quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Rússia suspende compra de carnes da JBS e da Alibem

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/9/russia-suspende-compra-de-carnes-da-jbs-e-da-alibem

Autor(es): Alda do Amaral Rocha
Valor Econômico - 09/09/2010
A Rússia impôs, desde ontem, restrições à importação de carnes de várias unidades industriais de Brasil, Estados Unidos, Argentina e Polônia, de acordo com a agência de notícias Ria Novosti. Conforme a agência Reuters, as brasileiras JBS e a Alibem estão entre as afetadas.

Conforme a Reuters, três fábricas da JBS no Brasil tiveram as exportações suspensas depois que carnes dessas unidades apresentaram registros do antibiótico oxitetraciclina e de bactérias. Uma fábrica da JBS na Argentina também apresentou carne com o mesmo antibiótico, informou a Reuters, citando o site do Rosselkhoznadzor.
A agência de notícias informou ainda que outra fábrica da JBS será proibida de vender carnes bovina e suína a partir de 14 de setembro por causa da presença das bactérias listeria e salmonella em seus produtos.
Em comunicado, a JBS disse que a Rússia suspendeu a importação de quatro plantas de carne bovina da empresa localizadas em Barra dos Garças (MT), Campo Grande (MS), Naviraí (MS) e Araputanga (MT). Também foram desabilitadas, segundo a JBS, uma de suas plantas nos EUA e outra na Argentina.
"A JBS informa que desconhece o motivo da desabilitação e comunica que manterá o fornecimento aos clientes daquele país através de outras plantas habilitadas no Brasil e nas demais plataformas de produção que a companhia possui em países habilitados para o mercado da Rússia". A empresa disse ainda, no mesmo comunicado, acreditar que o impacto financeiro resultante das restrições russas "tende a ser pouco relevante para a companhia."
Segundo a Reuters, a proibição também atinge uma fábrica da gaúcha Alibem. Procurada, a empresa informou não ter sido notificada oficialmente e não se pronunciou. A Reuters informa que a Rússia habilitou 126 unidades brasileiras para fornecerem carne bovina ao país, além de 104 de carne de frango e 62 de carne suína. Ainda mencionando o site do serviço veterinário russo, a agência de notícias afirma que há outras fábricas da JBS nessas três listas de unidades habilitadas, que são autorizadas a enviar carne à Rússia, mas algumas delas estão passando por controles mais rigorosos.
Conforme a Ria Novosti, a Rosselkhoznadzor instou o serviço veterinário do Brasil a inspecionar as plantas brasileiras que fornecem carnes para a Rússia" o mais rápido possível". "A ausência de resposta a uma carta da Rússia em relação à coordenação dos termos de inspeção forçou a Rússia a cortar as importações de carne do Brasil", diz a Ria Novosti.
O governo brasileiro avalia que as autoridades russas tentam reduzir preços ao barrar produto do Brasil com pretextos sanitários. Em várias conversas bilaterais, os russos têm reclamado de "manipulação artificial de preços" na carne brasileira. Em julho deste ano, em encontro na embaixada do Brasil em Berlim, os russos apontaram o processo de concentração dos frigoríficos como "fator principal" do que consideram uma distorção no mercado. Desde então, têm buscado diversificar fornecedores com ampliação das lista de indústrias.
(Colaborou Mauro Zanatta, de Brasília)




Com restrições à carne bovina, Brasil deixa de exportar US$ 2 bilhões

Autor(es): Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha
Valor Econômico - 10/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/com-restricoes-a-carne-bovina-brasil-deixa-de-exportar-us-2-bilhoes
A carne bovina brasileira tem enfrentado uma série de restrições sanitárias e burocráticas em alguns dos principais mercados importadores, o que já afeta as potenciais receitas com as vendas externas do produto. Os exportadores esbarram atualmente em dificuldades sanitárias nos Estados Unidos e União Europeia, além de questões comerciais com Rússia e Irã.

Se persistirem os problemas, o governo estima que o país deixará de exportar até US$ 2 bilhões em carne bovina até o fim de 2010 - só com as travas impostas pela UE, o "prejuízo" acumulado desde 2008 é calculado em US$ 1 bilhão, informa o Ministério da Agricultura.A situação ficou mais delicada com as recentes sanções impostas pelas Nações Unidas ao comércio com o Irã. Os bancos nacionais refluíram e deixaram de operar linhas de crédito e pagamento a exportadores com negócios no país persa. As indústrias de carne bovina estimam ter US$ 500 milhões a receber do Irã.
Mas as dificuldades começaram ainda em 2008, quando a UE decidiu impor restrições a fazendas que forneciam gado para abate para exportação da carne por questões de controle sanitário. À época, mais de 10 mil fazendas eram habilitadas a fornecer bois para abate à UE. A imposição de aprovações prévias pela UE derrubou a lista para menos de 100 propriedades rastreadas e certificadas.
Ministros e secretários visitaram Bruxelas desde então, mas a situação segue igual. "Temos discussões de fundo com eles. Mas já avançamos muito", diz o secretário de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim. Hoje, há 2.180 fazendas autorizadas.
A UE promete transferir a administração da lista de fazendas ao Brasil, mas ainda não driblou o forte lobby interno contra a abertura total à carne brasileira. "A crise não passou. A Europa tem problema político e econômico. Tem que dar fôlego para a Irlanda e isso trava nossas vendas", afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Otávio Cançado.
O cenário nos EUA é semelhante. Desde o fim de maio, o mercado americano está fechado para a carne bovina industrializada do Brasil. Foram detectados resíduos acima do permitido do vermífugo ivermectina em carne industrializada exportada pela JBS, o que levou o governo a suspender temporariamente as exportações de todo o país aos EUA.
Houve várias reuniões entre autoridades dos dois países, e o Ministério da Agricultura brasileiro chegou a prever a retomada das vendas em agosto. Mas a restrição persiste e a situação até piorou porque, na prática, o Brasil perdeu o poder de recolocar as indústrias na lista de exportadores. Uma missão dos EUA está hoje no país para auditar os controles. "Está mais demorado do que se imaginava. Ainda há pequenos percalços", admite o secretário de Relações Internacionais do ministério, Célio Porto.
O setor privado não sabe qual a real motivação do mau humor americano. A insistência do Brasil em vender ao Irã e a derrota dos EUA no contencioso do algodão são duas hipóteses. Mas também há forte pressão interna de consumidores e uma briga entre órgãos do governo pelo controle da qualidade de alimentos. "A questão política com o Irã prejudicou muito o Brasil", admite Cançado.
Observador atento do setor de carne bovina, Pedro de Camargo Neto, avalia que as dificuldades recentes têm relação com o próprio avanço obtido nos últimos anos. "Quanto maior a altura, maior o tombo. Quem é líder tem de ter competência de líder", afirma Camargo Neto, que é pecuarista e presidente Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).
Em sua visão, os dois maiores problemas para o Brasil hoje são a UE e os EUA. "Com a UE, há uma perda irreparável de credibilidade e com os EUA também estamos num processo de perder credibilidade", diz ele, referindo-se às idas e vindas do sistema de rastreabilidade do gado e ao episódio da ivermectina, respectivamente.
Ele critica o Ministério da Agricultura no episódio da ivermectina. "O ministério não deu uma resposta aos EUA sobre o que aconteceu em maio", diz, inconformado. "É preciso dar as respostas certas e rapidamente", acrescenta Camargo Neto, para quem "o setor privado cresceu mais rápido do que o governo".


Rússia promove "embargos-relâmpago"

Valor Econômico - 10/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/10/russia-promove-embargos-relampago
Maior mercado para a carne bovina brasileira no exterior, a Rússia mantém os exportadores sob pressão ao adotar uma política instável de frequentes "embargos-relâmpago" para atender a interesses imediatos.
O "abre-e-fecha" russo tem como alvo principal o recente processo de concentração dos frigoríficos brasileiros. Governo e importadores russos não querem ficar reféns de dois ou três grupos. O recado vem sendo repassado a autoridades brasileiras desde meados de 2009. Os russos insistem em ampliar fornecedores, mas querem indicar empresas e elegem seus interlocutores.
As indústrias do Brasil ocuparam espaços de competidores, mas as cotações da carne têm subido por causa da alta do boi. No fundo, o objetivo da Rússia é renegociar preços. Por isso, o país usa pretextos sanitários e adia o envio de nova missão para habilitar mais frigoríficos. Na quarta-feira, anunciou a restrição às exportações de plantas da JBS no Brasil, EUA e Argentina.
"São problemas burocráticos. O nosso sistema continua bom", diz o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Francisco Jardim. "Ocorre que o Brasil não é mais um pequeno ator, incomoda os competidores lá fora". Para ele, que embarcará para Moscou até o fim deste mês, a Rússia aceitará uma nova discussão da equivalência das regras sanitárias.
Todos os grandes exportadores de carne do Brasil enfrentam alguma restrição da Rússia atualmente. Segundo o Serviço Federal de Inspeção Veterinária russo, a JBS tem 18 unidades habilitadas a exportar à Rússia. Desse total,12 plantas têm "restrições temporárias", três sofrem "reforço de controle", o que obriga a verificação de todas as cargas recebidas em território russo, e três são "aprovadas". A Bertin, controlada pela JBS, tem quatro plantas aprovadas. No caso da Marfrig, são 16 plantas autorizadas e três com restrições temporárias. O Minerva tem sete plantas habilitadas e apenas uma com essa restrição. Procuradas, as empresas não se pronunciaram.






Camil e Brasfrigo desfazem acordo

Autor(es): Lílian Cunha
Valor Econômico - 09/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/9/camil-e-brasfrigo-desfazem-acordo
O acordo entre a Camil Alimentos, maior processadora de arroz e feijão da América Latina, e a Brasfrigo Alimentos, fabricante de atomatados e vegetais em conserva, foi desfeito. A Camil, segundo fontes do setor, teria aceito pagar R$ 100 milhões pela dona das marcas Jurema, Tomatino e Jussara. A operação havia sido fechada em junho e confirmada ao Valor por executivos das duas empresas e pessoas ligadas ao mercado de atomatados.
Depois de já fechado o acordo, Flávio Pentagna Guimarães, controlador do Grupo BMG, detentor da Brasfrigo e do Banco BMG, teria desistido da operação e pago uma multa calculada em R$ 10 milhões.
Em nota ao Valor, Jacques Quartiero, diretor da Camil, negou ter havido interesse na Brasfrigo e que, consequentemente, nenhum negócio teria sido desmanchado. "A Camil declara que em momento algum houve a conclusão de qualquer negócio com a Brasfrigo", disse ele na nota.
O fim do acordo surpreendeu executivos do mercado. "A Camil já estava estudando novas embalagens para os produtos, unindo a marca da empresa com a Jurema", afirmou um empresário do varejo.
Valor apurou que as dívidas da Brasfrigo pode ter contribuído para o rompimento do acordo. Conforme o balanço publicado em 26 de junho, relativo ao ano passado, a fabricante de conservas e molhos acumulou prejuízo de R$ 299,8 milhões. Há também uma dívida de R$ 215,6 milhões para companhias coligadas ao Grupo BMG. De acordo com empresários do setor, a Camil não quis levar consigo essas dívidas.
Mesmo assim, a fabricante da ervilha Jurema tem atrativos que teriam chamado a atenção da Camil. Conforme o balanço, no ano passado as vendas da Brasfrigo movimentaram R$ 247 milhões. O passivo operacional, de R$ 7,04 milhões é considerado baixo para uma companhia com esse total de vendas.
A Camil, que faturou no ano passado R$ 1,4 bilhão, ainda estaria buscando outra companhia nesse setor para aquisição.
A estratégia da Camil é diversificar seu leque de produtos, hoje concentrado em arroz, feijão, alguns grãos e óleo de girassol.
Flávio Pentagna Guimarães, o controlador da Brasfrigo, não atendeu ao pedido de entrevista da reportagem. E Raul Gama Boaventura, da diretoria executiva da empresa preferiu não comentar o assunto.
A Brasfrigo tem sede administrativa em São Paulo e a fábrica em Luziânia, interior de Goiás. É a maior processadora nacional de milho para conserva, com 150 mil toneladas por ano.

História

Pioneirismo conquista o mercado

1963 – A CAMIL é fundada em 30 de julho, no município de Itaqui-RS, em um armazém de 2.700 m2. Atua inicialmente como suporte aos produtores rurais da região fronteiriça à Argentina, onde a atividade de subsistência é, ainda hoje, a agricultura e a pecuária.
1968 – A transição do arroz sequeiro para o irrigado transfere o local de cultivo da região Central do País, para o Sul. Ocorre, então, um forte desenvolvimento da região, tornando o Rio Grande do Sul responsável por 50% da produção nacional de arroz.
1974 – Com a ampliação da produção em Itaqui e municípios da região, a CAMIL toma iniciativa pioneira e passa a distribuir arroz empacotado em embalagens plásticas de 5kg, inicialmente para o Sudeste do País. Até então, o produto era tradicionalmente comercializado em conchas nos pontos-de-venda.

1975 – Em nova ação inédita, a CAMIL inaugura, em São Paulo, o primeiro centro de armazenagem, distribuição e atendimento, para suprir pontos-de-venda em outros Estados. É um marco no sistema de distribuição, pois, antes disso, havia uma espera de 3 a 4 dias para recebimento do cereal.
1980 – Exigências do mercado impulsionam produtores a otimizar o atendimento e reduzir prazos de entrega. Alinhando-se a esse novo perfil, a CAMIL instala, em 1985, um engenho de arroz no Canindé, capital paulista, onde o arroz é empacotado. Isso contribui para melhorar a distribuição e reduzir o prazo de entregas para até 48 horas.
1987 – Bancando dificuldades para entrar em um mercado pleno de obstáculos, a CAMIL passa a comercializar feijão, cria sua marca própria e posiciona-se firmemente perante compradores e consumidores.
1991 – A empresa transfere sua sede administrativa para a capital paulista, visando ao crescimento da capacidade instalada e à intensificação da distribuição.
1997 – A CAMIL torna-se uma Sociedade Anônima e, um ano depois, passa a atuar em sociedade com a TCW, empresa norte-americana voltada à administração de recursos.
1999 – Primeira aquisição da empresa, com a incorporação de 18,2% da Josapar.
2001 – A segunda aquisição: Saman, de Recife-PE, segunda marca mais vendida no Nordeste. Adquire, ainda, a marca Pai João, uma das mais líderes em vendas no Ceará – o que contribui para a expansão da empresa na região. No mesmo ano, a CAMIL adquire uma planta industrial em Camaquã-RS onde é feito o beneficiamento de arroz branco.
2002 – É incorporada a segunda parte da planta industrial em Camaquã, exclusivamente para produção de arroz parboilizado, uma atividade, até então, terceirizada pela empresa. Ainda naquele ano, a CAMIL adquire a marca Príncipe, uma das mais vendidas no Rio de Janeiro.
2003 – É agrupada à empresa uma unidade de beneficiamento de feijão verde, no Estado de Minas Gerais.
2005 – Investe em expansão da estrutura logística por todo o país, abrindo unidades e centros de Distribuição em estados do Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
2006 – A Camil recompra as ações em poder do TCW e concentra seus investimentos na produção industrial.
2007 – A empresa adquire a Saman, maior empresa de arroz do Uruguai com 8 plantas produtivas. Atualmente 95% de sua produção é destinada a exportações, abrangendo mais de 50 países.
2008 - A Camil adquire mais uma unidade produtiva  sendo esta na região de Rio Grande (RS).  Sua função logística privilegiada, (próxima ao porto) contribui na competitividade para o mercado externo, além de ampliar sua capacidade na produção de arroz parboilizado.
2009 - A Camil Alimentos compra a chilena Tucapel, empresa líder no país no beneficiamento de arroz, com faturamento anual de US$ 70 milhões e presente em mais de 80% do varejo no Chile. Com a aquisição, a Camil passa a operar com capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas de grãos.

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