quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mercado aposta US$ 14 bi em alta do real

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/9/mercado-aposta-us-14-bi-em-alta-do-real
Mercado aposta US$ 14 bi em alta do real
Autor(es): Fernando Nakagawa
O Estado de S. Paulo - 09/09/2010
Com a expectativa de forte entrada de dólares no País, bancos elevam apostas, no mercado futuro, de valorização da moeda brasileira

Mesmo com a saída de US$ 680 milhões do Brasil registrada em agosto, bancos continuam a vender a moeda. A alta da chamada "posição vendida" sinaliza a aposta de bancos de que o dólar vai cair mais em breve graças às captações externas feitas por empresas.

Dados do Banco Central mostram que instituições elevaram o volume de contratos e têm, hoje, compromisso de entregar US$ 13,7 bilhões no futuro. O valor é 37,2% maior do que o registrado em julho.

A lógica da operação é a seguinte: já que dólares vão entrar e devem ficar mais baratos, é melhor vender a moeda hoje para evitar receber menos no futuro. Mas o BC reagiu e ontem mesmo fez dois leilões para compra da divisa, o que não acontecia desde 3 de maio.

Dados divulgados ontem pelo BC mostram que o fluxo de dólares se alterou em agosto e, após o ingresso de recursos em julho, a conta voltou a ficar no vermelho. Mais uma vez, a saída do dinheiro aconteceu pelo comércio exterior, já que o pagamento pelas importações superou a receita obtida com as exportações em US$ 1,88 bilhão. A saída foi parcialmente compensada pelas transferências para investimentos financeiros e produtivos, que atraíram US$ 1,2 bilhão.

Apesar da saída desses recursos - que reduz a oferta da moeda no mercado, instituições financeiras reforçaram sua estratégia de vender mais dólares aos investidores. Na maioria dos casos, os bancos nem sequer têm os recursos em caixa.

No mercado, essa estratégia é chamada de "venda a descoberto". Bancos nessa posição se comprometem a entregar o dólar a uma determinada cotação no futuro pela crença de que a moeda estará, naquela data, mais barata que o valor firmado hoje. Assim, o banco terá lucro. Por exemplo: a instituição vende hoje a moeda a R$ 1,70 para entregar em um mês. Esse banco, que não tem os dólares em caixa, prevê que a cotação estará, naquela data, em R$ 1,65. Se o cenário se confirmar, seria possível comprar à vista no vencimento do contrato e entregar a moeda com lucro de R$ 0,05.

Petrobrás. Entre os bancos, a estratégia de reforçar a "posição vendida" coincide com os desdobramentos da capitalização da Petrobrás.

Após período de falta de clareza sobre os prazos da transação, o governo sinalizou que a operação deve mesmo ser concluída até o fim de setembro e também definiu o preço do barril do petróleo usado na operação. Isso deu segurança aos investidores.

"O pessoal ficou mais tranquilo porque a operação deve sair. Agora, ninguém vislumbra a possibilidade de desvalorização do real no curto prazo. Por isso, todos querem vender o mais rápido possível, já que a chance maior é de que realmente o dólar fique mais barato", diz o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel. "Diante da expectativa da entrada de vários bilhões de dólares pelas captações, é quase um "mico" ficar com recursos na mão porque eles vão ficar mais baratos."

Para Battistel, a queda da moeda norte-americana nos últimos dias é só uma amostra do que pode acontecer se forem bem sucedidas todas as captações que estão sendo estruturadas no exterior.

Reação do BC. Ontem, o próprio BC mostrou que vai reagir caso o fluxo de dólares ganhe mais força. Em uma ação que não ocorria havia quatro meses, a instituição surpreendeu o mercado na volta do feriado e fez dois leilões de compra da moeda norte-americana: um pouco depois das 12h e outro às 16h. Mesmo com as duas entradas da instituição na ponta compradora, o jogo de forças terminou o dia com o mercado vitorioso e o dólar fechou o dia em queda de 0,17%, sendo trocado de mãos a R$ 1,724. Em agosto, a ação já havia sido mais forte e as intervenções somaram US$ 3,04 bilhões às reservas internacionais.


