sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Europa e as potências em ascensão

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/17/europa-e-as-potencias-em-ascensao
Autor(es): Grigory Nemyria
Valor Econômico - 17/09/2010
As potências emergentes do mundo - Brasil, China, Índia e Rússia - insistem na primazia dos seus interesses nacionais, como mostraram as fracassadas negociações sobre o clima em dezembro, e também na liberdade da ação soberana.
O centro de gravidade do mundo está rumando para o leste com tamanha velocidade que nós europeus quase podemos sentir a terra se movendo sob os nossos pés. Considerando que quase todos os principais atores no cenário internacional estão redefinindo as suas atuações em resposta a esse deslocamento tectônico, a Europa deve fazer o mesmo. Portanto, é apropriado que o Conselho de Ministros da Europa se reúna para enfrentar esse desafio.
Por décadas, porém, os europeus estiveram mais preocupados com os ajustes constitucionais e da unificação do que com a diplomacia tradicional. As rivalidades históricas da Europa, certamente, foram civilizadas para se moldarem a um modelo político que diplomatas europeus muitas vezes consideram ser aplicável a toda a arena internacional.
Com certeza, consenso, acordo e uma fusão de soberanias são as únicas formas de resolver grande parte dos temas importantes - mudança climática, proliferação nuclear - que atormentam o nosso mundo. Nos grandes temas da guerra, paz e o equilíbrio de poder, porém, a Europa parece estar presa entre uma política externa insuficientemente coesa e a incerteza entre países individuais sobre como definir e assegurar seus interesses nacionais.
Por outro lado, as potências emergentes do mundo - Brasil, China, Índia e Rússia - insistem não só na primazia dos seus interesses nacionais, mas, como demonstraram as fracassadas negociações sobre o clima em Copenhague em dezembro, também sobre a liberdade da ação soberana. Para eles, geopolítica não é anátema. É a base de todas as suas ações externas. A defesa do interesse nacional ainda aglutina os seus públicos; o exercício do poder continua no centro dos seus cálculos diplomáticos.
Diante dessa nova/antiga realidade, a Europa deve não só meramente se fazer ouvir nos temas globais de peso dos desequilíbrios comercial e fiscal, por importantes que sejam. Em vez disso, a Europa precisa reconhecer quais dos seus ativos estratégicos importam para as potências ascendentes do mundo e alavancar esses ativos para ganhar mais.
Infelizmente, um dos ativos mais estratégicos da Europa - os países europeus, em especial a Ucrânia, que cobre os grandes corredores de energia que vão suprir mais e mais recursos de combustíveis fósseis do Oriente Médio e Ásia central para o mundo - é provavelmente o mais negligenciado. Realmente, desde a guerra de 2008 entre Rússia e Geórgia, a Europa geralmente desviou sua vista dos acontecimentos na região. Essa negligência é injustificável e perigosa. Os países que ficam entre a União Europeia (UE) e a Rússia não são apenas uma fonte de concorrência geopolítica entre Europa e Rússia, mas hoje se cruzam com os interesses nacionais das potências ascendentes do mundo, especialmente a China. [Olha o grau: a nação moderna é "um ativo estratégico". Também dizem que é o oitavo álbum do Sepultura, lançado em 2001. Mas este som o E. Renan não chegou a ouvir, porque, muito educadinho, não ia aos campos de batalha. Já a Europa, pelo que deriva do texto, é o "mundo": uma "fusão de soberanias", que civiliza os outros. Isto é, media ou impele a constituição de nações, que ficam