segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Greenpeace denuncia desmate na Fazenda Eldorado do Xingu

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/6/greenpeace-denuncia-desmate-na-fazenda-eldorado-do-xingu
Autor(es): Bettina Barros
Valor Econômico - 06/09/2010
O Greenpeace realizou na semana passada denúncia formal ao Ministério Público Federal (MPF) do Pará sobre um novo foco de desmatamento na Fazenda Eldorado do Xingu, pertencente à Agropecuária Santa Bárbara, ligada ao grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas. A organização ambientalista cruzou informações de satélite do governo com as imagens georeferenciadas da propriedade rural, que apontou o desmatamento de 450 hectares de floresta entre abril e junho deste ano.
Em nota, a empresa negou que tenha realizado desmatamentos ilegais na fazenda. Mas a JBS, maior companhia de carne bovina do mundo, informou que suspendeu as compras de boi da propriedade depois da divulgação das imagens pelo governo. "Essa fazenda está suspensa para nós", afirmou ao Valor Angela Garcia, porta-voz da empresa.
O frigorífico diz ter comprado gado bovino da propriedade pela última vez em 26 de junho, quatro dias antes da divulgação das imagens oficiais. A companhia não informou o volume de carne oriunda da Eldorado do Xingu.
O desmatamento entre os meses de abril e junho foi apontado pelo Deter, levantamento mensal do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que serve para agilizar as ações de fiscalização das autoridades ambientais. Em São Félix do Xingu, onde está a propriedade denunciada, o sistema apontou aproximarmente 988 hectares de floresta nativa destruídos nesse mesmo período - a Fazenda Eldorado do Xingu, portanto, foi responsável por quase a metade da área.
A localização exata da propriedade e a sobreposição da sua imagem às do satélite do Deter só foram possíveis porque a Eldorado do Xingu possui o chamado Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma exigência legal que funciona como o R.G. da propriedade. Entre outros dados, informa as coordenadas georreferenciadas da propriedade rural.
Após o cruzamento de dados, o Greenpeace realizou a verificação de campo - o sobrevoo para checar se houve, de fato, o desmatamento. A ONG registrou centenas de árvores tombadas, que formam um efeito "paliteiro" de troncos caídos vistos do céu. De acordo com Márcio Astrini, da campanha "Amazônia" do Greenpeace, é um sinal de que a queimada será realizada ainda neste ano para plantio de pasto.
Embora negue os desmatamentos, a Agropecuária Santa Bárbara afirma que "não tem conseguido evitar que invasores pratiquem barbáries, matem gado, destruam instalações, provoquem incêndios e desmatem ilegalmente, criando fatos como o ora denunciado". A empresa diz, ainda, que a denúncia "parece ser mais um cruel desdobramento de campanha difamatória patrocinada por organismos internacionais contra a pecuária brasileira e particularmente os produtores do Pará, com o objetivo de sujar a imagem de todo o agronegócio nacional". Com 118 mil hectares, a fazenda já foi embargada no passado pelo Ibama.
Para o Greenpeace, o evento mostra a vulnerabilidade do consumidor brasileiro em relação à carne que consome. Isso porque a Eldorado do Xingu vende também para médios e pequenos frigoríficos, que não pactuam do acordo para desmatamento zero na Amazônia firmado em 2009 entre MPF, Greenpeace e grandes frigoríficos. Se não houver pressão, a carne ilegal continuará a chegar ao varejo. "Estamos comendo essa fumaça", diz Astrini.



[06/08/2010]

Acrimat: Alerta de abuso do Marfrig e JBS/Friboi



"Ameaças aos pecuaristas mato-grossenses estão sendo feitas pelos dos frigoríficos Marfrig e JBS/Friboi. A insensatez e o abuso de pseudo poder dessas empresas não tem limite. Os dois grupos estão fazendo ameaças de que não irão adquirir o gado proveniente de novas áreas desmatadas, unidades de conservação e terras indígenas do Bioma Amazônia, acusando os pecuaristas, sem prova, de produzirem de forma ilegal. Estão exigindo do produtor através de cartas, documentos comprobatórios, como georreferenciamento, matricula de propriedade e até inspeção e coleta dos pontos de georreferenciado por técnicos do Marfrig e JBS/Friboi, como se fossem os responsáveis pela fiscalização e execução das leis.

