segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Grupo chinês na briga por usinas no Brasil

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/6/grupo-chines-na-briga-por-usinas-no-brasil
Autor(es): Fabiana Batista,
Valor Econômico - 06/09/2010

A Cofco Ltd., um dos maiores grupos de agronegócios e alimentos da China, com faturamento de US$ 26 bilhões em 2009, entrou na disputa por usinas sucroalcooleiras no Brasil. Na mira na empresa estão duas unidades da Companhia Nacional de Açúcar e Álcool (CNAA), que pertence a um pool de fundos de investimentos - entre os quais o Riverstone e o Goldman Sachs -, e também já atraíram o interesse de outros players.
Entre outros negócios, a Cofco é a maior produtora de açúcar de beterraba da China, e em razão de sucessivas quebras de safra em seu país passou a ampliar as importações do produto do Brasil, derivado da cana. Se a Cofco levar as duas usinas da CNAA, localizadas em Goiás e Minas Gerais e com capacidade conjunta para processar 4 milhões de toneladas de cana por safra, será o primeiro negócio chinês no segmento fora da Ásia.
Fundada em 1949, a Cofco Ltd. tem capital estatal e é a maior importadora e processadora de commodities agrícolas da China. Além do açúcar, realiza nesta frente negócios com soja, milho e trigo. O grupo também atua no ramo imobiliário e em bioenergia. Ao todo, tem nove subsidiárias, entre as quais a Cofco Tunhe, que atua nas áreas de cultivo agrícola, processamento e comercialização de açúcar de beterraba, tomate e frutas. A empresa é a líder na China em processamento de açúcar de beterraba, com 36% da produção do país.
São nove fábricas com capacidade total para 500 mil toneladas por ano, vendidas para subsidiárias chinesas de multinacionais como Coca-Cola e Kraft.
O interesse chinês no Brasil não é novo, mas o foco estava centrado na aquisição de terras para a produção de grãos. Como há dois anos a oferta de matéria-prima para produção de açúcar está em declínio na China por causa de problemas climáticos, o segmento sucroalcooleiro entrou no radar.
A China normalmente importava açúcar da Tailândia, mas os produtores locais também enfrentaram problemas. Com isso, os chineses já compraram 514 mil toneladas de açúcar brasileiro em 2010. Estima-se no mercado que as importações da China, de todas as origens, poderão alcançar até 2 milhões de toneladas em 2011.
"A Cofco é uma das empresas chinesas que mais estão importando açúcar do Brasil", diz uma fonte do segmento. Procurado, o grupo chinês não respondeu aos pedidos de entrevista. A CNAA pode ser parte da solução da Cofco para equilibrar seu abastecimento com açúcar. As negociações estão difíceis porque a empresa brasileira gastou muito para construir as duas usinas e por isso, segundo a mesma fonte, está pedindo um preço elevado por seus ativos.
O plano da CNAA, segundo informações disponíveis em balanço de resultados do período findo em 31 de março de 2009, era investir R$ 1,8 bilhão para construir três usinas e atingir moagem total de 7,5 milhões de toneladas de cana. Procurada pelo Valor, a CNAA informou, em nota, que já investiu R$ 2 bilhões entre 2006 e 2009 nos projetos de produção de açúcar, álcool e cogeração de energia, "que compreendem as duas unidades e uma terceira, a de Campina Verde (MG), que está em fase de prospecção de recursos". A terceira unidade ainda não foi concluída.
A reportagem apurou que a CNAA tem pouca margem para alongar sua dívida, porque boa parte dela é com o fundo Riverstone, que estaria colocando como condição para uma eventual venda de ativos a quitação desse débito, que em março de 2009 era de R$ 672,8 milhões. "Quem comprar, não poderá alongar dívida com bancos, pois o débito existente é majoritariamente com o fundo", diz uma fonte. Em 31 de março de 2009, a dívida total da CNAA era de R$ 1 bilhão. Nesta safra, a empresa deve moer 4 milhões de toneladas de cana nas usinas de Ituiutaba (MG) e Itumbiara (GO).



  • 06/09/2010 - 12h02

    Brasil supera EUA e é o terceiro país em lista de prioridades de multinacionais


    O Brasil é o terceiro numa lista de prioridades das empresas multinacionais em seus planos de investimentos no exterior, afirmou a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e o Desenvolvimento).
    O relatório sobre a perspectiva mundial de investimentos foi baseada em consultas a mais de 200 companhias transnacionais, bem com uma centena de agências de promoção de investimentos, que buscam atrair recursos externos para seus países.




    O levantamento deste ano indica que a China ocupa o topo da lista das maiores prioridades das empresas transnacionais para o período 2010-2012. O gigante asiático é citado mais de 100 vezes quando os executivos são questionados sobre sua "prioridade máxima" nos seus planos de investimentos para o exterior.
    Logo abaixo no ranking dos países mais citados vem Índia e Brasil, que no ano passado estavam em 3º e 4º lugares, respectivamente.
    Os Estados Unidos, no mesmo período, caiu de 2º para 4º. Na sequência aparecem Russia, México, Reino Unido, Vietnã e Indonésia.
    "Pela primeira vez, as quatro maiores economias emergentes -- China, Índia, Brasil e Russia-- estão ranqueadas entre os cinco maiores destinos de investimentos", afirmam os analistas da Unctad, destacando ainda a proeminência dos países asiáticos, mencionados seis vezes na lista das 15 maiores prioridades.
    A pesquisa também destaca a presença cada vez maior de empresas dos países em desenvolvimento no fluxo global de investimentos diretos estrangeiros. Consultadas, as agências de promoção de investimentos (que procuram atrair recursos externos para seus países) listam empresas da Índia e da Federação Russa entre as dez "fontes" mais promissoras, num período de três anos.
    "Embora ainda limitado, o número de transnacionais de países em desenvolvimento com planos mundiais de investimentos em larga escala está crescendo", avaliam os especialistas da Unctad.
    A maior parte (202) das 236 empresas ouvidas pela Unctad são de países desenvolvidos, sendo que a Europa (131) é o continente de origem de mais da metade dessas companhias. A maioria (61%) é do setor industrial, sendo que 35% atua no setor de serviços. Por tamanho de ativos, uma parcela de 44% possui entre US$ 500 milhões e US$ 4 bilhões, enquanto outros 35% tinham menos de US$ 500 milhões.





06/09/2010 - 12h00

Multinacionais devem aumentar investimentos externos em 2011 e 2012, aponta Unctad



As empresas multinacionais (ou transnacionais) estão um pouco mais otimistas sobre a recuperação da economia mundial e aumentaram suas projeções de investimentos para 2010 e os próximos dois anos, mostra pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e o Desenvolvimento), após consultas a 236 empresas "transnacionais" bem como 116 agências de promoção de investimentos.
A sondagem mostra que, após o baque com a crise de 2008, com repercussões em 2009, o fluxo de investimento direto estrangeiro começou a dar sinais de recuperação a partir do segundo trimestre do ano passado. No entanto, "o nível geral de investimentos em meados de 2010 ainda permanece mais baixo na comparação com dois ou três anos atrás", constatam os pesquisadores da Unctad.
Cerca de 43% dos executivos que responderam as questões da Unctad declararam ter elevado seus investimentos no exterior, neste ano, em comparação com 2009. Uma parcela de 58% respondeu que deve aumentar ainda mais os investimentos em 2011 e 2012.
Essas previsões refletem uma percepção mais positiva do cenário mundial. Se no ano passado, 47% dos executivos consultados manifestava pessimismo quanto às perspectivas para 2010, neste ano, 47% dos entrevistados expressa uma visão otimista sobre a economia em 2011, enquanto uma "sólida maioria" (62%) está otimista em relação a 2012.
"Apesar do forte impacto da crise econômica e financeira sobre os planos de investimentos das transnacionais, não houve reversões significativas desses investimentos, e as companhias permanecem comprometidas em expandir sua presença no exterior", avaliam os especialistas da Unctad.
As transnacionais baseadas nos países em desenvolvimento estão mais otimistas sobre o crescimento de seus investimentos nos próximos anos do que as similares dos países desenvolvidos, ainda mais se comparada com as transnacionais baseadas em países europeus.
A própria Unctad calcula um fluxo de investimentos direto estrangeiro da ordem de US$ 1,3 trilhão a US$ 1,5 trilhão (aproximadamente o PIB do Brasil) para 2011, atingindo entre US$ 1,6 trilhão a US$ 2 trilhões em 2012. Neste ano, o organismo das Nações Unidos estima um fluxo de US$ 1,2 trilhão no montante de investimentos entre países.
A maior parte (202) das 236 empresas ouvidas pela Unctad são de países desenvolvidos, sendo que a Europa (131) é o continente de origem de mais da metade dessas companhias. A maioria (61%) é do setor industrial, sendo que 35% atua no setor de serviços. Por tamanho de ativos, uma parcela de 44% possui entre US$ 500 milhões e US$ 4 bilhões, enquanto outros 35% tinham menos de US$ 500 milhões.