sob a sua órbita "diplomática". Realmente, nada define melhor uma nação do que "um ativo estratégico" para o Imperialismo. De tirar o chapéu. Chamar a Ucrânia de ativo estratégico para a Europa é de um descaramento! que marravilha. Ao que parece, ao colocar a coisa nestes termos, o analista quer falar numa "linguagem que os países emergentes entendam". Ai. O economicismo, o personalismo, o imediatismo; o preconceito. Queria que ele estivesse errado. Produtos primários, mas sem monopólio de fornecimento nem de extração; sem estatização. Só não entendi porque os preços, neste modelo errado, bárbaro, serão baixos. Por que se destinam a mercados de baixo rendimento, como a Rússia e a China? Comercializar com o "mundo" significa o contrário? Liberalismo e prosperidade! Muito bom.]
A guerra entre Rússia e Geórgia mostrou exatamente quanto essa região interessa para o mundo mais amplo. Na sua esteira, a China iniciou um esforço sistemático para fortalecer a independência dos ex-países soviéticos oferecendo enormes pacotes de ajuda. Países da Bielorússia ao Cazaquistão se beneficiaram com o apoio financeiro chinês.
A China se interessa pela região não só porque está preocupada com a manutenção dos acertos pós-Guerra Fria por toda a Eurásia, mas também porque ela reconhece que ela proverá as rotas de trânsito para grande parte da riqueza energética do Iraque, Irã e a Ásia Central. De fato, a China vem despejando bilhões de dólares no desenvolvimento de campos de gás e petróleo do Iraque e do Irã.
De volta à Europa, dois países - Turquia e Ucrânia - estão cada vez mais alienados da UE. Para a Turquia, as tensões refletem a falta de progresso no pedido do país para ser aceito como membro da UE.
A Ucrânia é outra questão. Até Viktor Yanukovich conquistar a presidência do país com grande estardalhaço no começo do ano, a Ucrânia estava se tornando enfaticamente europeia na sua orientação. Agora, Yanukovich parece determinado, pelo mais tacanho dos motivos, a enfraquecer a Ucrânia fatalmente na condição de país de trânsito de energia. Realmente, sua artimanha mais recente é uma tentativa de vender os dutos de trânsito da Ucrânia à Gazprom da Rússia em troca de gás a preços baixos.
Essa ideia é tola econômica e estrategicamente. As indústrias da Ucrânia precisam se modernizar, não se tornar mais viciadas em gás barato, e o trânsito do gás se tornará quase tão monopolista quanto o fornecimento do gás - uma perspectiva deplorável, considerando-se as interrupções passadas no abastecimento de gás entre Rússia e Europa.
Além disso, a política na Ucrânia está se fraturando. Está em curso uma caça às bruxas contra políticos da oposição. Jornalistas militantes desaparecem sem deixar rastro. O maior barão da mídia do país, que por coincidência é chefe da segurança nacional, amplia seu império de mídia desacatando os tribunais. O desmantelamento sistemático das instituições democráticas da Ucrânia promovido por Yanukovich está causando danos ao potencial do país como um ativo estratégico europeu.
Hoje, a arte da diplomacia é traduzir poder em consenso. Isso requer melhores relações com todas as potências em ascensão do mundo. Mas implica também, acima de tudo, uma visão unificadora, não só a que diz respeito aos desafios que afetam todos os países - proliferação de armas, terrorismo, epidemias, e mudança climática, por exemplo - mas também a que se refere aos seus próprios ativos estratégicos. Se a UE pretende elaborar uma política bem sucedida voltada para as potências emergentes mundiais, ela precisa falar numa linguagem estratégica que eles entendem.