US$ 3,25 bi são captados em 2 dias no exterior

Empresas captam US$ 3,3 bi no exterior em 2 dias e mercado já prevê recorde
Autor(es): Leandro Modé
O Estado de S. Paulo - 09/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/9/us-3-25-bi-sao-captados-em-2-dias-no-exterior
Operações de empresas do Brasil para captar recursos no exterior mostram 0 interesse dos investidores em ativos do País. Entre terça-feira e ontem, a Odebrecht levantou US$ 500 milhões, a Vale captou US$ 1,75 bilhão e a Telemar (Oi) obteve US$ l bilhão. 0 BNDES deve captar 1 bilhão nos próximos dias. o movimento afeta a taxa de câmbio. 0 dólar fechou ontem em baixa de 0,17%, cotado a R$ l,725.


Na volta das férias no Hemisfério Norte, investidor estrangeiro renova apetite por ativos brasileiros; prazo longo e custo ""baixo"" atraem empresas

Os investidores voltaram das férias no Hemisfério Norte com apetite redobrado por ativos do Brasil. Isso já se reflete, sobretudo, nas emissões de empresas brasileiras no exterior. Entre terça-feira e ontem, ocorreram três operações, num total de US$ 3,25 bilhões. Segundo informações de mercado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve captar 1 bilhão nos próximos dias.

Se o ritmo for mantido até o fim do ano, 2010 terá recorde nesse tipo de transação.

O movimento tem impacto direto na taxa de câmbio. O dólar fechou ontem com desvalorização de 0,17%, cotado a R$ 1,725. A queda teria sido ainda mais expressiva se não fosse a atuação do Banco Central (BC). Pela primeira vez desde maio, a instituição realizou dois leilões de compra da moeda americana - normalmente, faz um leilão diário.

Terça-feira, a Odebrecht levantou US$ 500 milhões com um tipo de bônus chamado perpétuo - ou seja, sem prazo definido de vencimento. Ontem, a Vale captou US$ 1,75 bilhão e a Telemar (Oi), US$ 1 bilhão. Segundo executivos, Banco do Brasil e Suzano Papel também devem fazer emissões em breve.

Analistas afirmam que pelo menos três fatores explicam o bom momento. O primeiro é a farta liquidez no exterior, em razão dos juros historicamente baixos nos países desenvolvidos.

O segundo é a confiança no Brasil, fruto, entre outras razões, do selo de qualidade (investment grade) que o País recebeu em 2008 e 2009 e do crescimento superior ao do mundo.

Por fim, os juros pagos pelo País ainda são altos quando comparados a nações com nível de risco semelhante ao brasileiro.

"Eu compararia este momento que vivemos na renda fixa (emissão de dívida) com o que tivemos na renda variável (emissão de ações) em 2007", disse o vice-presidente executivo do Itaú BBA, Jean-Marc Etlin, referindo-se ao ano em que o Brasil bateu recordes em aberturas de capital (IPOs, em inglês).

O vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, Alberto Kiraly, observa que, de janeiro a julho, o total de captações no exterior alcançou US$ 20 bilhões. Em igual período de 2009, foram US$ 8,4 bilhões. "A diferença principal está nos bancos, que saíram de US$ 210 milhões para US$ 8,8 bilhões." Mantido o ritmo, ele crê que o valor captado em 2010 será recorde.

Fabio Mentone, diretor do Bradesco BBI, diz que a oferta de crédito é tão alta que, nos próximos meses, é provável que setores que não estão acostumados a acessar o mercado externo o façam. "As condições vão esquentar ainda mais", afirmou.

Uma das características da bonança é o fato de que as companhias brasileiras nunca pagaram juros tão baixos (embora, em termos globais, ainda sejam taxas altas). Outra característica é o prazo mais longo./ COLABOROU ALTAMIRO SILVA JÚNIOR


Empresas emitem US$ 4,55 bi em bônus

Autor(es): Cristiane Perini Lucchesi e Vera Saavedra Durão
Valor Econômico - 09/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/9/empresas-emitem-us-4-55-bi-em-bonus
O mercado externo voltou aquecido após o fim das férias no hemisfério Norte e empresas e bancos brasileiros aproveitaram a forte demanda e lançaram um total de US$ 4,55 bilhões em eurobônus somente nesta semana.

"O mercado internacional está pegando fogo", define José Olympio Pereira, responsável pelo banco de investimento do Credit Suisse no Brasil. "A demanda dos investidores externos tem sido dez vezes superior à oferta", completa Jean Marc Etlin, responsável pelo banco de investimento do Itaú BBA.

Segundo eles, novas emissões estão por vir, pois é no mercado internacional que as companhias brasileiras conseguem captar a taxas prefixadas com prazos mais longos. "As eleições presidenciais no Brasil não têm alterado em nada o apetite dos estrangeiros com relação aos títulos do país", afirma Etlin. "O Brasil apresenta uma belíssima combinação entre risco e retorno em um mundo com juros próximos a zero", comenta Pereira.
Com o empréstimo de US$ 1 bilhão tomado pela Embraer, o total levantado pelas empresas e bancos brasileiros no mercado externo até agora nesta semana é de US$ 5,55 bilhões, o maior volume desde abril deste ano.
A decisão do Fed, banco central americano, de voltar a comprar títulos do Tesouro americano, ajuda a manter as taxas de juros de longo prazo reduzidas. Essa queda nesses juros ajuda a compensar a alta no prêmio de risco Brasil neste ano, de cerca de 10%, para 127,1 pontos básicos, de acordo com o spread do swap de crédito (Credit Default Swap) da dívida externa brasileira.
A Vale, no entanto, conseguiu captar US$ 1,75 bilhão pagando spreads menores do que no final do ano passado. A mineradora colocou US$ 750 milhões em papéis de 30 anos pagando um rendimento de 6,074% ao ano. Em novembro do ano passado, na emissão inicial dos mesmos papéis, de cupom (juros nominais) de 6,875% e vencimento em novembro de 2039, havia pago 6,99% ao ano. A queda no rendimento do título, de 91,6 pontos básicos, é bem maior do que a queda de 30 pontos no spread da Vale sobre os títulos do Tesouro dos EUA, de 265 pontos básicos para 235 pontos básicos.
A empresa emitiu também US$ 1 bilhão em bônus de 10 anos com rendimento de 4,75%, o que equivale a um spread de 210 pontos básicos sobre os títulos do Tesouro dos EUA. Em setembro de 2009, havia emitido US$ 1 bilhão por dez anos pagando quase 1 ponto percentual a mais de rendimento - 5,727% ao ano - e spread total de 265 pontos básico, 55 superior ao da emissão fechada ontem. A operação foi coordenada pelos bancos Credit Suisse e J.P. Morgan. A BB Securities e o Bradesco atuaram como colíderes.
A curva de juros dos títulos do Tesouro americano bastante atrativa para emissores brasileiros levou também a Telemar Norte Leste, operadora da Oi, a acessar o mercado americano numa operação de colocação de US$ 1 bilhão em eurobônus de 10 anos pagando 5,5% ano ano. O spread sobre os títulos do Tesouro americano foi de 283,9 pontos básicos. A empresa conseguiu demanda cinco vezes superior ao total da oferta. Os líderes da transação foram o Bank of America Merrill Lynch, BNP Paribas, BTG Pactual e Itaú BBA.
Também ontem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) definiu o nome dos bancos que serão responsáveis por sua emissão externa, adiantada pelo Valor. São eles o BNP Paribas, o Deutsche Bank e o Credit Suisse. Segundo o mercado, o total da captação vai a 1 bilhão, o que corresponde a US$ 1,3 bilhão, com vencimento em 7 anos. A transação deve ser fechada hoje.
Também a Construtora Norberto Odebrecht captou US$ 500 milhões em eurobônus perpétuos, sem vencimento final, com rendimento de 7,5% ao ano . "Isso mostra que o mercado está aberto para empresas que são grau de investimento e também para emissões de maior risco, como são os bônus perpétuos", diz Pereira. Segundo Paulo Cesena, diretor financeiro da Odebrecht, "a nossa operação cria um novo espaço para as empresas brasileiras que queiram lançar bônus perpétuos." Segundo ele, este foi o bônus perpétuo com o mais baixo rendimento até hoje emitido na América Latina.
A previsão dos operadores de bancos no mercado internacional é de que, após o feriado de ano novo judeu, que começou ontem e dura quatro dias, uma nova enxurrada de emissões externas na semana que vem aconteça, devido a um aumento ainda maior na demanda por títulos.
A expectativa de analistas é que a Vale esteja visitando o mercado para alongar a dívida e reforçar seu caixa para investimentos. Já a Oi vai levantar US$ 1 bilhão, segundo analistas do setor ouvidos pelo Valor, para alongar e reduzir o custo da dívida de sua sua dívida e garantir também recursos para investimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário