quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Recorde no crédito rural

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/22/recorde-no-credito-rural
Valor Econômico - 22/09/2010
O Ministério da Agricultura informou que os recursos aplicados no crédito rural destinado a custeio, investimento e comercialização da chamada agricultura empresarial somaram R$ 18,8 bilhões em julho e agosto deste ano, "oficialmente" os dois primeiros meses da safra atual (2010/11). Segundo o ministério, o montante, 19% maior que no mesmo bimestre de 2009, é recorde para o período. "O desempenho demonstra que as condições de financiamento estão mais atrativas", afirma Edilson Guimarães, secretário de Política Agrícola do ministério, em comunicado divulgado ontem.

Nestlé vai investir R$ 500 milhões no Brasil em 2011

Autor(es): Suzana Inhesta
O Estado de S. Paulo - 22/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/22/nestle-vai-investir-r-500-milhoes-no-brasil-em-2011

Presidente da companhia confirmou a construção de uma nova fábrica no Rio, com investimento de até R$ 100 milhões
O presidente da multinacional suíça Nestlé no Brasil, Ivan Zurita, disse ontem que a companhia fará investimentos entre R$ 450 milhões e R$ 500 milhões no Brasil em 2011. O montante será destinado a ampliações e construções de fábricas, tecnologia e inovações, e não inclui aportes em novas aquisições.

"Nosso objetivo é sempre crescer o dobro do PIB (produto interno bruto) a cada ano, e queremos duplicar a companhia em cinco anos. Para 2010, pretendemos incrementar nosso faturamento em cerca de 12%", afirmou o executivo.

Em 2009, as vendas da empresa chegaram a R$ 16 bilhões - o que significa que, este ano, essa receita deve ficar perto dos R$ 18 bilhões. Atualmente, de acordo com Zurita, o Brasil é o país onde a Nestlé mais cresce em sua presença no mundo.

Fábrica. O executivo também confirmou ontem a abertura de uma nova fábrica de bebidas no Rio de Janeiro, a segunda no Estado, com aportes entre R$ 80 milhões a R$ 100 milhões. "Ainda não decidimos o local da fábrica, que vai ser basicamente de bebidas líquidas de leite. Estamos mapeando o Estado para encontrar uma região adequada tanto em termos de captação da matéria-prima quanto em capacitação profissional. Em mais ou menos uma semana teremos reunião com a Secretaria de Desenvolvimento do Estado para decidir a localização e imediatamente começar a construção", afirmou Zurita.

Atualmente, a Nestlé possui 30 fábricas no Brasil, e a nova unidade no Rio de Janeiro está em linha com a estratégia de descentralização da produção que a empresa está realizando no País. "Além disso, o Rio de Janeiro é um grande consumidor de bebidas no Brasil, e a descentralização nos traz custo de logística mais acessível", disse o presidente da Nestlé. O executivo também anunciou que fará ainda neste ano uma ampliação da fábrica do município de Ibiá, em Minas Gerais.

Novas compras. Em relação a novas aquisições, Zurita afirmou que a empresa está analisando as oportunidades de mercado, mas que, principalmente no setor de lácteos, não há uma grande oferta de empresas. "Não existe muita coisa que esteja compatível com a nossa preferência em tecnologia e qualidade", disse.

Com relação às eleições presidenciais de outubro, Zurita não quis citar o candidato de sua preferência, mas disse que, independentemente de quem assumir a presidência da República, o principal desafio para o novo governante é a reforma fiscal.

"Os encargos brasileiros são muito altos e não é só no setor de alimentação", afirmou Zurita. No ano passado, de acordo com o executivo, a Nestlé pagou cerca de R$ 4 bilhões em impostos no País.