Capital prefere o Brasil aos EUA

Autor(es): Mariana Mainenti
Correio Braziliense - 07/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/7/capital-prefere-o-brasil-aos-eua
ONU constata que investimentos diretos no país já somam US$ 14,7 bilhões neste ano.

O Brasil superou os Estados Unidos e já é o terceiro destino preferido para envio de recursos pelas multinacionais. Dentre 236 empresas consultadas pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), 70 consideraram o país como alvo prioritário para seus investimentos até 2012. O país recebeu US$ 14,7 bilhões nos primeiros sete meses de 2010. Apenas China e Índia foram considerados destinos preferenciais por maior número de entrevistados pela agência da ONU.

Todos os quatro países do grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), as grandes nações em desenvolvimento, estão entre os cinco primeiros lugares do ranking. A China continua a sendo o destino prioritário, apontada por 107 entrevistados. A Índia recebeu 72 citações. Como o Brasil ganhou na última pesquisa 44 menções a mais do que aquelas recebidas na edição realizada em 2009, ultrapassou os Estados Unidos, saindo da quarta para a terceira posição no ranking da Unctad. No ano passado, o Brasil já havia superado a Rússia, passando a ocupar o 5º lugar, com 36 citações. As menções aos EUA como alvo preferencial caíram de 81 para 69.

Otimismo
A agência da ONU prevê que os investimentos externos vão totalizar US$ 1,2 trilhão em 2010. Para o ano que vem, a estimativa fica entre US$ 1,3 trilhão e US$ 1,5 trilhão e, para 2012, em US$ 1,6 trilhão e US$ 2 trilhões. Na análise feita pela Unctad, os pesquisadores que participaram do estudo destacam que o nível de investimentos entre países subiu em relação a 2008, mas ainda não recuperou o patamar pré-crise.

Eles destacam que as empresas que pretendem investir de forma significativa são as do setor primário, uma vez que os manufaturados sofreram mais com a crise. Indústrias de setores como automotivo, químico, eletrônico e metalúrgico cortaram investimentos no exterior. “Mas sinais de recuperação são evidentes desde a segunda metade de 2009”, afirma a Unctad.

Cerca de 43% dos executivos entrevistados declararam ter elevado seus investimentos no exterior em 2010 em relação ao ano passado e 58% deles responderam que, em 2012, pretendem aumentar ainda mais. Para 2010, apenas 13% dos entrevistados se disseram otimistas, mas 47% afirmaram estar otimistas para 2011 e 62% para 2012.

O número
US$ 1,2 trilhão
Volume de aplicações externas entre países estimado pela Unctad para 2010


US$ 100 bi na China

Pequim — O investimento estrangeiro direto (IED) na China deve ultrapassar os US$ 100 bilhões pela primeira vez neste ano, segundo a mídia estatal chinesa. O IED não financeiro naquele país atingiu o recorde de US$ 92,4 bilhões em 2008, mas caiu para US$ 90 bilhões em 2009 em meio à crise financeira global.

