Uso da capacidade na construção atinge 88%

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Autor(es): Ana Luísa Westphalen | De São Paulo

Valor Econômico - 23/09/2010

O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de materiais de construção avançou para 88% em setembro, após sete meses de estabilidade, e se aproxima da casa dos 90%, considerado um patamar crítico pelo setor. "A partir de 91%, 92%, passa a complicar e há preocupação de que falte produtos", alerta Melvyn Fox, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat). Considerando o atual nível de utilização, o executivo acredita que a demanda será cumprida e que os investimentos em expansão de capacidade estão sendo suficientes para atender ao crescimento da demanda. No entanto, ele não afasta a possibilidade de faltas pontuais de alguns produtos no mercado, como já ocorreu recentemente com o cimento. O presidente da Abramat destaca que entre 75% e 80% das empresas do setor elevaram suas intenções de investimento nos próximos sete meses, tendo em vista as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minha Casa, Minha Vida, e, principalmente, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. A perspectiva é que a indústria de materiais de construção praticamente dobre o faturamento entre 2009 e 2016, de R$ 96 bilhões para R$ 188 bilhões. Sobre eventual inflação de demanda no período, Fox disse acreditar que os preços dos materiais, em geral, devem ser mantidos. Já os valores da construção, que incluem gastos com mão de obra, devem subir. De acordo com dados da Abramat até julho, a indústria de materiais de construção já supera em 1% o desempenho registrado no acumulado nos primeiros sete meses de 2008, com faturamento mensal estimado em R$ 8,5 bilhões. "Isso mostra a plena recuperação da indústria, impulsionada pelos setores imobiliário e de infraestrutura", destaca a economista Ana Maria Castelo. Para este ano, ela projeta uma elevação nas vendas de até 15% em relação ao ano passado. Para 2011, caso seja mantida a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor até o fim deste ano.