Brasil é prioridade em pacote dos EUA para exportação

Autor(es): Denise Chrispim Marin
O Estado de S. Paulo - 17/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/17/brasil-e-prioridade-em-pacote-dos-eua-para-exportacao

Governo Obama lança várias medidas para dobrar vendas externas até 2015; países dos Brics são alvo principal da iniciativa
Com o consumo doméstico ainda estagnado, o governo dos Estados Unidos definiu ontem oito prioridades para a elevação das exportações como meio de promover a recuperação econômica.

Ao receber o plano para dobrar as exportações até 2015, o presidente Barack Obama não escondeu a preocupação com a criação de postos de trabalho em um país no qual a taxa de desemprego não cedeu nos últimos meses e alcançou 9,6% em agosto.

O anúncio do novo plano deu-se poucas horas antes de o Senado aprovar o pacote do governo para estimular as pequenas e médias empresas. Entre as medidas, estão a concessão de benefícios fiscais e a criação de um fundo de US$ 30 bilhões para o financiamento do setor. Essa era uma das principais iniciativas da Casa Branca para injetar mais ânimo na produção e no comércio interno do país.

"Mais companhias americanas exportarão, mais elas produzirão. Quanto mais produzirem, mais pessoas contratarão. Isso significa mais empregos - bons empregos que, frequentemente, pagam salários em torno de 15% acima da média", afirmou Obama, em linguagem professoral. [Aí têm que me dizer os economistas se o dólar vai sustentar-se ou depreciar-se, afinal. Do ponto de vista da periferia, diríamos que, para incentivar as exportações, permanecerá rebaixado. Mas isto, em se tratando de EUA, quer dizer, da associação de chão de fábrica e cúpula de inovação, não deve ser a mesma coisa.]

O plano tem no Brasil, na China e na Índia os principais alvos. Os três mercados são mencionados como essenciais em quatro das oito prioridades definidas - a realização de mais missões comerciais, o aumento do financiamento do Ex-Im Bank a obras de infraestrutura no exterior, a assistência a exportadores americanos para conquistar novos mercados e a redução das barreiras a produtos "Made in USA".

Além dessas iniciativas, o plano prevê a expansão das linhas de crédito para a produção voltada às exportações, o estímulo para que pequenas e médias empresas expandam seus embarques ao exterior, a promoção das vendas de serviços, a melhoria das condições macroeconômicas e o reforço da advocacia comercial, para desmantelar barreiras resultantes da falta de transparência, do favorecimento e da corrupção em vários mercados.

Salto. A iniciativa de elevar as exportações americanas foi anunciada há seis meses, quando Obama fez seu relato ao Congresso sobre o Estado da União. A meta envolve um salto nas exportações de US$ 1,571 trilhão em 2009 para US$ 3,142 trilhões em 2015. Nas contas do Departamento de Comércio, o objetivo dependerá de um aumento médio de 15% nos embarques por ano. Obama acentuou ontem que se trata de uma meta que "pode ser alcançada" - apesar de, entre janeiro e julho, as exportações americanas terem recuado 7,2% ante igual período de 2009.

A equipe que elaborou o plano detectou que, entre 2004 e 2008, o número de empresas exportadoras dos EUA aumentou de 233 mil para 289 mil. Entretanto, há dois anos, 58% delas exportavam apenas para um único país. [Qual? Que mistério é esse? Seria o México?]


PRINCIPAIS MEDIDAS

Missões comerciais
Uma das prioridades do governo é aumentar a quantidade de missões comerciais ao redor do mundo, com destaque para Brasil, Rússia, Índia e China

Financiamento
Por meio do Ex-Im Bank, EUA querem elevar financiamentos a obras de infraestrutura em outros países

Guerra comercial
País quer se organizar melhor para derrubar barreiras aos produtos americanos no mundo

