quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Já em alta, trigo deve subir mais no Brasil

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/9/ja-em-alta-trigo-deve-subir-mais-no-brasil

Autor(es): Fabiana Batista
Valor Econômico - 09/09/2010
Após assistir às cotações internacionais do trigo subirem 53% desde julho, os produtores do cereal no Paraná - que já colheram 15% de sua área - querem ver os preços avançar no mercado interno. Começam a calcular a paridade de exportação e a considerar a possibilidade de vender o cereal ao exterior. A queda de braço entre moinhos e produtores por um maior reajuste interno já começou e deve exercer nova pressão sobre a inflação dos alimentos, com altas nos preços dos produtos finais, como massas, biscoitos e pão francês.

Poucos negócios estão sendo feitos no mercado do Paraná, sobretudo porque os moinhos ainda têm algum estoque para queimar, diz Flávio Turra, gerente econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Por isso, os preços têm reagido pouco, diz ele, e, dependendo da região do Paraná, já compensa mais exportar trigo que vender internamente.
Segundo a Ocepar, a tonelada do cereal do tipo branco em Paranaguá custa US$ 290, valor que em Ponta Grossa (a região de produção mais próxima do porto) é de R$ 465, ao câmbio de R$ 1,73. "Em Ponta Grossa, as cotações atuais apontam R$ 460 por tonelada", diz Turra. Quanto mais próximo do porto, melhor é a relação.
Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, diz que nos últimos dias alguns negócios no norte do Paraná - mesmo que em pequeno volume - elevaram os patamares de preços, mas ainda abaixo do solicitado pelos produtores. "Há um mês, a tonelada estava em R$ 420, nos últimos dias, fechou a R$ 480", diz Bento. Ele acrescenta que produtores do norte paranense estão segurando produto na expectativa de que os preços atinjam o nível de R$ 500 a tonelada.


As indústrias de panificação e de massas e biscoitos reportam reajustes no preço da farinha de, pelo menos, 20%. "Essa farinha vendida se refere a trigo comprado por R$ 420 a tonelada no Paraná ou até menos. Agora, que os preços ensaiam se ajustar entre R$ 480 e R$ 500 a tonelada, novos reajustes na farinha podem estar por vir", diz Bento. Ele avalia que os moinhos aproveitaram a alta da commodity nas bolsas internacionais para elevar os preços, que estavam estagnados há algum tempo. O Sindicato da Indústria do Trigo de São Paulo e a Associação Brasileira da Indústria do Trigo foram procurados, mas não se pronunciaram.
Em agosto, as indústrias de massas e pães industriais reajustaram seus produtos em 5%, em média. Em setembro, mais 5% devem ser adicionados, diz a Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima). "A farinha de trigo já aumentou, na média, 20% desde o fim de julho", diz Cláudio Zanão, presidente da Abima.
Ele não acredita, porém, que possa haver mais reajustes internos se os preços internacionais do trigo permanecerem nos mesmos patamares. "O produtor ainda tem a safra antiga no estoque e com a entrada da safra nova há pressão para liberar espaço nos armazéns. Além disso, três quartos da produção mundial são colhidos no segundo semestre, o que deve deixar o mercado mais confortável do ponto de vista de oferta", diz.
A alta da farinha em São Paulo superou 30%, afirma Carlos Perregil, vice-presidente do Sindicato da Panificação do Estado (Sinpan). "Pagávamos R$ 55 a saca de 50 quilos no início de agosto. Agora estamos pagando R$ 70", diz. Ainda assim, não houve reajustes generalizados, mas pontuais nas padarias que não tinham estoques. "As altas serão inevitáveis, pois a farinha subiu muito. O pão deve ficar, em média, de 8% a 10% mais caro".
Dos cerca de 10 milhões de toneladas que o Brasil consome por ano de trigo, 5 milhões de toneladas são produzidas internamente e, o restante, importado principalmente da Argentina, mas também do Paraguai e do Uruguai. Por isso, a possibilidade de exportar trigo é vista pelo mercado como remota. "Mas, algumas cooperativas estão estudando essa possibilidade, caso o mercado interno não reaja. O produtor ainda tem estoque de safra passadas", diz Turra.
Neste ano, o Brasil exportou níveis recordes de trigo de qualidade inferior, devido à ocorrência de chuvas na colheita da safra passada. Foram embarcados de janeiro a julho deste ano 1,1 milhão de toneladas de trigo de baixa qualidade. A receita total com os embarques foi de US$ 176,5 milhões. No mesmo período de 2009, tinham sido embarcadas 351 mil toneladas de trigo do Brasil com uma receita de US$ 57 milhões, segundo dados da Secex. "Se a exportação desta safra ocorrer, será de trigo de boa qualidade, pois a colheita até agora indica padrões elevados, de trigo tipo 1", avalia Turra.
De acordo com cálculos do Valor Data, desde o início de julho, as cotações internacionais do trigo subiram 53%, em decorrência de problemas climáticos em países produtores e exportadores do cereal, principalmente na Rússia.


Não há crise de falta de alimentos, reforça FAO

Autor(es): Assis Moreira
Valor Econômico - 09/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/9/nao-ha-crise-de-falta-de-alimentos-reforca-fao
A FAO, braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, divulgou um comunicado insistindo que não há crise em decorrência de falta de alimentos à vista. A entidade considera, no entanto, que os mercados de commodities agrícolas pelo mundo continuarão voláteis pelos próximos anos.

Assim como a FAO, a União Europeia também reiterou que, apesar da fraca produção na Rússia, Ucrânia e Canadá, não há problemas de disponibilidade de alimentos no mundo. Além disso, os preços também continuam abaixo do pico de 2007-2008, quando milhares de pessoas em vários países se revoltaram contra o custo elevado e a falta de alimentos.
"Os princípios de base do mercado são sadios e muito diferentes da situação de 2007-2008", disse Hafez Ghanem, vice-diretor da FAO em declarações distribuídas pela entidade. "A situação global da oferta e da demanda não é para inquietar. Apesar do déficit de produção de trigo na Rússia, a colheita de cereais globalmente foi a terceira maior de todos os tempos e os estoques são elevados. Nessas condições, não tememos uma crise alimentar."
A agência da ONU alerta, porém, que a situação pode mudar se houver um novo choque de oferta provocado por "condições meteorológicas nefastas". Na avaliação da FAO, os governos precisam agir para garantir maior estabilidade nos mercados, por exemplo, voltando a examinar a criação de estoques de emergência.
A União Europeia endossa a avaliação da FAO e insiste que a oferta de alimentos atual é muito diferente da de 2007. Os europeus avaliam que as colheitas de 2008 e 2009 foram boas e os estoques são elevados globalmente.
O bloco europeu exemplifica a situação atual ao lembrar que a produção mundial de cereais na safra 2010/11 é projetada em 1,754 bilhão de toneladas, volume 35 milhões de toneladas inferior ao consumo. E os estoques são de 347 milhões de toneladas.
A produção de trigo é projetada em 646 milhões de toneladas, inferior em 20 milhões de toneladas ao consumo. Mas os estoques continuam elevados, com 175 milhões de toneladas. No caso do milho, a safra é estimada em 832 milhões de toneladas, no mesmo nível do consumo, e com estoques estáveis em 139 milhões de toneladas.
O preço do trigo aumentou 60% para se estabilizar entre 220 e 230 por tonelada. Mas a UE nota que as cotações de cereais continuam abaixo do valor da ultima crise alimentar.

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