operações realizadas desde a sua criação, há cinco anos. Foram distribuídos, num total acumulado de R$ 238 bilhões, 59.196 títulos registrados na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa) e na Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip).
Com relação aos gastos do governo federal para o apoio à comercialização e sustentação de preços, desde 2003 até setembro de 2010 foram alocados R$ 13,6 bilhões para a comercialização de 78 milhões de toneladas algodão, arroz, café, feijão, mandioca, milho, trigo, soja, entre outras.
– Hoje, o setor agrícola encontra-se numa situação muito mais favorável do que em 2002 – avalia Silvio Porto, diretor de Política Agrícola e Informações, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Ele considera que o governo fez bem ao voltar a atuar efetivamente no mercado, com a sustentação de preços de produtos agrícolas, e dando aporte na remuneração do agricultor.
– Elevamos significativamente os preços mínimos, o que permite pagar a diferença do preço de mercado em relação ao preço mínimo utilizando os instrumentos da subvenção, no caso o Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) ou Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), ou fazendo as aquisições para a formação de estoques públicos por meio do AGF (Aquisição do Governo Federal) e dos Contratos de Opções de Venda – explica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário