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Mercado aposta US$ 14 bi em alta do real | |||||||||
Autor(es): Fernando Nakagawa | |||||||||
O Estado de S. Paulo - 09/09/2010 | |||||||||
Com a expectativa de forte entrada de dólares no País, bancos elevam apostas, no mercado futuro, de valorização da moeda brasileira Mesmo com a saída de US$ 680 milhões do Brasil registrada em agosto, bancos continuam a vender a moeda. A alta da chamada "posição vendida" sinaliza a aposta de bancos de que o dólar vai cair mais em breve graças às captações externas feitas por empresas. Dados do Banco Central mostram que instituições elevaram o volume de contratos e têm, hoje, compromisso de entregar US$ 13,7 bilhões no futuro. O valor é 37,2% maior do que o registrado em julho. A lógica da operação é a seguinte: já que dólares vão entrar e devem ficar mais baratos, é melhor vender a moeda hoje para evitar receber menos no futuro. Mas o BC reagiu e ontem mesmo fez dois leilões para compra da divisa, o que não acontecia desde 3 de maio. Dados divulgados ontem pelo BC mostram que o fluxo de dólares se alterou em agosto e, após o ingresso de recursos em julho, a conta voltou a ficar no vermelho. Mais uma vez, a saída do dinheiro aconteceu pelo comércio exterior, já que o pagamento pelas importações superou a receita obtida com as exportações em US$ 1,88 bilhão. A saída foi parcialmente compensada pelas transferências para investimentos financeiros e produtivos, que atraíram US$ 1,2 bilhão. Apesar da saída desses recursos - que reduz a oferta da moeda no mercado, instituições financeiras reforçaram sua estratégia de vender mais dólares aos investidores. Na maioria dos casos, os bancos nem sequer têm os recursos em caixa. No mercado, essa estratégia é chamada de "venda a descoberto". Bancos nessa posição se comprometem a entregar o dólar a uma determinada cotação no futuro pela crença de que a moeda estará, naquela data, mais barata que o valor firmado hoje. Assim, o banco terá lucro. Por exemplo: a instituição vende hoje a moeda a R$ 1,70 para entregar em um mês. Esse banco, que não tem os dólares em caixa, prevê que a cotação estará, naquela data, em R$ 1,65. Se o cenário se confirmar, seria possível comprar à vista no vencimento do contrato e entregar a moeda com lucro de R$ 0,05. Petrobrás. Entre os bancos, a estratégia de reforçar a "posição vendida" coincide com os desdobramentos da capitalização da Petrobrás. Após período de falta de clareza sobre os prazos da transação, o governo sinalizou que a operação deve mesmo ser concluída até o fim de setembro e também definiu o preço do barril do petróleo usado na operação. Isso deu segurança aos investidores. "O pessoal ficou mais tranquilo porque a operação deve sair. Agora, ninguém vislumbra a possibilidade de desvalorização do real no curto prazo. Por isso, todos querem vender o mais rápido possível, já que a chance maior é de que realmente o dólar fique mais barato", diz o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel. "Diante da expectativa da entrada de vários bilhões de dólares pelas captações, é quase um "mico" ficar com recursos na mão porque eles vão ficar mais baratos." Para Battistel, a queda da moeda norte-americana nos últimos dias é só uma amostra do que pode acontecer se forem bem sucedidas todas as captações que estão sendo estruturadas no exterior. Reação do BC. Ontem, o próprio BC mostrou que vai reagir caso o fluxo de dólares ganhe mais força. Em uma ação que não ocorria havia quatro meses, a instituição surpreendeu o mercado na volta do feriado e fez dois leilões de compra da moeda norte-americana: um pouco depois das 12h e outro às 16h. Mesmo com as duas entradas da instituição na ponta compradora, o jogo de forças terminou o dia com o mercado vitorioso e o dólar fechou o dia em queda de 0,17%, sendo trocado de mãos a R$ 1,724. Em agosto, a ação já havia sido mais forte e as intervenções somaram US$ 3,04 bilhões às reservas internacionais. US$ 3,25 bi são captados em 2 dias no exterior
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