sexta-feira, 10 de setembro de 2010

'Basileia 3' exigirá capital adicional de bancos do país

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/basileia-3-exigira-capital-adicional-de-bancos-do-pais
Basileia 3 vai propor restrição a compra de carteira de crédito
Autor(es): Assis Moreira
Valor Econômico - 10/09/2010

Operações de compra de carteira de crédito e o uso de créditos tributários por bancos brasileiros poderão ser duramente afetados pela nova regulação do Acordo de Basileia 3 de capital mínimo, segundo fontes do mercado. O pacote, que exigirá bilhões de dólares adicionais dos bancos globalmente para se protegerem de futuras crises, pode ser definido no domingo pelos bancos centrais, na Suíça.

As operações de compra de carteira de crédito e o uso de crédito tributário por bancos brasileiros são alguns dos elementos que poderão ser duramente afetadas pela nova regulação do Acordo de Basileia 3 de capital mínimo, segundo fontes do mercado. O pacote que exigirá bilhões de dólares adicionais dos bancos globalmente, para se proteger de futuras crises, pode ser definido no domingo por bancos centrais na Suíça.

Os bancos brasileiros, mesmo em melhor situação do que boa parte de seus parceiros internacionais, deverão fazer maior alocação de capital para determinados tipos de riscos, mudança de estratégias de negócio e mesmo o fim de certas operações, para se enquadrar em três reformas regulatórias que se encavalam: o Acordo de Basileia 2, que só agora está sendo implementado, o novo padrão internacional de contabilidade e agora o Acordo de Basileia 3.
A adoção gradual desse arcabouço de regras pode inviabilizar as compras de carteiras de crédito, como é prática comum no mercado de crédito consignado, em que as instituições menores geram as carteiras e as vendem aos grandes bancos para se financiar. Como explica uma fonte qualificada, pela lei brasileira na cessão de crédito o banco comprador torna-se co-responsável. Agora, isso significará requerimento de capital adicional para efeito de risco de crédito, o que pode tornar a operação cara demais. O saldo do crédito consignado alcançou R$ 125,6 bilhões em julho, representando 60% do crédito pessoal no país, e é motivo de intensa disputa entre bancos privados e bancos oficiais.
Outra preocupação entre banqueiros é como ficará o uso do crédito tributário, que em geral é resultado de provisões em excesso feitas no passado. As regras que ativam esse instrumento no Brasil destoam muito dos padrões internacionais. Pode-se mesmo abrir banco no país usando crédito tributário. O temor é de que o uso desse instrumento se torne um grande problema para todo tipo de instituição financeira. Representantes de bancos menores já começaram a reclamar nas conversas entre banqueiros que o BC faz exigência tão rigorosa de provisão de créditos duvidosos que obriga os bancos a usar o credito tributário.
Com a nova regulação de capital, liquidez e contabilidade internacional, isso ficará difícil, mesmo impossível, dependendo de outros detalhes que podem condicionar o resultado final do que será implementado. Em todo caso, o BC será pressionado a fazer alguma mudança e certos banqueiros começam a pedir a redução do compulsório sobre depósito à vista como contrapartida.
O BC sinalizou aos bancos que não será mais exigente do que o pacote de Basileia 3, ainda mais se a demanda adicional de capital aumentar de 8% para 11% como é o nível brasileiro. Mas avisou que a fiscalização será bem mais rigorosa e estrita, na linha decidida pelos países para prevenir crises.
Num debate na Índia, Charles Dallara, diretor-geral do Instituto Internacional de Finanças (IIF), entidade que reúne os maiores bancos do mundo, alertou que vários países emergentes serão afetados pela nova regulação.
O IIF insiste para que o pacote seja suficientemente calibrado para não causar peso adicional nos emergentes. "Na busca de prevenir práticas ruins em um mercado, a regulação não deve inadvertidamente penalizar "players" em outros mercados onde a relação custo benefício para a regulação não se aplica", disse Dallara.
O IIF dá três exemplos que afetam os emergentes. Primeiro, pelo novo requerimento de liquidez, para operações de longo prazo, como financiamentos imobiliários de 30 anos, o banco deve buscar funding também de longo prazo, para não haver divergência maior entre ativo e passivo. A questão é que isso é possível nos países industrializados, onde existem instrumentos de longo prazo para o funding. Mas nem em todos os emergentes os bancos vão conseguir isso. Ou seja, o que é desenhado para o G3 - EUA, Europa e Japão -, não pode ser transposto para os emergentes.
Segundo, é o problema de financiamento ao comércio exterior (trade finance). A potencial aplicação do nível de alavancagem definido por Basileia 3 sobre os ativos fora do balanço como carta de crédito e outros instrumentos financeiros vai penalizar as atividades financeiras para os emergentes. Pela proposta de Basileia, se a carta de crédito dada pelo banco for de US$ 100 milhões, o banco terá de ter 3% de capital adicional. Ainda que a garantia não seja usada, entra na medida do novo padrão de alavancagem, para limitar o endividamento do banco. O resultado, conforme o IIF, é encarecimento dos instrumentos de comércio exterior para os emergentes.
O terceiro problema é a proposta para que participações minoritárias deixem de contar como componente central do capital, o que vai dificultar a vida de grandes bancos internacionais com interesse de se expandir nos emergentes. Quando um grande banco internacional entra num mercado, não necessariamente adquire a totalidade dos 100% da subsidiária. Pode, por exemplo, começar com uns 40%, 50%. Até aqui o banco pode contar com essa parte para os efeitos de exigência de capital. Agora, somente se comprar os 100%.


Um mundo difícil à frente

Autor(es): Armando Castelar Pinheiro
Valor Econômico - 10/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/um-mundo-dificil-a-frente
A demanda por protecionismo e novas formas de política industrial vai crescer, especialmente nos EUA

O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre surpreendeu para cima, crescendo à taxa anualizada de 4,9%, acima dos 2,8% esperados pelo mercado. A surpresa positiva não elimina, porém, o fato de que houve uma desaceleração considerável no ritmo de expansão da atividade econômica, que fica mais evidente quando se considera que quase todo o crescimento no trimestre, pelas estimativas do Banco Central (BC), resultou de um carrego estatístico. Também importante, parcela relevante da variação do PIB adveio do acúmulo de estoques, parte do qual pode ter sido involuntário. [A reprimarização explica-se assim.]

O Brasil não foi o único país a experimentar essa desaceleração: os EUA, o Japão, o Canadá e a China, por exemplo, também passaram pelo mesmo processo. A história por trás disso varia entre os países, mas no todo é um sinal de que a economia mundial deve perder dinamismo na segunda metade do ano e, possivelmente, em 2011, quando o fim do ciclo de estoques e uma política fiscal mais restritiva devem funcionar como um freio adicional à expansão do PIB. Isso ocorre em um momento em que o hiato do produto, uma forma sintética de medir o grau de ociosidade de uma economia, é elevado nas economias do G-3, acendendo o temor de que essas mergulhem num demorado processo de desinflação, que complique ainda mais a digestão do elevado endividamento de famílias, sistema financeiro e governo.

O reflexo disso será um quadro econômico e político volátil e incerto. Mesmo que o mundo desenvolvido não vire o Japão desta década, o crescimento mundial deve ser baixo por muitos anos. Isso manterá as taxas de desemprego elevadas por um período longo, levando à perda de capital humano e grande insatisfação de parcela significativa dos eleitores. A demanda por protecionismo e novas formas de "política industrial" vai se intensificar, especialmente nos EUA, onde o elevado déficit em conta corrente é visto como um ralo pelo qual escoam os empregos que faltam internamente. [O pacote do Obama acena para a competição com a periferia por mercados industriais degradados, isto é: à desindustrialização não se apresenta alternativa senão repatriação rebaixada (e concentrada) das plantas tecnológicas, para afastar o risco, dentro do G3, de entrave ao repassamento de antivalor, pela pressão popular por direitos, desmercantilizados.] Isso vai ocorrer em um ambiente em que as empresas se defrontarão com um quadro regulatório em transformação, com o aumento da carga tributária, para fazer frente à dívida pública crescente, e novas normas para o setor financeiro, que podem restringir a oferta e aumentar o custo do crédito.

A taxa básica de juros no G-3 vai continuar baixa e, provavelmente, os bancos centrais, em especial o Federal Reserve (Fed, banco central americano), vão tentar novas formas de afrouxamento quantitativo, possivelmente envolvendo papéis privados, quiçá ações. Em um segundo momento, combinado com a queda do crescimento potencial, esse pode ser o combustível de uma aceleração inflacionária, que até certo ponto pode interessar a governos endividados. Mas esse é um capítulo à frente. [No longo prazo estaremos todos desvalorizados?]

Quando os historiadores olharem para esses anos, possivelmente o resumirão com uma baixa taxa média de crescimento. Para quem os viver, porém, a experiência será predominantemente bipolar, oscilando entre a frustração com indicadores negativos e a euforia com novas iniciativas governamentais de combate à crise. No mercado financeiro, que vive de dados de alta frequência, essa sensação de bipolaridade pode se tornar especialmente acentuada.

Nesse quadro, o polo dinâmico da economia mundial vai migrar para a Ásia emergente, liderada por China e Índia. Pelas projeções do FMI, essa região deve crescer a uma taxa média de 8,6% em 2010-15, contra apenas 2,4% nos países ricos. Para a China, em especial, o Fundo prevê uma expansão média de 9,6% ao ano. Esse bom desempenho chinês, e asiático em geral, deve funcionar como uma das âncoras das economias latino- americanas, mantendo seus termos de troca em patamar relativamente alto e puxando suas exportações. Para Chile, Peru e Brasil, em que a China responde por entre 20% a 37% do total das exportações, a Ásia vai se tornando mais importante para determinar o comportamento do comércio exterior do que parceiros tradicionais como os EUA e a Europa.

A América Latina também deve se beneficiar do grande influxo de capital externo, em busca de rendimentos elevados, em uma região em que os juros e o crescimento devem ficar bem acima dos países ricos. Isso vai estimular o crédito e o investimento, elevar a renda real e tornar a demanda doméstica a principal fonte de dinamismo da economia, mas também vai fortalecer as moedas locais e ampliar os déficits em conta corrente. Por aqui também vai haver uma intensa demanda por protecionismo e políticas industriais, voltadas para compensar a perda de competitividade dos setores mais afetados pelo câmbio, assim como a reconhecida falta de mão de obra qualificada e de infraestrutura de boa qualidade. [Estão desenhados dois blocos subimperialistas, que responderão pelo comércio Sul-Sul, como fosse verossímil descontar qualquer ingerência das matrizes wasp. As políticas protecionistas assinaladas, defendendo-se das desvantagens do comércio sinolatino, não serão assinadas de modo a prejudicar a hierarquização interna dos blocos. Nova fase da comédia do liberalismo.]

