sexta-feira, 10 de setembro de 2010

BC atua e ajuda a segurar dólar a R$ 1,72

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/bc-atua-e-ajuda-a-segurar-dolar-a-r-1-72
Por dentro do mercado
Autor(es): Eduardo Campos
Valor Econômico - 10/09/2010
As expectativas envolvendo a oferta de ações da Petrobras e a retomada das captações externas por bancos e empresas ajudaram o dólar comercial a romper o "piso informal" de R$ 1,75, que prevaleceu por quatro meses. Mas agora parece que o mercado de câmbio já encontrou outra barreira à venda ao redor de R$ 1,72 no mercado à vista e R$ 1,725 no futuro.
Pelo segundo pregão consecutivo, o dólar comercial fez mínima a R$ 1,721, mas recuperou preço, mesmo que marginalmente, e encerrou a R$ 1,723, queda de 0,11%. Cabe lembrar que essa foi a sétima queda consecutiva e que tal sequência de baixa não era registrada desde a passagem de maio para junho de 2009.
O Banco Central (BC) deu sua contribuição no dia ao fazer, novamente, duas atuações no câmbio à vista. Primeiro tomou moeda a R$ 1,7236 por volta das 12h20, e depois a R$ 1,7242 próximo das 16 horas.
Banco Central volta a fazer duas atuações no câmbio
Conforme notou o superintendente de tesouraria do Banco Banif, Rodrigo Trotta, o leilão propriamente dito não traz efeito no preço da moeda. "A questão é mais de sinalização. Mostra que o Banco Central está atento ao mercado", diz Trotta.
Segundo o especialista, as compras à vista teriam efeito no preço apenas se o BC pagasse cotações acima das praticadas pelo mercado. Mas isso não faz parte do seu histórico de atuação.
Fora isso, a efetividade do leilão à vista depende da boa vontade do mercado. Não adianta o BC anunciar compra se o mercado não quiser vender.
Portanto, diz Trotta, essas atuações podem ter gerado um impacto não mensurável, pois se não fossem elas, certamente o dólar já estaria a R$ 1,70.
Cabe lembrar que agora em 2009, o BC retomou as duas atuações diárias em 15 de abril, quando a moeda rompeu a linha de R$ 1,74. A estratégia se repetiu por mais três vezes quando a moeda voltou a furar esse mesmo R$ 1,74. A última atuação dupla foi no dia 3 de maio. Depois disso, o BC teve "ajuda" da crise das dívidas soberanas da Europa, que aumentou a demanda por dólar e levou a moeda para cima de R$ 1,85.
Ainda no câmbio, mas com um enfoque diferente, o sócio da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, afirma que essa força do real é resultado mais de especulação do que qualquer outra coisa. "O real é a segunda moeda mais negociada do mundo nos mercados de derivativos, mas não tem aceitação física fora do Brasil", exemplifica.
Segundo Daoud, o mercado sabe que o governo brasileiro não vai deixar o real se desvalorizar pelo simples fato de a demanda interna ser suprida pelas importações. Dentro dessa conjuntura, uma alta no preço do dólar resultaria em alta da inflação e aumento nos juros, pondo fim ao modelo atual de crescimento.
O risco, que pode custar boa parte, se não toda, a reserva internacional de US$ 260 bilhões é esse "esquema" de crescimento via importação deixar de funcionar.
Ainda na visão do especialista, são dois os gatilhos que podem levar a uma mudança de mão no mercado. Ou seja, fazer esses dólares todos que estão por aqui passear em outro lugar.
O primeiro é um ajuste relevante na taxa de juros americana - algo não esperado por ao menos dois anos. Ou a ocorrência de um fato imponderável, como ataques terrorista ou conflito no Oriente Médio. "Isso é algo que pode acontecer e não vejo como desarmar essa armadilha. Temos que defender a nossa moeda."







Até aqui, tudo bem

Brasil S.A - Antônio Machado
Correio Braziliense - 10/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/ate-aqui-tudo-bem
BC pinta um quadro benigno para a inflação, corroborado também por indicadores da indústria.

Da variação do IPCA em agosto, que continua praticamente estável, à ata da reunião em que o Banco Central cessou o ciclo de alta da Selic no patamar de 10,75% ao ano, os sinais indicam calmaria para a economia nos próximos meses, cobrindo a virada de governo.

O indicador sobre o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) em julho, apurado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), completa a lista de prognósticos favoráveis, encimados pela variação de apenas 0,04% em agosto do IPCA, o metro dos preços ao consumidor que baliza o tamanho da Selic, contra 0,01% em julho.

O Nuci veio de 82,5% em junho para 82,3%, e outra vez abaixo das expectativas dos que o monitoram em busca de eventuais pressões de demanda capazes de afastar a convergência da inflação ao centro da meta anual (4,5%, com piso e teto de 2,5% a 6,5%), perseguida pelo BC conforme mandato recebido do governo. Ambas estão sob controle.

O nível da produção industrial recuou pelo terceiro mês seguido, o que sinaliza perda de dinamismo, significando projeção de vendas no mercado interno e exportações sem saltos à frente. O índice de julho do Nuci está acima da média de 81,6% entre 2004 e 2008, mas abaixo do período pré-crise, no 1º semestre de 2008, de 83,2%.

Tais dados são compatíveis com a convergência da inflação medida pelo IPCA ao centro da meta. Até agosto, em doze meses, como também ocorrera em julho, ela ficou abaixo da meta, cravando variação de 4,49%. A deflação dos preços dos alimentos, devolvendo as altas no início do ano, foi novamente o principal fator de desinflação.

Não se espera tal fenômeno daqui para frente. A sazonalidade de fim de ano sugere alguma recuperação desses preços. Vestuários também devem pressionar a inflação. Mas, segundo os especialistas, nada disso será anormal e já está precificado. A expectativa geral é que a inflação chegue a dezembro com variação anual entre 4,9%, a aposta da consultoria LCA, e 5,10%, previsão do Bradesco.

Pelo Focus, a média semanal da centena de fontes pesquisadas pelo BC, a inflação virá de 5,07% em 2010 para 4,85% em 2011, com dólar a R$ 1,79 este ano e R$ 1,85 no próximo. A nota destoante do Focus é a trajetória da Selic. Ela passaria de 10,75% a 11,50% em 2011.

Neutralidade polêmica
O BC não sugere tal evolução para a Selic. O que faz o mercado e o BC divergirem? Pelo que diz a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), provavelmente pela avaliação da chamada “taxa de juros neutra” — conceito segundo o qual, para um dado patamar de juros, se tem o maior crescimento possível com inflação estabilizada.

Qual seria a taxa neutra? Não há consenso. Pela ata, supõe-se que deva estar em torno de 6% (10,75% de Selic menos inflação a 4,5%). Cálculos da LCA, considerando tudo mais constante, levam a 5%.

Para o BC, a “potência da política monetária” aumentou — sinal de que o “processo de amadurecimento do regime de metas se encontra em estágio avançado”, o que “se reflete favoravelmente na dinâmica da taxa de juros neutra”. O mercado ainda desconhece esse BC.

Poucos riscos adiante
Enquanto economistas cujas análises ecoam nas mesas de tesouraria da banca projetam repique da inflação em 2011, como prevê Affonso Pastore, dos mais ouvidos no mercado financeiro, o BC diz que as “pressões inflacionárias são contidas com mais eficiência por meio de ações de política monetária”, desdobrando-se em “redução significativa da taxa neutra” de juros. E quanto à conjuntura?

A ata do Copom diz que “riscos baixos” no curto prazo, inclusive pelo viés “desinflacionário” no cenário internacional, “tendem a reduzir incertezas em relação ao comportamento futuro da inflação plena”, configurando um quadro de taxas ao redor do centro da meta entre 2011 e o primeiro semestre de 2012, com a Selic a 10,75%. E, se algo der errado, entra em cena o velho BC. “Caso a inflação não convirja tempestivamente para o valor central da meta”, avisa a ata, “a política monetária deve atuar”, a Selic subir, etc. etc.

O que falta definir
Então fica assim: a economia está bem, segundo o BC, mas ou segue desse jeito ou a Selic volta a encrespar. Ou, e isso quem diz sou eu, as diretrizes devem mudar, sobretudo a meta de inflação. Dilma Rousseff já se comprometeu com 4,5%. É um começo. Falta definir a meta de superavit primário sem disfarce, e otras cositas más sobre o gasto público, para que o fardo do controle da demanda agregada não seja só do BC. Ah! E decidir se câmbio é instrumento auxiliar contra a inflação ou um meio de rentabilizar as exportações.

O teste do Congresso
O controle sobre o gasto público não é tarefa impossível, não com o governo começando e depois de o presidente Lula ter acertado os salários do funcionalismo e aposentados. Depende do pulso firme da nova administração e do empenho pelo crescimento econômico movido mais pelo investimento que pelo consumo bombado a gasto público.

O controle fiscal costuma ser o primeiro teste do Congresso sobre um presidente novato. Se piscar, nunca mais se recupera. A Selic e o câmbio são paradas condicionadas pelo fiscal. A depreciação do real impacta a inflação — e só é efetiva para o exportador se ela for contida. O BC tem a Selic para isso. E a Fazenda, o orçamento fiscal, a tesoura e as alíquotas dos impostos. Qualquer descompasso entre BC e Fazenda liquidará as metas e reporá a inflação em cena.

Dívida pode cair para 27,8% do PIB até 2014

Brasil
Autor(es): Claudia Safatle
Valor Econômico - 10/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/divida-pode-cair-para-27-8-do-pib-ate-2014
Basta prosseguir com superávit primário de 3,3%

Com apenas "mais do mesmo" será possível encerrar o próximo mandato presidencial, em 2014, com uma relação dívida líquida/ Produto Interno Bruto praticamente equacionada, afastando qualquer dúvida que ainda eventualmente subsista sobre a solvência do Estado brasileiro.

Projeções elaboradas pelo Ministério da Fazenda indicam que a mera manutenção do superávit primário consolidado do setor público em 3,3% do PIB nos próximos quatro anos, crescimento de 5% a 5,5% do PIB, com a taxa de juros implícita na dívida e inflação de 4,5% ao ano será possível sair de uma dívida líquida equivalente a 39,6% do PIB, estimada para 2010, para 27,8% do PIB em 2014. Nesse mesmo ano, segundo os prognósticos oficiais, o país terá reduzido a zero o déficit público nominal, que deve ficar este ano em 1,9% do PIB.

Trata-se, portanto, de uma redução notável, considerando que em 2002 (durante a campanha eleitoral que elegeu Lula presidente da República) a dívida pública chegou a representar 60,2% do PIB, o que gerou enormes dúvidas, na ocasião, sobre a capacidade do Estado de honrar seus compromissos e expôs o risco de "calote" - principalmente levando em conta que tratava-se - e ainda se trata - de uma dívida majoritariamente mobiliária, com vencimento em prazos curtos.

Segundo dados de julho, o estoque da dívida pública federal era de R$ 1,601 trilhão, sendo que a mobiliária representava R$ 1,509 trilhão. Desses, 29,16 % vencem em até 12 meses. O prazo médio do estoque da dívida mobiliária, que era de 2,75 anos em 2002, hoje é de 3,43 anos.

Houve importantes mudanças na composição da dívida em títulos, tornando-a mais resistente às turbulências cambiais e às flutuações dos juros de curto prazo. Os títulos atrelados à taxa de câmbio, que em 2002 chegaram a representar 37% do total da dívida interna, hoje correspondem a somente 0,61%; e os indexados à variação da taxa Selic caíram de 60,8% para 32,27% entre 2002 e julho deste ano. Simultaneamente aumentaram as participações dos papéis prefixados, de 2,19% para 32,8% no mesmo período, assim como a dos títulos atrelados a índices de preços, que representavam 6,99% em 2002 e em julho deste ano correspondiam a 22,2% do total da dívida.

O grande benefício do processo de fortalecimento das contas públicas, e consequente redução do endividamento como proporção do PIB, espera-se, é na redução da taxa de juros real.

O país, que já teve juros reais na casa dos 14% entre 1996 e 2002, hoje ainda ostenta taxas bastante elevadas para padrões internacionais, mas bem menores. Hoje, os juros reais estão em 5,75% ao ano (calculados com base no CDI de 360 dias) e diversas são as hipóteses levantadas pelos economistas sobre por que o Brasil precisa de taxas tão altas para manter a estabilidade econômica.

No passado chegou-se a mencionar que essa disfunção da economia decorreria de riscos jurisdicionais e da inconversibilidade da moeda, conforme estudo do economista Pérsio Arida.

Em outro trabalho sobre o tema, intitulado "Podem as Incertezas Jurisdicionais e o Controle de Capital Explicar o Elevado Nível da Taxa de Juros Real no Brasil?", elaborado pelos economistas Fernando Gonçalves, Márcio Holland e Andrei Spacov, a conclusão foi distinta. Esse estudo testou a hipótese de Arida, mas indicou que os fatores tradicionais, tanto fiscais quanto monetários, são bem mais relevantes para explicar o nível da taxa básica de juros do que outras razões eventuais.

Para encolher o endividamento público, o presidente da República que for eleito em outubro próximo não precisará necessariamente fazer reformas. Basta prosseguir com a produção de um superávit primário "cheio" de 3,3%. As reformas, como a da previdência social, ou a aprovação de uma lei que crie horizonte e regra para os salários do funcionalismo público - que em oito anos de governo Lula teve aumento real de 40% - facilitariam a tarefa de geração do superávit.

Com essas mudanças, o governo puniria menos os investimentos e introduziria elementos de justiça e equidade entre os trabalhadores do serviço público e os do setor privado.


GOVERNO QUER BARRAR VALORIZAÇÃO DO REAL

AMEAÇA DE MANTEGA SEGURA O CÂMBIO, MAS PAÍS ENFRENTA "CHUVA" DE DÓLARES
Autor(es): Leandro Modé
O Estado de S. Paulo - 16/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/16/governo-quer-barrar-valorizacao-do-real

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo fará tudo o que puder para impedir valorização excessiva do real. O mercado especula, agora, o que pode ser feito. 
Governo diz que vai impedir a valorização do real, mas fluxo de dólares está aumentando e deve crescer ainda mais nos próximos meses
Ao menos por um dia, o governo conseguiu frear a alta do real no "gogó". O dólar ganhou ontem 1,11%, para R$ 1,726, depois de atingir, terça-feira, o menor valor em 10 meses. Em duas ocasiões ao longo do dia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo fará tudo o que puder para impedir a valorização excessiva do real - nos últimos 4 dias, entraram mais de US$ 2 bilhões no País.
O mercado especula, agora, o que pode ser feito. "Tomaremos as medidas adequadas para que o real não seja valorizado", afirmou Mantega no início da tarde. "Vamos enxugar qualquer excesso de dólar que possa entrar com a operação da Petrobrás. Vamos comprar tudo, já estou avisando", reforçou um pouco mais tarde, referindo-se à informação, antecipada pelo Estado sábado, de que o Banco Central (BC) vai comprar todos os dólares que entrarem no Brasil em decorrência da capitalização da Petrobrás.
O problema é que não é apenas essa operação que tem provocado a valorização recente do real. O dólar tem caído ante praticamente todas as moedas do mundo - em grande medida por causa da fraqueza da economia dos Estados Unidos. Nos últimos 30 dias, o dólar australiano ganhou 5,2% ante o americano, a coroa sueca, 5,17% e o franco suíço, 4,79%. O real subiu 2,66%.
Ontem, por exemplo, o Banco do Japão interveio no mercado de câmbio pela primeira vez em seis anos. O BoJ comprou perto de US$ 12 bilhões. Não é muito, levando-se em conta que o mercado cambial do país movimenta mais de US$ 500 bilhões por dia. Mas sinaliza uma nova tendência. Por trás das ações dos governos, está a intenção de conter a baixa das exportações, sobretudo de manufaturados.
A grande questão que se coloca, a partir de agora, é o que o governo brasileiro fará para garantir que as palavras de Mantega se tornem ações concretas.
Um analista afirma que, se o governo quiser, tem "bala" para lutar contra a forte aposta do mercado na valorização da moeda brasileira. Para isso, argumenta, teria, entre outras coisas, de aumentar as intervenções diárias no mercado cambial.
Outros especialistas argumentam que há pouco a fazer. O Brasil tem superávit comercial (principalmente por causa das exportações de commodities), a maior taxa de juros do mundo (que atrai capital especulativo), fará a operação da Petrobrás até o fim deste mês (que pode representar ingresso de até US$ 20 bilhões, segundo estimativas) e o dólar cai no mundo todo.
Nos últimos dias, dados das reservas cambiais indicam que o BC acelerou a compra de dólares - US$ 2,8 bilhões de sexta a terça-feira. Ainda assim, no mercado futuro, investidores estrangeiros apostam US$ 12 bilhões no real. E os bancos, US$ 14 bilhões.
Além disso, o ingresso de moeda americana cresceu na semana passada. Em quatro dias, o fluxo cambial (entrada menos saída) foi positivo em US$ 2,43 bilhões, média de US$ 608,4 milhões/dia. Na semana anterior, a média foi negativa em US$ 241,7 milhões.
Uma das atitudes mais especuladas pelos profissionais do mercado é a volta do swap reverso, um tipo de operação de mercado futuro que, na prática, equivale à compra de dólar. O BC abandonou o instrumento no auge da crise global, em 2008. A autoridade monetária não comentou a possibilidade. / COLABORARAM ALESSANDRA SARAIVA, FÁBIO GRANER e JACQUELINE FARID


Governo vai comprar os dólares da Petrobrás

Governo vai comprar os dólares da Petrobrás
Autor(es): Jacqueline Farid, Alessandra Saraiva
O Estado de S. Paulo - 16/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/16/governo-vai-comprar-os-dolares-da-petrobras
Mantega teme iniciativas como a do Japão, que busca a desvalorização de sua moeda

As medidas com as quais o governo pretende evitar uma excessiva valorização do real vão incluir a compra de dólares que entrarem no País com a operação de capitalização da Petrobrás, segundo adiantou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele disse estar preocupado com iniciativas que outros países, como o Japão, estão tomando para desvalorizar suas moedas.

"Queremos que todos saiam da crise, mas não às nossas custas", disse o ministro. Como exemplos de medidas para evitar uma volatilidade maior na cotação do dólar no Brasil, ele citou as compras já realizadas com frequência pelo Banco Central e "instrumentos prudenciais, como limitação a risco cambial". As declarações do ministro levaram o dólar a subir em torno de 1% na tarde de ontem.

No que diz respeito à capitalização da Petrobrás, marcada para 30 de setembro e que pode chegar a R$ 150 bilhões, o ministro mandou um recado ao mercado financeiro. "Vamos enxugar qualquer excesso de dólar que possa entrar com a operação da Petrobrás. Vamos comprar tudo, já estou avisando", disse em entrevista na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro.

"O governo tem cacife suficiente para enfrentar qualquer eventual entrada de recursos com essa operação. Podemos bancar qualquer limite", emendou Mantega. O poder de fogo para as compras, segundo ele, está nas mãos do BC e do Fundo Soberano, um conjunto de reservas que podem ser usado em situações como essa.

O Fundo Soberano do Brasil (FSB) foi criado por lei em dezembro de 2008 e está vinculado ao Ministério da Fazenda. Tem como atribuições fazer investimentos no Brasil e no exterior, formar poupança pública, combater os efeitos de eventuais crises econômicas e "auxiliar nos projetos de interesse estratégico do País no exterior".

O governo está autorizado a aplicar os recursos no câmbio desde o fim de 2009, quando o Fundo foi regulamentado.

Mantega explicou que o Fundo, um colchão de segurança para o País, poderá ser acionado para conter a valorização do real.

Apesar da enfática promessa de evitar que a cotação do dólar caia mais no País, o ministro garantiu que o governo não trabalha com um piso para a moeda. "Não há piso, o que se evita é a volatilidade. Mantemos o câmbio flutuante, apesar de outros países não fazerem o mesmo."

Financiamento. Além das intervenções para conter o real, o ministro também adiantou que, dentro de, no máximo, um mês e meio, o governo vai anunciar medidas para estruturar o financiamento dos investimentos privados no País. Ele não adiantou quais serão as medidas, mas disse que o objetivo é dinamizar o mercado de capitais e criar um mercado de crédito imobiliário, além de estimular a poupança externa do setor privado.

Segundo ele, "é preciso modernizar a estrutura de financiamento, o BNDES não pode carregar tudo nas costas, o setor privado também tem de participar e tem de ter atratividade para isso".

OFERTA FRUSTRA ESTRANGEIRO E ACENTUA QUEDA DA PETROBRAS

OFERTA FRUSTRA ESTRANGEIRO E ACENTUA QUEDA DA PETROBRAS
Autor(es): Alessandra Bellotto, Graziella Valenti, Fernando Torres e Cláudia Schuffner
Valor Econômico - 16/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/16/oferta-frustra-estrangeiro-e-acentua-queda-da-petrobras

A frustração do investidor estrangeiro com a estrutura da megaoferta de ações da Petrobras está pesando sobre os papéis da estatal no mercado e contribuindo para o tradicional movimento de baixa dos preços que antecede às grandes colocações. Ontem, as preferenciais caíram 1,49% e as ordinárias, 0,53%. Desde o anúncio oficial da operação, a companhia perdeu R$ 22 bilhões em valor de mercado, passando de R$ 272 bilhões para R$ 250 bilhões.
A oferta traz uma combinação de temores sobre o aumento da participação do governo no capital da empresa e os riscos de exploração do pré-sal com um custo elevado para o acionista internacional.
Por incompatibilidade entre as regras do Brasil e dos EUA, os estrangeiros já acionistas que quiserem participar da operação prioritária terão de converter os recibos detidos lá fora (ADRs) em ações locais. Além disso, a compra das novas ações precisa ser feita em reais. Dessa forma, só com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) esse investidor não deixará na mesa menos de 4% do total movimentado, sem contar outros custos burocráticos do processo.
"A incerteza em torno da transação é enorme", disse ao "Financial Times" Marcela Meirelles, da TCW, administradora de fundos de Los Angeles que atende investidores institucionais e investidores individuais ricos, que está recomendando a venda das ações. "Não gostamos do processo desde o primeiro dia", afirmou outro gestor ao diário londrino.
Como o preço da ação na oferta será decidido pela demanda, o potencial máximo de captação foi reduzido de R$ 134 bilhões para R$ 123 bilhões entre a data do anúncio (3 de setembro) e ontem. No mercado, já se cogita que a preferencial possa sair na casa dos R$ 25 ou até abaixo disso, em R$ 22 - o que implica um desconto entre 5,5% e 17% sobre o fechamento de ontem.
Pelo lado operacional, os riscos não são considerados menores. O ritmo de produção dos cinco bilhões de barris do pré-sal que a Petrobras comprará da União terá papel crucial para determinar se o negócio com o controlador terá sido bom ou ruim para a estatal.


A valorização do real será um problema?

Autor(es): Paul Krugman
O Estado de S. Paulo - 16/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/16/a-valorizacao-do-real-sera-um-problema
Um acompanhamento deste post* poderia ser o seguinte: países como o Brasil deveriam se preocupar com a valorização real que está ocorrendo neste momento?

O pano de fundo são as dificuldades das economias avançadas, que vêm sofrendo um enorme choque negativo de demanda, provavelmente persistente, que as levou para o território da armadilha da liquidez. O que significa juros baixos e baixos retornos sobre os investimentos, daí os grandes fluxos de capital desejados para os países em desenvolvimento que não sofreram este tipo de choque. E na medida em que estes países adotam um câmbio flutuante, o resultado é uma valorização real. Então isso será um problema?

Há dois aspectos da questão.

Em primeiro lugar, tudo o mais permanecendo constante, a valorização real conduzirá a um déficit maior da conta corrente, e consequentemente a uma contração da demanda. Até certo ponto, isto poderá ser contrabalançado pelo corte dos juros internos. Mas se for significativa, poderá empurrar os mercados emergentes para sua própria armadilha da liquidez. De fato, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) pode exportar sua armadilha da liquidez para o mundo em desenvolvimento através dos fluxos de capital. Aparentemente, não é o que está acontecendo agora, mas é algo em que temos de prestar atenção.

Em segundo lugar, poderemos ter uma repetição do excesso de poupança global: a vingança do Norte. Robin Wells e eu discutimos que o excesso de poupança global original, impulsionado em grande parte pelos superávits dos países em desenvolvimento, foi provavelmente o principal fator da bolha da habitação no Atlântico Norte; será que a nova versão, dessa vez acelerada pela redução da demanda no Norte, produzirá problemas da mesma magnitude nos países emergentes?

Assunto interessante - e mais agradável para refletir do que a política dos EUA...


Governo libera Fundo Soberano para investir 100% da carteira em estatais

Governo libera Fundo Soberano para investir 100% da carteira em estatais
Autor(es): Agência O Globo/Patrícia Duarte
O Globo - 17/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/17/governo-libera-fundo-soberano-para-investir-100-da-carteira-em-estatais

Mudança permitirá que FSB entre com força na capitalização da Petrobras

O Fundo Soberano do Brasil (FSB), poupança originalmente criada pelo governo para ser usada em ações anticíclicas (quando a economia desacelera e a arrecadação cai), em grandes projetos estratégicos e para manter o equilíbrio no mercado de câmbio corre o risco de virar apenas o fundo da Petrobras. Um passo fundamental foi dado nessa direção no último dia 9, quando o governo alterou as regras do fundo e liberou até 100% de sua carteira, hoje em R$ 18 bilhões, para serem usados na compra de ações de empresas com capital aberto nas quais a União tenha a maioria das ações ordinárias (ON, com direito a voto).

Esse é o caso da petrolífera, que está no meio de um processo de capitalização para levantar R$ 127 bilhões. Até então, as regras do FSB limitavam a 10% de seu patrimônio a aplicação em ações de uma empresa com capital aberto e registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esse teto subia para 20% no caso de papéis de instituições financeiras, como bancos.

A troca dos limites deixa ainda mais clara a estratégia do governo de, ao mesmo tempo em que garante recursos para comprar as sobras das novas ações da Petrobras que não forem adquiridas pelos minoritários, ampliar sua fatia no capital total da estatal. Hoje, esta é de 29,6%.

O FSB já comprou R$ 2,46 bilhões de ações ON da Petrobras que estavam em poder da Caixa Econômica Federal, utilizando 13,67% de seu patrimônio, e deve comprar mais R$ 4,5 bilhões dos papéis que estão nas mãos do BNDES. Ao todo, serão quase 40% do Fundo.

FSB também seria usado para segurar cotação do dólar. E mais recursos deverão ser usados. Como o FSB já é acionista da estatal, deve acompanhar a capitalização, ou seja, comprar o equivalente de sua fatia em novos papéis. Além disso, a medida provisória (MP) 500, recém-editada, liberou o governo para ceder seus direitos de preferência na capitalização para, entre outros, o FSB. Neste caso, o Fundo deverá comprar os papéis no lugar do Tesouro.

Como suas operações não entram nas contas públicas do país, o superávit primário economia para pagamento de juros não será afetado.

Até 8 de setembro, último dado disponível na CVM, o FSB só tinha ações do Banco do Brasil, no valor total de R$ 1,78 bilhão, pouco menos de 10% de seu patrimônio. As ações da Petrobras adquiridas da Caixa ainda não haviam sido publicadas.

Mas o uso do FSB para ajudar na capitalização da Petrobras é questionado por especialistas, para os quais o Fundo deveria ser uma poupança para tempos de crise.

Não estamos em recessão e, mesmo que a Petrobras precise de ajuda para investir no pré-sal, ela poderia conseguir recursos de outra maneira. O mercado (de crédito) está bastante líquido, disse um ex-integrante do Ministério da Fazenda.

O FSB, porém, ainda deve ser protagonista de outra estratégia federal. A compra de dólares pelo Fundo no mercado é a principal arma da equipe econômica para segurar a cotação da moeda americana, que vem recuando com a expectativa da entrada de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões na capitalização. O aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no ingresso de investimentos externos seria adotado caso a situação se agrave.

Há um piso oculto para a cotação do dólar, que seria de R$ 1,70. Técnicos da Fazenda acreditam que a turbulência deve se dissipar no fim do mês, quando a capitalização for concluída. O IOF só seria elevado em último caso. Os técnicos acreditam que o FSB terá força para evitar que o dólar despenque. Antes disso, porém, o governo tem de definir que mecanismo que adotará para usar o FSB, cuja regulamentação original não prevê como essa operação pode ser feita.
COLABOROU Martha Beck

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