Apoio a exportadores
Governo promete apoiar mais fortemente os exportadores

Brasil é alvo de programa americano de exportação

Autor(es): Alex Ribeiro
Valor Econômico - 17/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/17/brasil-e-alvo-de-programa-americano-de-exportacao
O Brasil é um dos mercados prioritários dos Estados Unidos dentro do pacote detalhado ontem pelo governo Barack Obama que visa dobrar as exportações em cinco anos. Com isso, o Brasil receberá atenção especial dos americanos para receber financiamentos, nas negociações para a abertura de mercados e nos esforços de promoção comercial.
O Brasil é citado 25 vezes no relatório de 74 páginas entregue a Obama por técnicos que trabalham no esforço para fazer com que as exportações americanas, que em 2009 somaram US$ 1,57 trilhão, cheguem a US$ 3,14 trilhões em 2015. Só a China, com 34 menções, é mais lembrada no relatório do que o Brasil.
Em janeiro, no discurso que os presidentes americanos fazem à nação, Obama lançou o ambicioso projeto de duplicar as exportações dos Estados Unidos, como forma de criar novos empregos e reduzir os altos déficits comerciais do país, que são apontados como uma das causas da atual crise econômica. A ideia é que a economia fique um pouco menos dependente de seu próprio consumo doméstico e que a demanda externa seja uma das locomotivas do crescimento.
Ontem, em reunião com exportadores, Obama disse que já há progressos. "Estamos muito satisfeitos de ver que as exportações cresceram 18% em relação ao ano passado", disse Obama. "As exportações de manufaturados subiram 20%." Nos últimos meses, porém, as exportações perderam fôlego.
Além disso, apesar da alta das exportações, o déficit externo americano voltou a subir mais recentemente, em virtude da expansão ainda mais vigorosa das importações. Estatísticas oficiais divulgadas ontem mostram que o déficit em conta corrente, que inclui as principais transações comerciais e de serviços com o exterior, cresceu 13% do primeiro para o segundo trimestre, chegando a US$ 123,3 bilhões. As exportações cresceram 3,6% no período, mas as importações tiveram expansão de 6,3%, puxadas sobretudo por bens de consumo duráveis como carros e computadores.
Analistas dizem que será difícil atingir a meta de dobrar as exportações em cinco anos. Para isso, as vendas externas teriam de crescer cerca de 15% ao ano, sendo que não se espera uma forte demanda mundial nos próximos anos.
Uma das formas para aumentar as exportações, afirma o relatório, é a China, a Alemanha e o Japão aumentarem suas importações. "A China precisa se mover muito mais rápido para permitir que as forças de mercado corrijam a subvalorização do yuan", diz o texto. Da Alemanha e o Japão, os Estados Unidos cobram medidas para ampliar o consumo e investimento nesses países, como estímulos fiscais.
Sobre o Brasil, o relatório faz referência ao forte crescimento do país, que cria oportunidades de exportação. "O Departamento do Comércio identificou os países cujo crescimento deverá aumentar substancialmente nos próximos 12 meses (Brasil, India e China) para direcionar a eles as suas missões comerciais", afirma do relatório. No texto, também é apontado um segundo grupo de economias emergentes dinâmicas que merecem atenção especial, incluindo economias como Colômbia, Africa do Sul, Turquia e Vietnã.
O Brasil se tornou prioridade, diz o relatório, do banco que financia exportações de empresas americanas, o Eximbank, ao lado de outras oito economias, como o México, a Índia e a Nigéria. Na exportação de serviços, o foco são os turistas brasileiros que visitam os Estados Unidos. Uma da propostas é facilitar o acesso para que brasileiros entrem com pedidos de vistos nos consulados americanos.


43,6 millones de personas viven en la pobreza en Estados Unidos

17/09/2010
EFE

Estados Unidos alcanzó en 2009 la mayor cifra de pobres registrada hasta el momento, 43,6 millones de personas, uno de cada siete habitantes, que viven en condiciones de escasez económica, según informó ayer la Oficina del Censo.
Los datos revelan que los estragos de la crisis financiera en la primera economía mundial hizo escalar el número de pobres hasta niveles superiores a los registrados en 1959, cuando se comenzó a elaborar el censo y la cifra rozaba las 40 millones de personas.
En términos proporcionales, la pobreza afecta al 14,3 por ciento de la población, un índice que no se alcanzaba desde 1994 y que muestra un aumento significativo en el plazo de un año, ya que en 2008 esta tasa se situaba en el 13,2 por ciento de la población.


Là où le Brésil va...

17/09/2010
Le Monde
Renaud Lambert

C’était il y a une éternité.

1982. Ronald Reagan effectue sa première visite au Brésil en tant que président des Etats-Unis. A son arrivée, il déclare, devant l’assemblée médusée : « Je suis ravi d’être en Bolivie. »

1998. Ravagé par sa troisième crise économique en quatre ans, le Brésil se résout à accepter une nouvelle intervention du Fonds monétaire international (FMI) : ce sera l’un des plus importants programmes d’aide de l’histoire, 42 milliards de dollars.

2000. Facétieux, l’hebdomadaire britannique The Economist interroge : « Pouvez-vous donner le nom d’une multinationale brésilienne ? Difficile, non ? Plus encore que de nommer un Belge célèbre. »

Et puis les choses ont changé.

La multinationale brésilienne Vale caracole désormais en tête du peloton des producteurs d’acier mondiaux. L’avionneur Embraer talonne les géants Boeing et Airbus. Les rythmes de la samba syncopent le concert des nations : on écoute le Brésil, et pas uniquement pour sa musique, d’Haïti en Afrique, du Honduras à l’Iran. Les pythies de la Banque mondiale prédisent que, d’ici à 2014, l’économie brésilienne pourrait atteindre la cinquième place (actuellement occupée par la France). Et, au beau milieu de la débâcle financière, c’est le Brésil qui prête 14 milliards de dollars au FMI...

Coïncidence ? Ce changement d’époque correspond — peu ou prou — à l’arrivée au pouvoir de M. Luiz Inácio Lula da Silva, en 2003. Né dans la misère, devenu cireur de chaussures, ouvrier métallurgiste et syndicaliste, « Lula » sème l’effroi au sein de l’élite brésilienne quand il ose se présenter aux premières élections présidentielles libres, depuis la fin de la dictature, en 1989. Inconcevable : il n’est « même pas » allé à l’université. Huit cent mille patrons menacent de voter « avec leurs pieds ». Quelques années plus tard, en 2002, le « risque pays » enfle presque autant que les espoirs de la gauche, à l’annonce de sa victoire, au nom du Parti des travailleurs (PT). Une partie de la bourgeoisie prépare ses valises... et se ressaisit. Rassurée, elle découvre que le Brésil est un pays de continuité.

En 1822, l’empereur portugais João VI choisit lui-même celui qui déclarera l’indépendance : son fils. En 1984, après vingt ans de dictature, la junte militaire orchestre le retour à la démocratie. Au milieu des années 1990, l’élite, qui peine à engager la réforme néolibérale, la confie à un ancien sociologue socialiste, M. Fernando Henrique Cardoso. Plus tard, celui-ci félicitera son successeur : « Lula », « qui fut un temps mon principal opposant, continu[e] les politiques que j’avais mises en place ».

Cependant, le bilan social de l’administration « Lula » n’est pas négligeable. Bénéficiant d’un contexte favorable — notamment l’envol économique de la Chine, dont le commerce avec le Brésil a augmenté de plus de 750 % en huit ans —, « Lula » est parvenu à satisfaire (presque) tout le monde : il a sorti vingt millions de Brésiliens de la pauvreté sans toucher aux structures — très inégalitaires — du pays ; il a amélioré la condition des plus démunis, sans inquiéter l’élite. Résultat : le magazine Time le couronne du titre de « champion de la classe ouvrière » cependant que l’intellectuel libéral Mario Vargas Llosa admet : « Les patrons brésiliens l’adorent. »

En 2009, le quotidien Le Monde élit M. Lula da Silva « Homme de l’année 2009 », le Programme alimentaire mondial (PAM) de l’Organisation des Nations unies (ONU) le proclame « Champion mondial dans la lutte contre la faim » et le Forum économique mondial de Davos le consacre « Homme d’Etat mondial 2010 ». Selon les sondages, 80 % des Brésiliens ont de lui une opinion favorable : la statue du « commandeur Lula » projettera son ombre sur le mandat de son successeur.

Rupture et continuité : pour la première fois depuis le retour à la démocratie, le Brésil va connaître, en octobre 2010, une élection présidentielle sans « Lula ». Pourtant, la majorité des Brésiliens n’a qu’un seul souhait : que les choses ne changent pas. En termes de politique économique, c’est plus que probable, que la victoire revienne à Mme Dilma Rousseff (PT) ou à M. José Serra (Parti de la social-démocratie brésilienne, PSDB) — les deux principaux candidats — dont, en juin 2010, le Financial Times peinait à identifier le plus orthodoxe.

Néanmoins, le (ou la) prochain(e) président(e) pourra-t-il (-elle) marcher sur les traces de « Lula » sans buter sur les contradictions qui sous-tendent l’essor de l’économie — notamment sa dépendance vis-à-vis de la Chine et des investisseurs ? Si le FMI prévoit une croissance de plus de 7 % pour l’année 2010, c’est en partie du fait de la survalorisation du real — provoquée par les placements d’investisseurs appâtés par des taux d’intérêt extrêmement rémunérateurs. Le « Prix Nobel d’économie » Paul Krugman alerte sur la formation d’une « bulle » spéculative.

L’héritage de la période qui s’achève — essor du Brésil en tant que puissance géopolitique, renforcement de son insertion dans le commerce mondial et, parallèlement, reflux de l’espoir d’une transformation sociale profonde — jette les bases de celle qui s’ouvre. Toutefois, la prochaine administration conserve une marge de manœuvre et ses choix influeront sur l’ensemble de la région. Plus féru de géographie que Reagan, le président américain Richard Nixon avait annoncé dès 1971 : « Là où le Brésil va, l’Amérique latine ira. »

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