“Os investidores estrangeiros estão otimistas sobre a perspectiva econômica da China, e os esforços de Pequim para melhorar o ambiente de investimento aumentaram sua confiança”, disse Shen Danyang, porta-voz do Ministério do Comércio chinês, segundo a agência de notícias estatal Xinhua.

A China atraiu US$ 58,4 bilhões de IED nos primeiros sete meses do ano, alta de 20,7% sobre o mesmo período de 2009.

O país também vai permitir que seguradoras ampliem seus canais de investimentos em grupos de private equity e fundos de imóveis, uma iniciativa há muito aguardada e que pode culminar em até US$ 100 bilhões de recursos para financiar empresas de capital fechado e o setor imobiliário.

Seguradoras da China têm permissão para investir até 5% de seus ativos totais em private equity e produtos financeiros relacionados e 10% em imóveis, de acordo com regras publicadas no fim de semana no site da Comissão Reguladora de Seguros da China. 



Estudo do Ipea sobre Brics aponta produtos mais competitivos do Brasil

GABRIEL BALDOCCHI
da Sucursal de Brasília
Os bens primários, como carne, produtos à base de óleo e semente, e os recursos naturais são os itens mais competitivos na pauta de exportações brasileira, aponta estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre a competitividade dos Brics (Brasil, Índia, China e Rússia).
Segundo o documento divulgado nesta quarta-feira, os produtos russos com melhor preço no mercado global são as commodities energéticas, como gás natural e petróleo.
Já na China, o destaque é para os produtos com elevado nível de trabalho a partir dos quais o país consegue atingir menores preços por conta da mão de obra abundante e barata. A força de trabalho também é vantagem para a Índia. No país, os itens de maior competitividade externa são aqueles de menor sofisticação tecnológica, como chá e arroz.
O estudo também analisa o IDE (Investimento Direto Estrangeiro). O crescimento dos aportes russos em outros países o colocou no topo dos integrantes dos Brics neste quesito. A Rússia ocupa a 14ª posição entre os maiores investidores no mundo, e o principal destino é o grupo dos antigos países integrantes da União Soviética e a Europa.
A abertura do capital chinês a investimentos estrangeiros teve de passar pela aprovação do governo. A flexibilização das regras fez o IDE do país asiático crescer 60 vezes entre 1990 e 2008.
O foco dos investidores chineses é buscar negócios em países que contribuam com o crescimento do mercado interno, como os de forte produção de commodities. Cerca de 80% do IDE chinês está concentrado em Hong Kong e paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens.
As operações indianas no exterior foram marcadas pela alta alavancagem, com empresas adquirindo ativos superiores ao próprio patrimônio líquido. O fluxo anual de IDE subiu de US$ 1,7 bilhão ao ano de 2000 a 2005 para US$ 16 bilhões entre 2006 e 2008, com destaque para a área de TI (Tecnologia da Informação).
Encontro
Representantes dos governos e pesquisadores dos países integrantes dos Brics discutem nesta quarta-feira em Brasília questões comerciais relacionadas ao grupo. O encontro abre uma série de eventos agendados entre os representantes dos quatro países para a semana até o dia da Cúpula dos Brics, no próximo sábado (17).
A reunião de hoje é organizada pelo Ipea e tem como tema o papel dos Brics no mundo pós-crise. Os pesquisadores dos centros de estudos vão discutir questões sobre o comércio exterior, inovação tecnológica e transformações de governança.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aproveitou a data de abertura do evento para divulgar a prévia do estudo sobre comércio exterior e investimento estrangeiro dos quatro países que integram o grupo.
O momento da divulgação é pertinente por conta da discussão sobre a criação de uma moeda comum para os Brics, prevista para a sexta-feira. A ideia é buscar uma alternativa ao dólar nas negociações internas do grupo.
Brasília será palco de reuniões paralelas entre os representantes dos Brics até o final da semana. Os encontros variam desde discussões entre cooperativas do grupo até a de membros da área de segurança. As datas antecedem a 2ª Cúpula dos Brics, que reunirá os chefes de Estado na sexta-feira.