Empresa prevê alta de 30% nas vendas de café no fim do ano

Autor(es): Suzana Inhesta
O Estado de S. Paulo - 22/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/22/empresa-preve-alta-de-30-nas-vendas-de-cafe-no-fim-do-ano


A Nestlé espera vender, neste fim de ano, 30% mais no País só no segmento de café expresso. Atualmente, a empresa tem 62% de participação no mercado de café solúvel e de máquinas no Brasil. A empresa espera faturar, nesse setor, entre R$ 450 milhões a R$ 500 milhões em 2010 - sendo, que desse total, R$ 100 milhões deverão estar relacionados à linha Nescafé.

O abastecimento da empresa é feito principalmente com produtores e cooperativas de café das cidades de Varginha (MG) e Guaxupé (MG), além de municípios do Espírito Santo. Segundo cálculos do presidente da Nestlé no Brasil, Ivan Zurita, a empresa compra aproximadamente 1,5 milhão de sacas de café por ano no País.

Ontem, a Nestlé apresentou uma nova máquina, a Nescafé Dolce Gusto Circolo, fabricada na China e cuja manutenção e distribuição no Brasil são realizadas pela Arno. A Nestlé também anunciou ontem o lançamento de bebidas frias para a mesma linha.

"Todos esses lançamentos são apostas para o período de Natal, que coincide com o nosso verão. Nesse segmento, nossa meta é vender mais 30% somente no fim do ano", disse a diretora da unidade de cafés da Nestlé Brasil, Lilian Miranda.


Justiça põe fim a processo contra acionistas da Agrenco

Autor(es): Fernando Lopes
Valor Econômico - 22/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/22/justica-poe-fim-a-processo-contra-acionistas-da-agrenco


A sombra da "Operação Influenza", realizada pela Polícia Federal em junho de 2008, não pesa mais sobre os ombros dos três acionistas da Agrenco que chegaram a ser presos pela Polícia Federal na ocasião. Acusados de crimes como sonegação fiscal e fraude de balanço, entre outros, os suspeitos foram beneficiados por decisão unânime da 7ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que trancou o processo ao confirmar ontem decisão de junho de 2009 da Justiça Federal em Florianópolis que rejeitou a denúncia contra todos os 31 acusados, sob a alegação de que as provas obtidas por interceptação telefônica eram nulas.

O processo pode ser reaberto mediante a apresentação de novas provas pelo Ministério Público Federal, derrotado na decisão do TRF4. Mas, para os sócios da Agrenco, a "Operação Influenza" já faz parte de um passado que agora será revisitado novamente nos tribunais. É um dos caminhos que os acusados percorrerão em busca de ressarcimento por alegados prejuízos derivados da ação, entre os quais imagens públicas comprometidas e o próprio pedido de recuperação judicial da Agrenco - cuja retomada, que se mostrou mais difícil do que parecia inicialmente, pode ganhar novos rumos.

"O Estado brasileiro fez uma ação justicialista e perdeu. O episódio quase destruiu uma empresa brasileira com presença física em onze países", afirmou Antônio Iafelice, fundador e um dos principais acionistas da Agrenco, em entrevista por telefone ao Valor. O empresário continua na França, onde vive desde 1992 e para onde foi depois de ter a prisão relaxada e de cumprir um período de prisão domiciliar, e não demonstrou urgência em retornar ao país.

"Fui pessoalmente à falência. Fiquei sem crédito no banco e sobrevivi de empréstimos de filhos e amigos. Não tive dinheiro sequer para renovar meu plano de saúde. Desse jeito, é melhor ficar na França", disse Iafelice em referência aos serviços públicos franceses. "Mas não conseguiram me matar, e não vou morrer enquanto não recuperar a Agrenco, que já está parada há 27 meses depois de ficar apenas três meses em operação".

O empresário tem longa relação com o agronegócio. Deu os primeiros passos em 1966, nas operações sucroalcooleiras do Zillo Lorenzetti. Já na década de 80, foi alto executivo da Continental Grain, de onde partiu para comandar a Ceval Internacional, depois adquirida pela multinacional Bunge. A Agrenco foi fundada em 1992, com escritórios na França e no Brasil. Iafelice insistia que não se tratava de uma trading. Ainda que comprasse e vendesse grãos, o empresário realçava que eram produtos "sob medida", não commodities.