A Associação dos Criadores de Mato Grosso não aceita esse tipo ingerência junto aos pecuaristas do estado e repudia as ações desses grupos por diversos motivos:

1. Até o dia 13 de novembro de 2010 os produtores rurais de Mato Grosso têm o prazo para aderir ao Programa MT Legal e até lá, liberados para manterem relações comerciais dentro da lei; O Marfrig e JBS/Friboi não têm mais poder que um Programa Estadual - Lei Complementar nº 343, de 24 de dezembro de 2008;

2. Caso o Marfrig e JBS/Friboi tenham alguma dúvida documental de uma propriedade, eles que as resolvam junto aos órgãos competentes. O ônus da prova cabe a quem acusa;

3. Estão extrapolando os limites da lei e assumindo prerrogativas dos órgãos públicos competentes;

4. O direito de propriedade é inviolável;

5. Nós produtores não temos nenhuma relação com os acordos assinados juntos ao Ministério Público Federal e Ongs. Não somos testemunhas nem responsáveis por assinatura desses pactos;

6. Repudiamos qualquer possibilidade de formação de cartel como forma de manipular a relação comercial com o pecuarista com inevitáveis consequências ao consumidor;

7. O departamento jurídico da ACRIMAT está estudando medidas legais contra os frigoríficos Marfrig e JBS/Friboi, que acusam e constrangem o produtor sem provas;

8. Não descartamos a possibilidade de promover uma campanha maciça de boicote aos frigoríficos Marfrig e JBS/Friboi

9. Não somos transgressores da lei. Somos responsáveis e cientes do nosso papel no desenvolvimento de nosso estado e estamos tranquilos, pois nossa contribuição, socioeconômica e ambiental, é proveniente de ações com recursos próprios e não de verbas públicas como as do BNDES.

10. Os frigoríficos Marfrig e JBS/Friboi colocam os pecuaristas na vala comum de invasores de terra, dos que vivem à margem da lei. Não aceitamos cabresto de empresas que não nutrem nenhum respeito ao setor.

Cuiabá, 05 de agosto de 2010.
"


[09/08/2010]

JBS não tem condições para abrir capital nos EUA



Era para ser um negócio de pai para filho: um empréstimo de R$ 3,5 bilhões, sem juros, pagamento de dividendos ou qualquer outro custo durante o prazo de um ano. Com esse dinheiro, fornecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o frigorífico JBS comprou a americana Pilgrim's no ano passado e se consolidou como o maior produtor de carne processada do mundo.

Pelo plano original, o JBS abriria em seguida o capital de sua filial nos Estados Unidos - e assim o BNDES transformaria a dívida em ações e a empresa da família Batista começaria a ganhar dinheiro com a operação americana. Faltou combinar com o mercado. O último repique da crise econômica assustou o investidor americano e o JBS já anunciou que não há condições para abrir seu capital este ano.

O tropeço no mercado americano não é culpa do JBS, mas deverá custar à companhia US$ 300 milhões - o equivalente a meio bilhão de reais. Esse é o valor de uma multa prevista no contrato com o BNDES no caso de o JBS não conseguir abrir o capital nos EUA até dezembro. Procurados, o JBS afirmou que está em período de silêncio e o BNDES não quis se pronunciar.

O JBS já adiou duas vezes o plano de lançar ações nos EUA. Seria o arremate do agressivo processo de crescimento internacional que começou com a compra da Swift na Argentina, em 2005. Dois anos depois, a empresa abriu seu capital no Brasil, captou recursos e adquiriu outras dez empresas no exterior, em apenas três anos.

Desde a compra da Pilgrim's, em setembro, o cenário mudou, tornando as coisas mais difíceis para o JBS. A recuperação da economia global está mais lenta do que se imaginava por causa da crise na Europa. Os preços do milho e da soja, base da ração dos animais, subiram. A Rússia, um dos maiores clientes dos exportadores de frango dos EUA, fechou as portas para o produto. Tudo isso minou o interesse dos investidores americanos por ações de empresas de alimentos.

A compra da Pilgrim's foi um negócio de ocasião. Como a empresa estava quebrada, suas ações, que chegaram a custar US$ 32 cada, despencaram para US$ 0,40 no auge da crise. O JBS arrematou a empresa pagando US$ 3,5 por ação. Hoje, elas valem o dobro. Além da pechincha, os irmãos Batista (Júnior, Joesley e Wesley) encontraram apoio no BNDES e sua política de criação de multinacionais brasileiras.

O BNDES comprou R$ 3,5 bilhões em debêntures (dívida que pode ser convertida em ações) do JBS. Esse modelo teve duas vantagens para os Batista: ao contrário de um empréstimo normal, não há pagamento de juros; e, como os papéis são convertíveis em ações, não contaminam o balanço da empresa, já muito endividada, com mais débito.

Para não ficar desprotegido, o banco estatal impôs uma condição - a tal abertura de capital nos Estados Unidos, até o fim do ano. Caso isso não aconteça, o BNDES tem direito a receber ações do JBS no Brasil. O frigorífico tem a opção de esticar o prazo até dezembro de 2011. Mas nesse caso é obrigado a pagar uma multa de 15% sobre o valor da operação - cerca de R$ 520 milhões.

A reportagem é de Raquel Landim e David Friedlander, para o jornal O Estado de S.Paulo, adaptada pela Equipe BeefPoint.

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