A primeira crise longe de casa

Autor(es): Patrícia Cançado
O Estado de S. Paulo - 06/09/2010

Como a Gerdau, recém-alçada à condição de gigante global, está enfrentando a desaceleração das economias americana e europeia

Na segunda-feira passada, a Gerdau assinou um cheque no valor de US$ 1,6 bilhão para comprar o restante das ações ordinárias em circulação da siderúrgica americana Ameristeel, cujo controle pertence à companhia brasileira desde 1999. A compra foi vista por alguns analistas de mercado como um negócio arriscado, já que a recuperação da economia dos Estados Unidos ainda é cercada de incertezas. No setor onde a Gerdau atua, as coisas não vão bem. O país consome hoje metade do aço que consumia logo antes da crise e ninguém - nem a própria siderúrgica - arrisca dizer quando a demanda vai voltar aos antigos patamares.


Mas a aposta da Gerdau tem duas explicações. A primeira é que as ações estavam baratas, apesar do prêmio pago aos acionistas minoritários. A segunda é que a água não está mais no pescoço. Mesmo tendo se agigantado últimos anos, a empresa conseguiu reagir rápido à crise financeira mundial, que afetou brutalmente suas operações, principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Espanha.

"Na indústria automobilística, já está havendo uma recuperação. Em obras de infraestrutura, está mais devagar do que esperávamos. Mas nossa visão é de longo prazo", afirma André Gerdau, presidente do grupo. "Saímos fortalecidos dessa crise."

O executivo se mune de estatísticas para justificar o investimento nos EUA. Pelos seus cálculos, 25% das 600 mil pontes que existem no país estão obsoletas ou com problemas. Segundo a Associação Americana dos Engenheiros Civis (ASCE, na sigla em inglês), serão necessários US$ 930 bilhões para recuperar as estradas americanas. Em energia, as perspectivas são otimistas. "Estão previstas 35 usinas nucleares e mais de 100 mil turbinas eólicas até 2030", diz André. "Em tudo isso vai muito aço."

Na realidade, a situação nos Estados Unidos está muito longe do ideal, mas o fato é que as nuvens negras saíram do campo de visão da empresa. "A Gerdau deixou o fundo do poço e agora está no meio do caminho da recuperação nos EUA", diz o analista da Itaú Corretora, Marcos Assumpção. "Se os investimentos em infraestrutura saírem como prometido pelo governo americano, a Gerdau vai se beneficiar. Mas é difícil saber quando eles vão ocorrer."

Fundada em 1901 como uma fábrica de pregos pelo trisavô de André em Porto Alegre, a Gerdau sobreviveu às duas Grandes Guerras, inúmeros planos econômicos e à hiperinflação, mas a última crise foi diferente porque pegou o grupo no auge do processo de internacionalização.

Entre 2005 e 2008, a Gerdau praticamente dobrou de tamanho (veja gráfico abaixo). Apenas um ano antes do estouro da crise global - no momento em que o carismático Jorge Gerdau era substituído pelo filho André, então com 44 anos -, o grupo anunciou a maior aquisição de sua história, a Chaparral Steel, nos EUA, e ainda fez acordo para comprar a americana Macsteel. Se fosse um jogo de War, a Gerdau seria uma das jogadoras mais aguerridas. De uma vez só, entrou no México, na República Dominicana, na Venezuela e na Índia - neste último, por meio de uma joint venture. No Brasil, aumentou em 50% a capacidade produtiva de sua maior usina: a Açominas, em Ouro Branco (MG). A Gerdau não estava sozinha. No mundo inteiro, as empresas do setor viviam um processo intenso de consolidação.

Cortes. O cenário mudou no ano seguinte. Os dados de 2009 mostraram com clareza o impacto violento da recessão. O faturamento bruto caiu de R$ 46,7 bilhões em 2008 para R$ 30 bilhões no ano passado. O grupo só não ficou no vermelho graças à operação brasileira, que entrou mais tarde e saiu mais cedo da crise. No fim de 2008, a Gerdau empregava mais de 46 mil pessoas. Hoje são 6 mil a menos. "Foi um teste muito forte. A nossa avaliação é que conseguimos fazer um trabalho rápido e eficiente de adaptação aos novos níveis de demanda, de redução de estoques e custos e de preservação de caixa", diz André. "Não sabíamos quanto tempo a crise iria durar."