Em 2005, agrupou seus negócios em uma holding na Holanda e acelerou os negócios. Fechou contrato de fornecimento de soja com a estatal China Grains & Oils e estabeleceu parceria com a japonesa Marubeni para ganhar terreno no Japão e na Coreia do Sul. Também acertou a compra de 40% de uma fábrica de soja na Noruega. A empresa voltou a registrar prejuízos em 2007, mas o ânimo de Iafelice não arrefeceu. Até a "Influenza".

Com cerca de 16% de participação no braço do grupo listado em bolsa (Agrenco Limited), Iafelice não pensa em questionar o plano de recuperação judicial em execução. Mas lembra que o pedido de recuperação, apresentado em setembro de 2008, foi um reflexo da "Operação Influenza", e sugeriu que a decisão judicial de ontem pode abrir espaço para discussões nesta frente - "Existe a Justiça, a CVM [Comissão de Valores Mobiliários], meios no exterior". E Iafelice deixou claro que, apesar de aprovar o plano, não está contente com sua execução, a cargo da Íntegra Associados, que ontem preferiu não comentar o assunto.

"Não quero criar confusão, quero que a empresa volte a operar. A Íntegra tem o foco no credor, mas essa metodologia não se aplica à Agrenco. É preciso recuperar o crédito, mas temos que proteger o acionista". No total, o grupo tem dívidas da ordem de R$ 1 bilhão. O caminho escolhido para a retomada operacional após o pedido de recuperação foi o biodiesel, que poderia ser produzido nas duas unidades que foram mantidas - em Alto Araguaia (MT) e Caarapó (MS). Em meados deste ano, a volta da Agrenco ao mercado, até então dada como certa por seus gestores, esbarrou na falta de capital de giro. Segundo os termos da recuperação, parte dessa carência pode ser suprida pela suíça Glencore, parceira operacional da Agrenco no processo, mas tudo segue parado.

Na segunda-feira, como informou o Valor, assembleia da Agrenco Limited confirmou o direito de sua principal acionista (Agrenco Holding) de nomear quatro novos membros para seu conselho de administração, e Iafelice afirmou que confia em seus novos conselheiros para tentar acelerar o processo de retomada. "Eles são do ramo". A Holding queria destituir três membros do conselho (entre os quais Nelson Bastos, sócio da Íntegra), mas não havia quorum para tal. A Agrenco Holding tem 47,91% da Limited, e é nessa fatia que está a participação de Iafelice. Mas sua atuação é limitada pelos termos da recuperação judicial.

Diante desses e outros obstáculos - o braço Agrenco NV, holandês, tem dívidas de US$ 268 milhões vencidas e não roladas com 11 bancos -, Iafelice preparava os próximos passos na França. E reunia material para um livro que pretende escrever sobre o caso.



Independentes deixam conselho da Agrenco

Autor(es): Ana Paula Ragazzi | De São Paulo
Valor Econômico - 23/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/23/independentes-deixam-conselho-da-agrenco

Os quatro conselheiros independentes que estavam na Agrenco Limited renunciaram ontem. Álvaro Sá Freire, Arnim Lore, Nelson Bastos e Ruy Flaks deixam a empresa um dia após a Justiça encerrar processo contra o fundador, Antonio Iafelice, e dois dias depois de a Agrenco Holding, principal acionista da Limited com 47,91%, ter nomeado quatro conselheiros para a companhia.
A Limited tem sede nas Bermudas e negocia recibos de ação (BDR) na BM&FBovespa. A sua acionista majoritária tem o direito de nomear quatro conselheiros sem ter de submetê-los à aprovação em assembleia.
Na segunda-feira, houve uma assembleia que havia sido inicialmente convocada pela holding para destituir os quatro conselheiros agora demissionários. A holding questiona a condução do plano de recuperação judicial da Limited e enxerga um conflito no fato de a Íntegra Consultoria ter feito o plano, estar acompanhando o processo e ter um de seus sócios, Nelson Bastos, no conselho da Limited. Em razão disso, chamou a assembleia para dissolver o conselho. No entanto, no meio do caminho, descobriu que precisava da aprovação não de uma maioria simples de acionistas, mas de dois terços deles, o que não foi possível.
Até a reunião de segunda, o conselho era composto por cinco integrantes, sendo quatro independentes. Após a reunião, passou a ter nove membros, o que resultou na perda da maioria para os quatro independentes. Diante da falta de poder de decisão, renunciaram para não endossar ou se envolver em decisões tomadas pelos novos membros, todos indicados pela holding, que tem entre seus acionistas ex-executivos da Agrenco, entre eles, Iafelice. A medida não foi tomada imediatamente após a assembleia para esperar a nomeação dos outros conselheiros.
No entender dos independentes, a nomeação dos novos integrantes está em desacordo com as estipulações de governança do plano de recuperação judicial em vigor no Brasil. Portanto, eles consideram que a nova composição "pode implicar no risco de gerar consequências regulatórias e judiciais prejudiciais aos interesses dos acionistas minoritários da Limited".
Os quatro demissionários continuarão distribuídos no conselho das empresas que estão em recuperação judicial no país, Agrenco ADMBens e a Agrenco Brasil. Apesar de todas as mudanças na Limited, o processo que está sendo conduzido no Brasil não deverá sofrer alteração, uma vez que as decisões precisam ser aprovadas pelos credores por aqui. Além disso, no mês passado a Agrenco NV, com sede na Holanda e que controla indiretamente as operações da Agrenco no Brasil, pediu recuperação judicial para suspender as ações de cobrança de dívidas contra a empresa. A Agrenco NV tem dívidas vencidas e não renegociadas com 11 bancos internacionais, no valor de US$ 268 milhões. Desses, sete bancos, que representam 93% da dívida, estão incluídos no plano de recuperação no Brasil. Qualquer medida que afete a Limited também precisará da anuência do administrador judicial da Agrenco NV.
Uma questão que passa a ser tratada pelos novos conselheiros é a publicação das demonstrações financeiras da Limited, ainda em atraso e que impede a volta à negociação na bolsa dos BDRs da companhia, suspensos desde fevereiro. Ontem, a companhia anunciou a divulgação dos dados completos referentes a 2008, auditados pela BDO.
O entrega dos balanços atrasados da Limited, cujos BDRs estão suspensos para a negociação em bolsa, passa a ser conduzido exclusivamente pelos conselheiros que assumiram esta semana, indicados pela holding: Rita Prado, Orivaldo Balloni, Merhaz Rafat, o advogado Edgard Mansur Salomão, novo presidente do conselho e representante dos minoritários, e Nils Bjellun, que já era integrante indicado por Iafelice.
Entre os acionistas da holding, estão executivos que foram presos na Operação Influenza da Polícia Federal, em 2008, acusados de sonegação fiscal e fraude de balanço. Eles foram beneficiados na terça-feira por decisão unânime da 7ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região que trancou o processo ao confirmar decisão de junho de 2009 da Justiça Federal em Florianópolis que rejeitou denúncias aos 31 acusados, sob alegação de que as provas obtidas por interceptação telefônica eram nulas.





Inflação bate no bolso

Autor(es): Gabriel Caprioli
Correio Braziliense - 22/09/2010


IPCA e IGP-M mostram alta dos alimentos para o consumidor e mercado já fala em subida de juros

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press - 18/3/10
No grupo alimentação, as carnes foram as que mais encareceram, com avanço de 3,4% no custo final

Após alguns meses de tranquilidade, o aumento de preços dos alimentos voltou a pesar no orçamento das famílias brasileiras, segundo apontou a prévia de setembro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa registrou alta de 0,31% nos primeiros quinze dias do mês e, para analistas do mercado, o repique acende a luz amarela da inflação e pode forçar o Banco Central a ajustar novamente a taxa de juros básicos para cima já no início do ano que vem.

Para a economista-chefe da corretora Icap Brasil, Inês Filipa, a volta ao ciclo de aperto monetário pode ser necessária para conter um avanço de expectativas do mercado em relação ao IPCA para o fim de 2011. “Para este ano, não há muito mais o que ser feito, mesmo que o BC observe as estimativas do (boletim) Focus subirem, mas ele poderia fazer um ajuste no começo do ano. Se não em janeiro, talvez em fevereiro ou março”, avaliou. A pesquisa semanal feita pela autoridade monetária mostra que as instituições financeiras continuam afastando suas projeções para o ano que vem do centro da meta (4,5% ao ano) e, pela segunda vez consecutiva, as elevaram para 4,95%.

O IPCA-15 de setembro quebra uma sequência de dois resultados negativos (-0,09% e -0,05%) e antecipa um avanço mais acentuado do indicador no mês fechado, que nos últimos três períodos ficou próximo de zero (0,0% em junho, 0,01% em julho e 0,04% em agosto). O grupo alimentação e bebidas, que até o mês passado registrava deflação de 0,68%, em setembro teve aumento de 0,30%. Entre os itens que compõem a cesta, as carnes foram as que mais contribuíram individualmente (0,07 ponto percentual de todo o índice), com um avanço de 3,4% no custo final. Na contramão, os produtos não alimentícios aceleraram a inflação de 0,14% para 0,31% no período, segundo o IBGE. No ano, a alta de preços apontada pelo IPCA soma 3,53%.

Apesar de expressivo, o salto no indicador cheio ainda é insuficiente para definir qual será a trajetória da inflação nos próximos meses. “Não dá para saber se os alimentos apenas devolverão a queda ou se o acréscimo será acima do recuo de preços, mas eu nunca havia presenciado uma trajetória tão atípica para os alimentos”, destacou Inês.

Escalada
O Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), divulgado ontem, passou de 0,55% para 1,03% na segunda parcial do mês. As principais fontes de alta, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), também são os alimentos, seja no segmento industrial, captado pelo Índice de Preços no Atacado (IPA), ou no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), ambos componentes do IGP-M.



Aviação agrícola cresce 8% em 2010

Autor(es): Alberto Komatsu
Valor Econômico - 22/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/22/aviacao-agricola-cresce-8-em-2010