A questão que se coloca nesse cenário é em que grau as países em desenvolvimento serão capazes de sustentar esse bom desempenho, e um intenso comércio Sul-Sul, enquanto as economias do G-3 ficam estagnadas e com fundamentos fiscais cada vez piores. Para a América Latina, em adição, há o problema perene da baixa taxa de poupança, que pode levar a uma dependência insustentável da poupança externa, como em outros momentos no passado.


BCS FECHAM ACORDO PARA BLINDAR BANCOS

BANCOS VÃO PRECISAR DE MAIS CAPITAL
Autor(es): Andrei Netto
O Estado de S. Paulo - 13/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/13/bcs-fecham-acordo-para-blindar-bancos

Em reunião na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS), na Suíça, autoridades monetárias de 26 países, mais a União Europeia, fecharam acordo ontem para a criação de normas que visam a fortalecer o sistema financeiro mundial. Batizado de Basileia 3, o acordo prevê medidas que possam enfrentar turbulências de mercado e crises de liquidez das instituições, começando pela elevação de 2% para 7% do capital mínimo exigido dos bancos. A adaptação às novas regras começa em janeiro de 2013. 

Autoridades monetárias de vários países definem parâmetros para novo conjunto de normas do sistema financeiro global, o Basileia 3


BASILEIA - Autoridades monetárias de 26 países, mais a União Europeia, selaram acordo ontem para a criação de um novo arcabouço de normas para o sistema financeiro global, batizado de Basileia 3. Em reunião na sede do Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basileia, na Suíça, presidentes de bancos centrais concordaram em elevar de 2% para 7% a exigência de capital mínimo que os bancos terão de obedecer.

O objetivo é reduzir os riscos de futuras crises de liquidez ou solvência. As regras, que serão implementadas progressivamente entre 2013 e 2019, também preveem a criação de "colchões" de capital para amortecer o impacto de turbulências no mercado. Apesar de aumentar o rigor sobre a saúde financeira das instituições, as normas foram elogiadas por banqueiros privados.

A partir de 1o de janeiro de 2013, bancos do mundo terão de se adaptar aos novos padrões contábeis fixados pelos bancos centrais. Ao todo, o documento pode ser resumido em seis grandes medidas, dentre as quais se destacam a criação de padrões globais de capitalização e de alavancagem relação entre empréstimos concedidos e o capital total de uma instituição , a implementação de colchões de capital destinados a amortecer crises e a definição de novas regras sobre risco de crédito e qualidade de capital.

As linhas gerais do acordo já eram conhecidas desde julho. Ontem, as autoridades monetárias determinaram os porcentuais e os prazos a serem cumpridos. Basileia 3 eleva de 2% para 4,5% o volume de capital de alta qualidade (core capital ou common equity) de um banco, ou seja, o núcleo formado por ações e por lucros acumulados, descontadas deduções eventuais, como participações em subsidiárias.

Além desse aumento, a nova norma estabelece que outros 2,5% de capital deverão formar um "colchão de conservação", cujos recursos protegerão o capital mínimo durante uma crise. Somando os dois mecanismos, o nível mínimo vai a 7%, triplicando a exigência atual, estipulada em Basileia 2, em 2004.

Na prática, Basileia 3 aumenta o rigor da supervisão e força as instituições financeiras a se comportarem de forma mais conservadora na tomada de decisões, evitando, em tese, os riscos que resultaram na crise do sistema financeiro internacional de 2008. Em nota, Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu e coordenador do grupo de autoridades monetárias, elogiou o grau de severidade das medidas. "A contribuição (de Basileia 3) para a sustentabilidade financeira em longo termo será substancial", garantiu.

O presidente do BC brasileiro, Henrique Meirelles, definiu o marco legal como" momento importante na reforma do sistema financeiro". Basileia 3 precisará da anuência dos chefes de Estado e de governo do G-20, que se reunirão na Coreia do Sul, em novembro. Mas a chancela deve ser apenas protocolar.


Basiléia 3 não afeta crédito no país

Banco brasileiro terá de reter lucro
Autor(es): Claudia Safatle
Valor Econômico - 14/09/2010

As novas exigências de capital contidas no Acordo de Basiléia 3 terão impacto praticamente neutro" sobre a oferta de crédito no Brasil, avalia o governo. Com a retenção de lucros e respeito às regras de distribuição de dividendos e bonificações será possível aos bancos brasileiros cumprir as novas exigências sem ter de ir ao mercado buscar recursos.
Com a retenção de lucros e respeito às regras de distribuição de dividendos e bonificações será possível aos bancos brasileiros cumprir as novas exigências de capital determinadas pelo Acordo de Basileia 3, firmado no fim de semana, sem ter que ir ao mercado buscar recursos e com impacto praticamente "neutro" sobre a oferta de crédito no país, avalia-se no governo.
As regras de requerimento de capital do Banco Central do Brasil já eram mais duras do que as de Basileia e, no debate sobre a reformulação da regulação do sistema financeiro após a crise de 2008, o BCB se alinhou com a parcela mais exigente no âmbito do BIS (Banco de Compensação Internacional).
No cerne das preocupações da autoridade monetária está o processo de internacionalização do sistema bancário brasileiro, cujas instituições já se equiparam aos maiores bancos do mundo. O Banco Central do Brasil quer evitar, também, que os bancos com atuação no exterior importem riscos para o país.
Pelo acordo concluído neste fim de semana, todos os bancos vão ter que elevar de 2% para 4,5% o percentual de capital mínimo de alta qualidade - ou seja, ações e lucros retidos - em relação aos seus ativos ponderados pelo risco.
Além desse percentual eles terão que agregar mais 1,5% de capital de nível 1 (que compreende também bônus perpétuos e instrumentos híbridos de capital); 2,5% a título de colchão de conservação; e de zero a 2,5% de capital como um colchão contra cíclico, o que ocorrerá quando a economia estiver com uma taxa de crescimento bastante expressiva, "bombando", na linguagem do mercado.
No total, portanto, incluindo os colchões criados para o enfrentamento de crises financeiras, como a vivida no ano de 2008, o requerimento de capital sobe para 13% sobre os ativos ponderados pelo risco. Nesse rearranjo, o chamado capital de nível 2 (dívida subordinada, CDBs, contratos) perdeu status. Este poderá representar, no máximo, dois pontos percentuais do capital total.
Simultaneamente ao novo marco de requerimento de capital, Basileia 3 criou um padrão internacional de liquidez ("Liquidity Coverage Ratio"), até então um aspecto negligenciado pela regulação, que exigirá dos bancos a disponibilidade de ativos líquidos realizáveis suficientes para atender integralmente a demanda, numa janela de 30 dias, em situações de crise.
Isso valerá tanto para o curto quanto para o médio e longo prazos. "A crise mostrou que em momentos de stress pode faltar "funding" para os bancos e que não basta olhar só o lado esquerdo do balanço", comentou uma fonte.
Soma-se a esse conjunto de regras, ainda, o requerimento de capital mínimo para alavancagem. A razão da alavancagem será de 3% do ativos não ponderados pelo risco ( com o peso de capital nível 1).
Depois que os bancos fizerem todas as suas contas, entra essa que é uma medida de "repescagem", cuja inspiração também veio de uma das lições da crise financeira de 2008: a alavancagem é pró cíclica. As pessoas não só consomem como também tomam mais dinheiro emprestado nos ciclos de crescimento, mesmo com todas as rédeas criadas por Basileia 2.
"É uma pancada, mas bem dosada e distribuída ao longo do tempo", comentou uma fonte que acompanhou as discussões dos dirigentes de banco centrais do mundo todo na sede do Banco para Compensações Internacionais (BIS), na Suíça.
No Brasil, enquanto Basileia exigia 8% de capital total, o BC já operava com 11%, embora a média do sistema seja maior, de 17% sobre o ativo. Hoje, desse total 4,7% representa capital de boa qualidade (ações e lucros retidos), enquanto a exigência de Basileia era de apenas 2% até o acordo do fim de semana. O capital de nível 2, de mais baixa qualidade, não pode representar mais do que 100% do montante de capital de nível 1 no caso dos bancos brasileiros hoje.
O prazo de implementação do novo mapa de capital do sistema bancário será de 2013 a 2019 e, na avaliação da autoridade monetária, no caso brasileiro, não haverá impacto relevante na oferta de crédito à economia, levando em conta que depois de um forte processo de aumento do crédito, que passou de 25% para 45% do Produto Interno Bruto (PIB), e de bancarização no país, a taxa de crescimento tende a ser mais moderada nos próximos anos. Essa avaliação compreende também um crescimento econômico na casa dos 4,5% ao ano nos próximos anos e uma rentabilidade dos bancos no Brasil um pouco menor do que a média que o sistema vem tendo nos últimos anos.
Segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, o sistema financeiro brasileiro deve estar preparado para cumprir os requerimentos nos prazos determinados. "Evidentemente, instituições isoladas deverão ser analisadas caso a caso", disse ele.


O rato que não rugiu

Autor(es): Martin Wolf
Valor Econômico - 15/09/2010
Para comemorar o segundo aniversário da queda do Lehman, a montanha da Basileia se empenhou vigorosamente e apresentou um rato. Desnecessário dizer, o setor bancário insistirá em afirmar que o rato é um tigre prestes a devorar a economia mundial. Essas alegações unilaterais, nas quais esse setor mimado é especialista, devem ser ignoradas: remover incentivos para o comportamento temerário não é um custo para a sociedade; é um custo para os beneficiários. Esse não deve ser confundido com aquele. O mundo precisa de um setor bancário menor e mais seguro. O defeito das novas regras é que elas não farão isso.
Estou sendo severo demais? "As agências reguladores do sistema bancário global... selaram um acordo para... triplicar o tamanho das reservas de capital que os bancos do mundo deverão deter contra perdas", diz o "FT".
O novo pacote estabelece um coeficiente de capital ponderado pelo risco de 4,5%, mais que o dobro do nível atual, de 2%, mais um novo colchão de conservação de 2,5%. Bancos cujo capital se enquadrar na zona de conservação enfrentarão restrições sobre pagamento de dividendos e gratificações opcionais. Portanto, a regra estabelece um piso efetivo de 7%. Mas os novos parâmetros deverão ser implantados até 2019. Até lá o mundo provavelmente já terá presenciado uma ou duas crises.
Os reguladores estão tentando tornar o sistema financeiro atual menos inseguro. O mundo não pode se permitir outra crise dessas por pelo menos uma geração. Por esses padrões, o que está surgindo é insuficiente. Esse rato jamais rugirá alto o bastante.
Vejam só, que surpresa: representantes do setor apresentam estimativas praticamente oito vezes maiores. O relatório oficial responde acidamente que: "As estimativas do setor presumem que, na falta de qualquer reforço de regulamentação, os bancos preferirão aumentar a sua alavancagem nos próximos anos, retornando aos níveis que prevaleceram imediatamente antes da crise; que o retorno sobre o patrimônio exigido das instituições financeiras aumentará à medida que a rede de segurança do governo enfraquecer; e que o vínculo entre o crescimento do crédito total e o PIB real é praticamente a média em relação ao período de alto crescimento do crédito que precedeu a crise".
Qualquer um desses tipos de exibição dos custos da regulamentação equivale a Hamlet sem o fantasma: ela ignora o que move a trama. Não podemos avaliar o custo da regulamentação sem reconhecer alguns fatos: primeiro, tanto a economia como o sistema financeiro acabam de sobreviver a uma experiência quase fatal; segundo, os custos da crise incluem milhões de desempregados e dezenas de trilhões de dólares em perda de produção, conforme argumentou Andy Haldane, do Banco da Inglaterra; terceiro, os governos resgataram o sistema financeiro com a socialização dos seus riscos; por último, o setor financeiro é o único que detém acesso ilimitado à carteira do público e, consequentemente, é, de longe, o mais subsidiado do mundo.
É necessário retornar aos princípios básicos na avaliação dos alegados custos das exigências de mais capital (e liquidez). Primeiro, é incorreto que o capital é caro, conforme artigo de Anat R. Admati e outros, da Universidade Stanford, assim que levamos em conta o fato de que mais capital reduz o risco para credores e contribuintes, como deveríamos. Menos capital significa retornos mais altos, mas também risco mais elevado.
Segundo, na medida que os credores arcam com o custo do fracasso, mais capital significa dívida mais barata. Portanto, se os subsídios fossem retirados da dívida, a alteração da relação entre capital e dívida não deveria afetar os custos de obtenção de recursos para o balanço patrimonial.
Terceiro, se os contribuintes arcam com o risco, mais capital compensa esse subsídio implícito. O público em geral tem interesse zero; a bem da verdade, tem um interesse negativo, em subsidiar a tomada de risco dos bancos, de forma geral. Por esse motivo, o subsídio que ele oferece fornecendo seguro grátis deve ser compensado pela imposição de exigências de capital mais elevadas.
Quarto, o público tem um interesse em impor exigências de capital mais elevadas que aquelas que qualquer banco individual estaria disposto a arcar, no seu próprio interesse. Bancos geram risco sistêmico endogenamente. Esse custo deve ser incorporado pelos tomadores de decisões. Mais capacidade de arcar com risco é uma forma de fazê-lo.
Por fim, na medida em que o público quer uma forma específica de tomada de risco subsidiada - conceder empréstimos a empreendimentos de pequeno e médio porte, por exemplo - ele deve fazê-lo diretamente. Subsidiar o sistema bancário como um todo, persuadi-lo a assumir o que é meramente uma pequena parte da sua atividade é ineficaz.
A conclusão, portanto, é que as exigências de capital precisariam ser muito mais altas, talvez chegando até a 20% ou 30%, sem a ponderação de risco. Então seria possível prescindir das várias formas de capital casual que têm muito maior probabilidade de exacerbar do que aplacar o pânico numa crise. É só porque nos acostumamos com essas estruturas excepcionalmente frágeis que essa demanda parece ser tão ultrajante.
Isso não implica que neguemos dois enormes problemas. Um deles é que qualquer transição dessas equivalerá a tirar drogas de um viciado. A forma mais simples de reduzir custos ao mínimo seria que os governos subscrevessem o capital adicional e, assim, ao longo do tempo, vendessem o que levarem ao mercado. O outro é que existe um extraordinário potencial para arbitragem regulatória, com riscos se deslocando por todos os lados no sistema. Esses riscos podem facilmente voltar a desabar sobre o sistema bancário.
Os reguladores estão tentando tornar o sistema financeiro atual menos inseguro, progressivamente. Isso é melhor do que nada. Mas não criarão um sistema seguro. O mundo não pode se permitir outra crise dessas por pelo menos uma geração. Por esses padrões, o que está surgindo é simplesmente insuficiente. Esse rato jamais rugirá alto o bastante.

BOLSAS MUNDIAIS PERDEM US$ 17 TRI EM VALOR DE MERCADO COM A CRISE FINANCEIRA

TOMBO DE US$ 17 TRILHÕES
Autor(es): Agencia o GloboBruno Villas Bôas
O Globo - 13/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/13/bolsas-mundiais-perdem-us-17-tri-em-valor-de-mercado-com-a-crise-financeira

 Valor de mercado de bolsas de valores em todo o mundo encolheu e ainda não se recuperou

As bolsas de valores em todo o mundo encolheram US$ 17 trilhões em valor de mercado com a crise das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos. Esse valor é a diferença entre a soma de todas as ações dos mercados de 84 países em 30 de outubro de 2007, quando bateram o recorde histórico de US$ 62,2 trilhões, e o fechamento na última sexta-feira (US$ 45,2 trilhões), segundo dados da Bloomberg.

Isso significa que, mesmo com toda a injeção de incentivos dos governos, o patrimônio de milhões de investidores continua abalado pela crise. Nenhuma das principais bolsas recuperou o valor perdido na crise, inclusive a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O mercado no Brasil ainda acumula tombo de US$ 128 bilhões, ainda de acordo com a Bloomberg.

E, segundo economistas, a recuperação dessas perdas segue incerta diante dos recentes sinais de desaceleração em EUA, Europa e Japão. Nenhum descarta um cenário de segundo mergulho ou uma recessão em W, como mostrou reportagem publicada ontem pelo GLOBO.

As bolsas vão se recuperar completamente quando houver um quadro confiável de crescimento.

As empresas terão lucro e as ações atrairão investidores. Mas não há cenário seguro sobre o rumo das economias hoje, diz Hugo de Azevedo, superintendente do Santander.

Existe uma tendência de recuperação, mas muita gente ainda vive a crise, que mudou a cabeça de todos. O mercado vinha de anos de fortes ganhos. Era uma onda: quem colocava dinheiro ganhava. Isso acabou, completa Hersz Ferman, da Yield Capital.

O divisor de águas foi o colapso do banco Lehman Brothers, que completa dois anos na próxima quarta-feira. Sua falência empurrou as bolsas mundiais que recuavam havia um ano para o fundo do poço. A mínima foi alcançada em 9 de março de 2009, quando o valor de mercado das bolsas chegou a US$ 25,4 trilhões, queda de 60% em relação ao pico histórico.
Bolsas de emergentes têm melhor desempenho
Economistas lembram que o tombo provocado pelo Lehman Brothers foi recuperado. Na última sexta-feira, as bolsas mundiais estavam US$ 500 bilhões acima, em valor de mercado, do pregão que antecedeu a quebra do banco. Mas essa recuperação ocorreu de forma desigual entre os diferentes mercados. Na última sexta-feira, estavam acima do valor de mercado do pregão anterior à quebra do banco as bolsas de Brasil (21,23%), China (65,69%) e Hong Kong (26,66%).
São os emergentes que saíram antes e melhor da crise. Na outra ponta, ainda apresentavam recuo as bolsas de países desenvolvidos, como EUA (10,41%), França (20,06%) e Japão (3,49%). [A divisão internacional desdobrou-se nisto: os mercados menos custosos receberam as plantas produtivas, cujo lucro é repatriado para as matrizes. A crise de 2008-9 selou este passo. Obama demanda reacolhida delas, com investimento; a UE, não - vai cortar o déficit. Volto ao tema por causa da Conceição Tavares, ou da pressa da reportagem da Folha; a divisão entre centro e periferia não acabou - nem o fosso entre os complexos socioeconômicos diminuiu. É sobre a desigualdade interestatal que a contratendência na taxa de lucro opera, desde antes do Imperialismo da virada do XX. Hoje, o aperto do crédito dentro do G7, o fracasso da injeção de liqüidez via negociações imobiliárias, anuncia que as populações foram abandonadas; que do pacto keynesiano não se cogita mais; ao mesmo tempo, sob tais imposições, seria equivocado, ao meu ver, acreditar que a periferia "está subindo", enquanto o centro, "descendo". Ambos estão despencando. Isto dá menos lucro, como as bolsas registram, mas a extração do valor reforça suas bases. O capital financeiro evaporou em parte. Outra, a substancial, está nas empresas da fronteira, mineração e alimentos. A BP e os mineiros chilenos. O assédio estrangeiro sobre as terras brasileiras. Até quando perdurará a acumulação primitiva, via estado, da China? No Brasil, já está em mãos de particulares. Aqui, uma nuança. Um olho sobre a Rússia, pra compreender sua debilidade, esclarecerá a retração do mercado doméstico europeu, bem como as vicissitudes dos primos pobres da UE. Nem ali as plantas produtivas podem instalar-se, porque o nível requerido de "exploração capitalista" atual, dentro do mesmo bloco econômico, não se realizaria. Quais são os verdadeiros negócios do SANTANDER? Do Credito Suisse? Do Deutsche Bank? Indispensável esta pesquisa: Rússia, UE, braços do Kfinanceiro. Estas linhas não são definitivas, precisam de verificação.]

Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, diz que as bolsas emergentes reagiram melhor graças ao motor do consumo interno e investimento. O mercado de trabalho em países como Brasil, China e Índia foi menos afetado, atraindo investidores: Nos mercados desenvolvidos, por outro lado, os efeitos da crise foram perversos. Os fundamentos permanecem ruins, o que afeta investimentos de risco, afirma.

Para Fausto Vieira, da Rio Bravo Investimentos, a recuperação dos emergentes deve continuar mais rápida que os desenvolvidos: Uma nova recessão seria bem complicada.

As bolsas dariam um novo mergulho. Mas acreditamos que elas continuarão se apreciando, passando das máximas históricas de 2007.

Segundo ele, os emergentes surpreenderam mais os investidores, o que nas bolsas pode valer mais que propriamente bons fundamentos: Os países emergentes mostraram números melhores que o imaginado por economistas. Isso anima investidores, atrai capital estrangeiro.

Para Azevedo, do Santander, a crise serviu de aprendizado para os novos investidores: Ficou claro que existem momentos para plantar e colher. Mas um dia pode aparecer um furacão pela frente e você passar fome.



Déficit comercial cai, mas importação da China sobe

Autor(es): Agências internacionais
Valor Econômico - 10/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/deficit-comercial-cai-mas-importacao-da-china-sobe
O déficit comercial dos EUA caiu em julho, mas o dado aponta para fragilidade da economia do país. Uma delas é a queda de importações: as empresas estão importando menos pois não veem necessidade de repor estoques. Outro ponto importante é que déficit com a China continua alto. Esse tema politicamente sensível deve continuar a pressionar as autoridades em um ano eleitoral.
O déficit geral teve a maior queda em 17 meses, à medida que as exportações subiram e as importações caíram. A redução no déficit foi de 14%, para US$ 42,78 bilhões, ante os US$ 49,76 bilhões de junho, informou o Departamento de Comércio. A queda, após três meses seguidos de alta, foi maior que a esperada. Economistas previam déficit de US$ 47 bilhões em julho.
As exportações dos EUA cresceram 1,8%, para US$ 153,33 bilhões, o nível mais alto desde agosto de 2009. As importações caíram 2,1%, para US$ 196,11 bilhões.

As importações da China subiram para o nível mais alto desde outubro de 2008, US$ 33,26 bilhões, com alta de US$ 393 milhões. Já as exportações cresceram US$ 630 milhões, para US$ 7,35 bilhões.
Nos sete primeiros meses do ano, o déficit com a China está 17,7% maior que no mesmo período de 2009. Em junho de 2010, o déficit dos EUA com a China caiu para US$ 25,92 bilhões, contra US$ 26,15 bilhões em junho. No conjunto, o dado deve estimular os críticos que acusam o governo de não agir para combater práticas comerciais consideradas injustas por parte dos chineses, como a de manter a moeda desvalorizada.
Com o alto desemprego nos EUA, perto de 10%, há forte pressão para que sejam adotadas barreiras para proteger os trabalhadores americanos. Alguns políticos pedem sanções comerciais à China.
Outro dado divulgado ontem sugere algum alívio no mercado de trabalho. O número de trabalhadores que entrou pela primeira vez com pedido de auxílio-desemprego caiu 27 mil, para 451 mil, após ajustes sazonais, na semana até 4 de setembro, segundo o Departamento do Trabalho.

Compra de títulos do Japão pela China gera tensão

Autor(es): Michiyo Nakamoto e Geoff Dyer
Valor Econômico - 10/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/compra-de-titulos-do-japao-pela-china-gera-tensao
O Japão manifestou preocupação com o acentuado aumento recente verificado na compra de títulos da dívida japonesa (JGB, na sigla em inglês) por parte da China, na mais recente de uma série de notas amargas num relacionamento tradicionalmente tenso, por cuja estabilização os dois lados se empenharam a duras penas.

A compra de JGBs por parte da China representa um tema especialmente sensível, uma vez que envolve ansiedades no Japão sobre o fortalecimento do iene e seu impacto sobre a economia.
Tóquio e Pequim também entraram em conflito nesta semana depois que as autoridades japonesas detiveram o capitão de um barco de pesca chinês nas disputadas águas do Mar do Leste da China.
"Há algo estranho no fato de a China poder comprar títulos do governo japonês enquanto o Japão não pode [comprar títulos chineses]", disse Yoshihiko Noda, ministro das Finanças japonês.
"Há espaço para os dois governos manterem conversas com vistas a melhorar essa situação."
Nos sete primeiros meses desse ano, as compras chinesas líquidas de JGBs foram de aproximadamente 2,3 trilhões de ienes (US$ 27,4 bilhões), segundo o Ministério das Finanças japonês.
Apesar de Noda não ter estabelecido um vínculo entre as compras chinesas de títulos japoneses e a alta do iene, ele disse que o Japão queria uma explicação para a compra de uma "enorme quantidade de JGBs de curto prazo" efetuada pela China em maio. "Não sei quais são seus reais objetivos, mas gostaríamos de esclarecer."
Seus comentários ocorrem no momento em que o governo japonês enfrenta pressão crescente para conter o fortalecimento do iene, que está prejudicando a competitividade dos exportadores japoneses e corroendo seus lucros. O iene atingiu nesta semana a maior cotação em 15 anos em relação ao dólar dos EUA.
Apesar de as compras líquidas de títulos japoneses realizadas pela China estarem em nível recorde, alguns analistas dizem que elas exercem efeito irrisório sobre o mercado de câmbio.
"Seria um verdadeiro exagero afirmar que o movimento de compra de títulos por parte da China seria o fator que está valorizando a moeda", disse Christian Carrillo, analista da Société Générale. Ele disse que os fluxos líquidos provenientes da balança de pagamentos ofuscam as compras chinesas totais, que somam 2,316 trilhões de ienes.
Além disso, a compra é minúscula na comparação com a emissão total de títulos do governo do Japão, estimada em 162,414 trilhão de ienes para o ano fiscal que termina em março de 2011.
Outros analistas, porém, discordam. "Acredito que a compra chinesa [de JGB] esteja exercendo pressão altista sobre o iene", disse Tohru Sasaki, analista de moeda estrangeira do JPMorgan.
Ichiro Ozawa, o peso-pesado do Partido Democrata que está desafiando o premiê Naoto Kan pela liderança na próxima semana, tem sido eloquente sobre a possível necessidade de intervir nos mercados de câmbio para deter a valorização do iene.
As críticas de Tóquio ao mercado fechado da China - que restringe investimentos por meio de controles de capital - surgiram depois que Larry Summers, principal assessor econômico do presidente dos EUA, Barack Obama, visitou Pequim nesta semana, em parte para tentar convencer as autoridades chinesas a permitir que o yuan se valorize ainda mais.
As observações de Noda também se seguem a um período de especulação renovada sobre a gestão chinesa de seu volumoso estoque de reservas cambiais.
Além da ampliação das compras de títulos japoneses, operadores de câmbio dizem que a China também tem sido uma compradora de títulos de dívida sul-coreanos, canadenses e australianos.

China terá maior mercado acionário do mundo até 2030, diz Goldman

Valor Econômico - 10/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/china-tera-maior-mercado-acionario-do-mundo-ate-2030-diz-goldman

A China poderá passar os EUA como o maior mercado acionário do mundo em capitalização até 2030, enquanto o Brasil pode superar a Alemanha e alcançar o Japão e Grã-Bretanha, no rastro de valorização persistente das ações dos mercados emergentes.

A projeção é do banco Goldman Sachs, em relatório que se baseia em "estimativas conservadoras" e resultados como alta de 600% nas ações de emergentes nos últimos 15 anos. A importância crescente desses mercados é explicada pelo rápido crescimento econômico e pelo "amadurecimento" de seu mercado de capital.
O banco americano projeta alta na capitalização global das bolsas (em dólar corrente) de US$ 43 trilhões atualmente para US$ 145 trilhões em duas décadas. Com isso, o valor das bolsas dos mercados emergentes passaria de US$ 14 trilhões para US$ 80 trilhões, enquanto nos mercados desenvolvidos aumentaria de US$ 30 trilhões para US$ 66 trilhões.
Goldman estima que, em dez anos, metade das compras de ações por investidores institucionais dos países ricos será direcionada para empresas de mercados emergentes, principalmente nos Bric (Brasil, Rússia, China e Índia). O Goldman calcula que essas instituições comprarão US$ 4 trilhões, pelos preços atuais, de ações dos emergentes em duas décadas, aumentando seu portfólio nesses mercados de 6% para 18%.
O avanço do mercado de ações brasileiro será enorme, pela projeção do banco americano. Passa a ter a quinta maior fatia globalmente em termos de capitalização, passando de US$ 1,1 trilhão hoje para US$ 4,5 trilhões em vinte anos. A fatia do país continuará sendo de 3%, mas a do Japão degringola de 7% para 3%, da Grã-Bretanha de 6% para 3% e da Alemanha de 3% para 2%.
Nesse cenário, a fatia dos emergentes no mercado global de ações passa de 31% para 55% em vinte anos. A China sozinha aumenta sua participação de 1% há dez anos e 11% hoje para 28% em 2030. Até lá, os principais mercados de ações no mundo serão a China, EUA (cai de 32% para 26%), Índia (sobe de 3% para 5%) e Rússia (de 2% para 4%).


Para Deutsche, Basileia 3 pode afetar economias

Autor(es): James Wilson | Financial Times, de Frankfurt
Valor Econômico - 24/09/2010
 
Josef Ackermann, executivo-chefe do Deutsche Bank, alertou sobre riscos à economia se os bancos concorrerem numa "corrida rumo ao topo" para superar as normas de capital globais.

O primeiro a reclamar

Os comentários, vindos de um dos mais destacados executivos de banco do mundo, ocorrem na esteira do acordo entre órgãos reguladores sobre as novas medidas da Basileia 3, que exigem que os bancos detenham mais capital na tentativa de se resguardarem contra outra crise financeira.
Ackermann disse que os bancos agora estão sob pressão do mercado para ultrapassar e acelerar as exigências da Basiléia 3, que deverão ser implantadas em etapas, até 2019, para a maioria dos bancos.
Se os bancos cederem a essas pressões por meio do fortalecimento do seu capital de forma mais draconiana do que a exigida pelas regulamentações, os balanços patrimoniais poderiam ser abruptamente cortados e a oferta de concessões de empréstimos à economia seria afetada, advertiu.
"As coisas ficarão muito piores [do que pretendiam as agências reguladoras]", disse Ackermann, numa conferência em Frankfurt organizada pelo jornal "Die Zeit". "Isso seria um desdobramento muito perigoso na direção errada". Alguns órgãos reguladores nacionais, como o Financial Services Authority do Reino Unido, já deixaram claro que poderão ir além dos acordos de Basiléia, ao estipularem normas ainda mais rígidas para os bancos que supervisionam.
Ackerman deixou claro que acredita que bancos como o Deutsche, que atuam globalmente, seriam obrigados pelo sentimento do mercado a equiparar qualquer conjunto de normas mais exigentes imposta.
"Teremos de satisfazê-las também. Não podemos simplesmente ignorá-la", disse Ackermann. Para ele, é preciso que reinem "condições iguais para todos" globalmente. O Deutsche Bank foi um dos primeiros bancos a responder ao Basel 3, empreendendo uma emissão de 10,2 bilhões (US$ 13,6 bilhões) que será encerrada no próximo mês.

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