No ano passado, a Gerdau reduziu a dívida líquida em R$ 8 bilhões, conseguiu operar com R$ 4,6 bilhões a menos em seu capital de giro e cortou custos da ordem de R$ 2 bilhões com o fechamento de unidades, demissões, congelamento de vagas, redução nas contas de energia e na quantidade de viagens - dois custos altos para a companhia -, entre outros gastos fixos.

Na avaliação do analista da corretora Geração Futuro, Rafael Weber, a Gerdau foi hábil no trabalho de redução de gastos até porque já tem uma estrutura enxuta. Segundo ele, os custos fixos tradicionalmente representam 25% da receita. Na crise, caíram para 22%. "Nos EUA, esse trabalho foi feito de forma bastante rápida. E não só com demissões. O modelo de produção da Gerdau também ajudou", acredita Weber. Hoje, 75% do aço da companhia é produzido no modelo de mini-mills, baseado no uso de sucata e na comercialização regional. Nesse caso, são usados altos-fornos elétricos, que, ao contrário dos convencionais, podem ser ligados ou desligados de acordo com a demanda.

Depois da quebra do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, a queda nos pedidos foi dramática. Em apenas quatro meses, o nível de utilização da capacidade de produção de aço no mundo todo despencou de 90% para 40%. "O modelo das mini-mills deu uma flexibilidade enorme para a Gerdau e ajuda a explicar porque ela está saindo mais rápido da crise", diz Weber. O grupo brasileiro é o principal fabricante dentro desse padrão de produção. No mundo, apenas um quarto do aço é produzido assim, segundo o analista. "A Gerdau percebeu que esse modelo de negócios se adapta muito bem a situações de crise."

Aprendizado. Para quem vê de fora, André Gerdau, embora novo no cargo, soube conduzir bem os ajustes no período. Na visão do executivo, a maior dificuldade não foi aprender a viver com menos, mas fazer a comunicação fluir internamente numa organização que já contava com cerca de mil executivos em 14 países, falando pelo menos quatro línguas diferentes.

Como a verba para viagens foi reduzida, a Gerdau passou a fazer uma megateleconferência com os mil gerentes e diretores a cada três meses, em português e inglês. A prática continua até hoje. Nesses eventos, os principais executivos, incluindo André, informam os resultados financeiros, os níveis de produção, de caixa, de estoque, enfim, um panorama geral da situação em que a empresa se encontra em cada canto do mundo. No fim da conversa, os executivos dos outros países podem fazer perguntas e dar sugestões.

"Talvez esse tenha sido o principal aprendizado da crise. Quem está operando no Chile, no México ou no Canadá conhece mais a situação de seu país, mas não tem a dimensão do que está ocorrendo em outras regiões nem na empresa como um todo", diz André. "Essa foi uma crise que afetou mais outros países. Por isso a comunicação está sendo fundamental. E continuar vivendo com menos é nosso o grande desafio."



Falências aumentam 18,9%

Autor(es): Victor Martins
Correio Braziliense - 07/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/7/falencias-aumentam-18-9
Os juros altos são o principal motivo dos problemas financeiros das empresas. As mais prejudicadas são as de médio porte.
Gerson Lezak/Divulgação
 
 
Os juros altos têm freado a escalada de preços no Brasil. Ao mesmo tempo, porém, vem se mostrando um remédio amargo e, em alguns casos, um veneno letal. Com o dinheiro mais caro, a lista de negócios que fecharam as portas por problemas financeiros cresceu explosivamente nos últimos meses. Em agosto, a quantidade de falências decretadas avançou 18,9% em comparação com julho. As médias empresas tiveram o pior desempenho. Segundo os dados da Serasa Experian, elas incrementaram os pedidos para encerrar as atividades em 27,7%.

Em agosto, foram registrados ainda 186 requerimentos de falência frente a julho, num avanço de 5,1%. As recuperações judiciais concedidas também tiveram alta no período: passaram de sete para 24. “Esses números ruins se devem, principalmente, a uma desaceleração da atividade econômica no último trimestre e à elevação da Selic (taxa básica de juros)”, justificou Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa. “Os custos empresariais, como os para o financiamento de capital de giro, ficaram mais caros. Com isso, estamos registrando aumento na inadimplência das empresas.”

Exportadoras
Na avaliação do assessor econômico da Serasa Experian, as médias empresas estão passando por dificuldade maior porque esse segmento concentra muitas exportadoras. Com o mercado internacional estagnado em alguns casos ou em expansão moderada, as vendas estão em baixa e o fluxo de caixa comprometido. “Já as empresas grandes têm uma facilidade maior para fazer arranjos financeiros e redirecionar a produção para o mercado doméstico”, avaliou Almeida.

Com mais opções para captar dinheiro, os empreendimentos de porte elevado têm deixado de pedir falência. Entre julho e agosto, essa estatística recuou 27,5%. As micro e pequenas empresas não apresentaram desempenho tão bom quanto as gigantes, mas estão em situação melhor do que os negócios médios — as solicitações para fechar as portas avançaram 6,25%.

Atividade aquecida
Mesmo com as estatísticas negativas do mês, as expectativas para o segundo semestre são boas. Caso se confirme um fim de ano de atividade econômica aquecida, os analistas da Serasa Experian afirmam que a solvência dos negócios vai melhorar e reduzir os números de falências e pedidos de recuperação judicial. “Teremos apenas mais um mês de resultados semelhantes a esse. Depois, com o início das contratações para o Natal, em outubro, teremos um último trimestre mais dinâmico, o que vai melhorar o fluxo de caixa das empresas”, disse Almeida.
Os custos empresariais, como os para o financiamento de capital de giro, ficaram mais caros. Com isso, estamos registrando aumento na inadimplência das empresas”
Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa


Saldo de US$ 138 mi

A balança comercial iniciou o mês com superavit de US$ 138 milhões, resultado de exportações de US$ 2,616 bilhões e importações de US$ 2,478 bilhões na primeira semana de setembro, segundo informou ontem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O superavit acumulado no ano é de US$ 11,822 bilhões, um resultado 41,9% menor do que o registrado em igual período de 2009 (US$ 20,351 bilhões). No período, as exportações chegaram a US$ 128,712 bilhões e as importações, a US$ 116,890 bilhões.

O comércio exterior brasileiro está sofrendo com a queda no consumo dos países desenvolvidos, em virtude da recessão mundial que se seguiu à crise global. Os analistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central (BC) apostam num saldo de apenas US$ 15 bilhões no ano.

Em agosto, o Brasil exportou US$ 19,236 bilhões e importou US$ 16,796 bilhões, o que resultou em saldo positivo de US$ 2,440 bilhões.


Mercado otimista

Vera Batista

O otimismo do mercado com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas no país) em 2010 aumentou depois que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o resultado de 8,9% no primeiro semestre, o maior em 14 anos. A previsão dos cerca de 100 analistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central (BC) aumentou de 7,09% para 7,34%. Na avaliação do economista René Garcia, da Fundação Getulio Vargas, entretanto, os dados não refletem a “situação confortável em que vive o país”. “A realidade é bem melhor. Acho que um crescimento de 7,5% este ano não é impossível”, destacou.

Garcia avaliou também que a taxa básica de juros (Selic) deve retornar, já no primeiro semestre de 2011, a 10% anuais e que a cotação do dólar continuará caindo para fechar 2010 entre R$ 1,70 e R$ 1,78. Os especialistas estimam que os juros vão fechar o ano nos atuais 10,75%, mas sobem para 11,50% no fim de 2011. “Não vejo perspectivas inflacionárias para isso”, discordou o economista. A projeção média para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permaneceu inalterada em 5,07% neste ano. Mas, para 2011, o IPCA caiu levemente em relação às expectativas da semana passada, de 4,87% para 4,85%. A estimativa para a cotação do dólar caiu de R$ 1,80 para R$ 1,79.

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