A aviação agrícola brasileira passa por um momento peculiar. Com faturamento de R$ 600 milhões em 2009 e crescimento estimado entre 5% e 8% para 2010, as 231 empresas que terceirizam aviões para pulverização de defensivos agrícolas em lavouras como de soja, milho e trigo, buscam ampliar a participação de novas culturas no seu faturamento.
As plantações tradicionais respondem por 80% da receita dessas empresas. Mas elas querem elevar a fatia proveniente da pulverização aérea de plantações de verduras e frutas, por exemplo, que respondem por 20% do movimento financeiro do setor.
O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) informa que, atualmente, 25% do total de terras tratadas no Brasil são pulverizadas por aviões, o maior nível da história desse setor. O restante é feito por máquinas terrestres.
"A aviação agrícola vem aumentando sua participação no mercado. Estamos iniciando nossos serviços em outras culturas como nas áreas de citros, café, reflorestamento, entre outras culturas menores", diz o presidente do Sindag, Julio Kämpf. Ele acrescenta que o uso do avião no combate a incêndios cresce nos últimos anos e que o sindicato trabalha para que a aviação agrícola também seja empregada no combate a vetores de doenças. Ele cita o mosquito da dengue (Aedes aegypti) como exemplo. Mas para isso, é necessário aval do Ministério da Saúde.
A Embraer tem colhido bons resultados com a expansão da aviação agrícola. A empresa, uma das sete fabricantes de aviões agrícolas no mundo, estima vender este ano 40 unidades do Ipanema, avião movido a etanol. Esse resultado representa 15% de crescimento em relação às vendas de 2009.
"Até setembro, 102 aeronaves Ipanema, cem por cento etanol, foram produzidas e comercializadas. Além disso, outras 195 aeronaves originalmente movidas a gasolina de aviação tiveram suas configurações convertidas para o uso de etanol", diz Almir Borges, diretor industrial da Unidade Botucatu da Embraer, interior de São Paulo, onde o Ipanema é produzido.
O Ipanema é fabricado desde 1972, mas as versões movidas a etanol começaram a ser vendidas em 2005. Desde o início dos anos 70, 1.100 unidades já foram comercializadas, estima a Embraer. Uma aeronave nova a etanol custa R$ 654 mil, um pouco acima do avião movido a gasolina de aviação, que custa R$ 644 mil.
O número de pilotos com especialização em pulverização de plantações também teve forte expansão. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que em 1999 foram emitidas 116 licenças. Ano passado, foram 725. Até o início de setembro, a agência informa que já são 753 licenças.
Os pilotos da aviação agrícola voam a altitudes baixas, que podem chegar a 1 metro e meio de distância da plantação, com condições favoráveis de voo. Eles ainda têm de desviar de fios de alta tensão e árvores. Seu salário pode chegar ao teto de 20% do faturamento bruto de uma aeronave.
Segundo o Sindag, uma aeronave agrícola fatura R$ 540 mil por ano, o que dá uma média de salário anual de R$ 90 mil por piloto agrícola, ou R$ 7,5 mil por mês. Kämpf, do sindicato, lembra que é praticamente a metade de um salário de piloto de aviação comercial, que chega a ganhar R$ 15 mil mensais com voos internacionais.
Apesar de a Anac mostrar uma evolução do número de licenças para pilotos agrícolas emitidas, o Aeroclube de Ponta Grossa (Paraná), um dos únicos três com cursos de aviação agrícola ativos no país, viu o número de estudantes diminuir de 2010 para 2009.
O diretor financeiro do Aeroclube de Ponta Grossa, Marcos Aurélio Nunes, afirma que no ano passado foram 30 alunos. Em 2010 são 17, o menor número em cinco anos. "Acredito que essa redução não foi só por causa do preço do curso, mas a aviação agrícola tem perdido pilotos para a aviação comercial", diz ele.
Quarenta e cinco dias de curso, mais 31 horas de voos custam R$ 23 mil. Alojamento, alimentação e até roupa lavada estão incluídos nesse valor. Antes de cursar aviação agrícola, o piloto já tem de ter 400 horas de voo.
O superintendente de segurança operacional da Anac, David da Costa Faria Neto, diz que a agência vai encaminhar para consulta pública uma proposta de alteração na regulamentação da aviação agrícola, conhecida como RBHA 137, de julho de 1999. Segundo ele, o objetivo é modernizá-la.
"A alteração vai propor modalidades de pulverização e exigências de roupas e equipamentos de segurança para o piloto, por exemplo", diz o diretor da Anac. A agência também está fazendo um recadastramento das empresas de aviação agrícola.
O presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, observa que a aviação agrícola tem potencial para crescer pelo menos 30% nos próximos três anos, mas com alguns percalços no caminho.
"O passivo dos produtores rurais gerado pela compra de máquinas agrícolas terrestres é o grande gargalo. Deveria haver uma renegociação desse passivo com o governo, ou a criação de um seguro rural", diz Schreiner, estimando que o passivo dos produtores está em torno de R$ 150 bilhões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário