O Brasil é, de longe, o país com melhor desempenho em inovação, pesquisa e desenvolvimento entre as nações da América Latina, mas, como elas, está bem abaixo dos outros emergentes, como China, Índia e Coreia do Sul, segundo estudo recém-divulgado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Um dos maiores desafios brasileiros é capacitar empresas e governos estaduais a aproveitar os programas de apoio criados pelo governo federal, disse a chefe da divisão de ciência e tecnologia do banco, Flora Montealegre Painter. Ela abre hoje, em Brasília, seminário com representantes estaduais sobre inovação.
"O Brasil tem muitíssimos instrumentos de apoio à pesquisa e tecnologia para inovação, em nível federal", saudou a executiva. "O que se necessita realmente é apoiar o fortalecimento das instituições regionais e estaduais." O BID estuda oferecer linhas de crédito para fortalecer programas de inovação e desenvolvimento tecnológico em diferentes Estados. Projetos-pilotos vêm sendo desenvolvido pelo banco com os governos de Alagoas, Paraíba, Minas Gerais e Santa Catarina. "Estamos em uma etapa de exploração", comentou a executiva. O projeto, com US$ 1 milhão aproximadamente em recursos do BID e quase US$ 5 milhões no total, deve detalhar a atuação e ligações de empresas, governos e instituições em projetos de inovação. Os resultados devem orientar a criação de uma linha de crédito do BID para o setor, adianta Flora Painter. Em reunião ontem em Brasília, responsáveis pelos programas estaduais de inovação comentaram as dificuldades de pequenas e médias empresas para qualificar-se a receber os incentivos disponíveis no país de instituições federais como o BNDES e a Finep. Uma das linhas de trabalho a serem adotadas pelos governos e instituições multilaterais pode ser a de programas de orientação e qualificação desses empresários, disse a executiva do BID. O relatório recém-divulgado, "O Imperativo da Inovação", preparado originalmente para a reunião dos chefes de Estado da União Europeia e da América Latina e Caribe, realizado em Madri, em maio, mostra que, no período entre 1997 e 2007, enquanto o investimento em inovação dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cresceu de 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,3%, nos países da América latina e Caribe, esse percentual cresceu de apenas 0,52% para 0,67%. Apesar do crescimento modesto, o Brasil teve papel importante, segundo o BID: foi responsável por 60% dos gastos em pesquisa e desenvolvimento em 2007. Embora o Brasil se destaque como o país com maior parcela do PIB destinada a investimentos em inovação, esse percentual ainda era pequeno, de 1,11% do PIB em 2007, bem abaixo dos alcançados em países emergentes como a Coreia do Sul, que investiu quase 3,4% do PIB em pesquisa e desenvolvimento no mesmo ano. A China, segundo o BID, investiu perto de 1,5% do PIB, mas chama a atenção pela velocidade com que aumentou seu percentual de investimentos em inovação: partiu de patamares inferiores dos alcançados pelo Brasil em 1997. Ressalvada a distância que ainda separa o Brasil dos países asiáticos, por exemplo, o Brasil é apresentado, ao lado de países como o Chile e, em alguns casos, México e Argentina, como o melhor exemplo de avanço no setor. Na América Latina, em geral, há menos pesquisa aplicada, geradora de inovação produtiva, que em países mais avançados. Na região, enquanto os pesquisadores em engenharia e tecnologia representam entre 10% a 30% do total, países como Japão ou Coreia do Sul têm 60%. O Brasil é citado, ainda, como exemplo na constituição de fundos setoriais, na bem sucedida articulação entre pesquisas e produção agrícola e na variedade de instrumentos de apoio a inovação. A falta de relação entre o que é pesquisado nas universidades e as empresas é um dos principais desafios do país, como em toda a região, diz a executiva do BID.
O balanço da pós-graduação
O Estado de S. Paulo - 16/09/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/16/o-balanco-da-pos-graduacao |
Promovida a cada três anos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, a avaliação dos 4.099 cursos de mestrado e doutorado, que acaba de ser divulgada, registra avanços importantes na pós-graduação do País. A primeira boa notícia é que o número de doutorados com padrão internacional vem crescendo. Em 2007, a Capes atribuiu os conceitos máximos (notas 6 e 7) a 237 cursos, nas mais variadas áreas do conhecimento. Neste ano, o número subiu para 298, o que representa 11% do total. Com isso, o Brasil pulou do 20.º para o 13.º lugar no ranking de produção científica do Journal of Scientific Research. Quando os cursos recebem as notas 1 e 2, eles são considerados "insuficientes", perdem o credenciamento e não podem conceder certificados. E os cursos que não se recuperarem nas avaliações seguintes podem até ser fechados. Do total de cursos avaliados, apenas 75 receberam os conceitos mais baixos. E 870 cursos foram considerados regulares, alcançando a nota 3. Para receber a nota 6, os cursos precisam ter um desempenho equivalente ao dos centros de pesquisa e das universidades de ponta norte-americanas e europeias, principalmente em matéria de produção científica e de acordos regulares com instituições estrangeiras de ponta, do porte de uma London School of Economics e de uma University of Cambridge, na Inglaterra, e de universidades como Yale, Harvard, Columbia, Princeton ou o Massachusetts Institute of Technology (MIT). No que se refere à produção científica, os professores e pesquisadores dos cursos de doutorado têm de exercer a liderança nacional em suas áreas de atuação, integrar entidades científicas e conselhos editoriais de periódicos, participar de congressos no exterior e publicar regularmente artigos nas mais prestigiosas revistas científicas internacionais. Em matéria de convênios e acordos, os cursos precisam manter intercâmbio internacional contínuo, desenvolver pesquisas conjuntas com instituições estrangeiras, ter doutorandos cursando disciplinas no exterior e contar em seu corpo docente com professores que sejam membros das diretorias das mais reputadas entidades acadêmicas internacionais. Para alcançar a nota 7, os cursos não apenas precisam atender a essas exigências, como também têm de atrair alunos de outros países. E também têm de contar com financiamentos internacionais para suas pesquisas e projetos vinculados ao programa de pós-graduação. A segunda boa notícia da avaliação trienal da Capes é que a pós-graduação já não mais está concentrada no Sudeste. Embora mais da metade dos programas de mestrado e doutorado esteja situada na região, principalmente no Estado de São Paulo, seguido pelo Estado do Rio de Janeiro, aumentou significativamente o número de cursos tanto no Nordeste como no Norte. Nesta região, por exemplo, o aumento foi de 35,3%, em relação à avaliação de 2007. E, no Nordeste, o crescimento foi de 31,3%. Como são cursos recentes, eles precisam de tempo para obter melhores notas. Hoje, o Norte só tem um curso com padrão internacional, a pós-graduação em geologia e geoquímica da UFPA. Parece pouco, mas é uma conquista, considerando-se as carências da região amazônica. Como era de esperar, por causa da pujança econômica de São Paulo, as três universidades estaduais paulistas e as universidades federais de São Carlos e de São Paulo são as que têm maior número de cursos com as notas máximas. A líder do ranking da Capes é a USP, com 34 cursos com padrão internacional, situados nos campi de São Paulo, Ribeirão Preto, Piracicaba e São Carlos, seguida pela Unicamp, com 15 cursos. A avaliação da pós-graduação, que envolveu 877 consultores recrutados nos próprios cursos de mestrado e doutorado, começou a ser implantada há mais de três décadas, quando a Capes era chefiada pelo economista Cláudio Moura Castro, e hoje é considerada uma das mais eficientes do mundo. Os conceitos atribuídos servem de parâmetro para a concessão de bolsas e financiamentos de projetos, pelas agências nacionais e internacionais de fomento à pesquisa. |
Complexo de vira-lata
Autor(es): Agencia o Globo/ Benito Paret |
O Globo - 21/09/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/21/complexo-de-vira-lata
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Já é hora de os brasileiros despojaremse do complexo de vira-lata em relação a quase tudo o que se refira ao Brasil. Veja-se o exemplo de noticiário recente sobre a posição do país no ranking de patentes solicitadas à Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi). Classificouse recentemente de tragédia nacional o fato de estarmos no 24o lugar, em 2009, e comparou-se o número de patentes solicitadas pelo Brasil ao de economias maduras e há muito estabilizadas.
Mas não se atentou para a evolução do quadro divulgado pela entidade, nem para a comparação com os chamados países em desenvolvimento.
Claro que volume de patentes é indicativo de vitalidade de um país na área de ciência e tecnologia. Mas não é o único. Nem se pode afirmar que país fora dos primeiros lugares da lista não produza inovação. Mesmo que tenhamos ainda um longo caminho a percorrer, é importante frisar que entre 2005 e 2009 o Brasil aumentou em 83,7% o número de patentes solicitadas à Ompi. Passou de 270 pedidos, em 2005, para 496, em 2009.
Com isso, subiu três pontos na classificação geral, passando da 27 apara a 24a posição.
Não é pouco. No grupo dos Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, somente nós e a China aumentamos o número de pedidos de patentes internacionais, de 2008 para 2009. É interessante observar, também, que entre os 15 primeiros do ranking, no mesmo período, somente cinco países cresceram: Japão (3,6%), Coreia do Sul (1,9%), a locomotiva chinesa (29,1%), França (1,3%) e Holanda (2,4%). Os demais caíram. Entre cinco grandes produtores de tecnologia, a queda superou dez por cento.
No plano interno, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) registrou 124.660 solicitações de marcas depositadas em 2008. Deste total, 70% feitas por empresas nacionais.
Somos um dos dez principais países do mundo em pedidos de marcas apresentadas. Em relação às patentes, o Brasil é líder de solicitações nacionais, na América Latina, com 26.232 registros em 2008. Estes números, faça-se justiça, decorrem, em parte significativa, da política de apoio à inovação conduzida pelo governo brasileiro nos últimos anos.
São muitas as boas iniciativas adotadas para incentivar a inovação e promover a competitividade da economia brasileira de longo prazo. São medidas tributárias, regulatórias e de financiamento. E elas têm dado resultados mensuráveis.
O que o Brasil precisa, no estágio atual, é de inovação incremental, na definição schumpeteriana. Para Schumpeter, inovação é a introdução de um novo produto ou mudança qualitativa em produto existente; inovação de processo que seja novidade para uma indústria; abertura de um novo mercado; desenvolvimento de novas fontes de suprimento de matéria-prima; mudanças na organização industrial.
E a maior parte dessas inovações não gera patente. Bom exemplo disso é a área de TI. Não há setor da economia que passe por mais ondas de destruições criativas e seja obrigado a inovar que a TI. A demanda por financiamento, nessa área, no Brasil, é prova disso.
Chegou a R$ 5,2 bilhões o volume de projetos apresentado à Finep, em 2009, para um edital que destinava R$ 450 milhões de subvenção a vários segmentos estratégicos.
Ainda temos muito que caminhar para nos equipararmos aos maiores produtores de tecnologia no mundo.
Mas já é hora de deixar de lado o complexo de vira-lata. BENITO PARET é presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro. |
Greve, Estado de Direito e democracia
Autor(es): Cristiano Paixão |
Correio Braziliense - 14/09/2010 |
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Professor da Faculdade de Direito da UnB
A greve dos servidores da UnB já passa de 180 dias. É quase natural que os estudantes, os professores e a comunidade de Brasília demonstrem preocupação em relação ao desfecho do movimento. O pleito dos servidores — restituição do pagamento da URP de fevereiro de 1989, de 26,05% — depende agora de uma decisão liminar que pode (ou não) ser proferida pela ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal.
A preocupação é compreensível. O que não é compreensível — nem aceitável — é a tentativa de atribuir aos gestores da universidade, especialmente ao reitor, a responsabilidade pelo andamento da greve.
Nós vivemos num Estado de Direito. Somos uma sociedade democrática. Isso significa afirmar que os conflitos (inerentes a toda e qualquer vida em sociedade) são dirimidos institucionalmente, por meio de órgãos dotados de competência para tanto. No caso da greve, cabe ao Poder Judiciário decidir acerca da abusividade, ou não, do movimento.
Em 20 de maio de 2010, a UnB requereu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, a decretação da abusividade da greve dos servidores. Foi realizada audiência, sem que fosse obtido acordo. Em 16 de junho de 2010, o relator, juiz Reginaldo Márcio Pereira, deferiu parcialmente a liminar requerida, determinando o funcionamento integral do Hospital Universitário e a manutenção de 80% dos servidores necessários ao regular funcionamento do Restaurante Universitário. Desde então, o processo aguarda julgamento definitivo no TRF.
Os gestores da UnB foram eleitos por meio de um processo democrático e inclusivo, com participação paritária dos três segmentos da universidade. A administração vem pautando suas ações pelo constante diálogo com os órgãos representativos de todos os segmentos da UnB — professores, servidores e alunos. Essas posturas decorrem de um compromisso com a transparência, com a ética e com a democracia.
Enquanto a greve for considerada legal pelo Poder Judiciário, a obrigação dos órgãos diretivos da universidade será a de manter em funcionamento os serviços essenciais e reduzir, dentro do possível, os prejuízos à sociedade. E isso vem ocorrendo, como é possível constatar pela regularidade do 1º semestre letivo de 2010, que está em seus últimos dias. O calendário do 2º semestre já foi aprovado e o processo de matrícula será iniciado em breve. O vestibular foi realizado normalmente.
Ao se deparar com uma greve que persiste no tempo, a UnB postulou a manifestação do Poder Judiciário. E, como sempre ocorreu sob a atual reitoria, houve absoluto respeito e cumprimento à decisão.
Qualquer cidadão, professor universitário ou não, pode discordar da postura do sindicato dos servidores. Pode considerar a greve precipitada, desarrazoada ou mesmo irresponsável. Porém, a deflagração da greve é resultado de um direito previsto na Constituição da República.
Em tempos anteriores, os gestores da UnB, com o apoio das armas do regime ditatorial, falavam a língua da intimidação e da ameaça. As armas de que dispomos hoje são outras. O direito a reivindicar e protestar, o respeito à diferença e a solução de conflitos por meio do direito são conquistas de que a sociedade brasileira deve se orgulhar. Qualquer tentativa de resolver a situação atual da greve dos servidores por outro meio que não seja o do diálogo ou de uma decisão judicial soará, de modo melancólico, como impotente nostalgia do autoritarismo. Nossa universidade e nossa cidade não merecem isso.
UnB
STF mantém gratificação |
Autor(es): Luiz Calcagno e Ariadne Sakkis |
Correio Braziliense - 17/09/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/17/unb |
A decisão preserva o pagamento de 26,5% nos salários dos quase 3,5 mil técnicos e pode levar a categoria a suspender a paralisação iniciada em 16 de março deste ano, considerada a mais longa da história da universidade.
Adauto Cruz/CB/D.A Press |
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Diante do Supremo Tribunal Federal, um grupo de grevistas festejou a decisão da ministra Cármen Lúcia, anunciada na página virtual da Corte |
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Depois de exatos seis meses, a maior greve da história da Universidade de Brasília (UnB) atingiu seu objetivo. Os quase 3,5 mil técnicos-administrativos da instituição, de braços cruzados desde 16 de março, conseguiram garantir, por meio de liminar expedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o pagamento da Unidade de Referência de Preços (URP/89)(1). A alíquota é um mecanismo de correção salarial que corresponde a 26,05% do contracheque da categoria e também dos professores da universidade. A decisão da ministra do STF, Cármen Lúcia, na última segunda-feira e divulgada na tarde de ontem, a “diminuição, suspensão e retirada daquela parcela da remuneração dos servidores”.
A ministra declarou que pretendia levar o julgamento da liminar para o plenário do STF, mas decidiu ela mesma examinar o requerimento, porque a pauta no fim do primeiro semestre estaria “assoberbada”. O advogado do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Valmir Floriano Vieira, ressaltou que a ministra também exigiu, no documento, que a administração da UnB restituísse os valores retidos desde a decisão em mandado de segurança que suspendeu o pagamento da URP em julho último. “A ministra concedeu liminar determinando a manutenção do pagamento da URP. Isso é o deferimento de uma liminar que deve ser cumprida até o julgamento de mérito pelo plenário do STF, que ainda não tem previsão”, informou.
O sindicato, representado pelo coordenador-geral Cosmo Balduíno, foi informado da manutenção da URP após reunião com a ministra, às 16h de ontem. Também participaram do encontro representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB e o presidente da Associação de Docentes da UnB (ADUnB), Ebenezer Nogueira. A ministra, no entanto, não comunicou diretamente ao grupo sobre a usa decisão. Eles só souberam do deferimento da liminar o após a publicação no site do STF.
Para Balduíno, a paralisação do servidores poderá ser suspensa. Mas caberá à categoria tomar essa decisão em assembleia marcada para a próxima terça-feira. Segundo ele, apesar da comemoração, a liminar não representa o fim da batalha judicial. “Trata-se de uma decisão jurídica precária que não constitui direito. Temos agora que aguardar o julgamento do mérito”, disse. O também coordenador do Sintfub, Antônio César de Oliveira Guedes, explicou quais serão os próximos passos da categoria. “Nós vamos avaliar a liminar e apresentar essa análise na assembleia”, afirmou.
Ebenezer Nogueira criticou a administração da universidade durante o movimento grevista e disse que, com o reitor, José Geraldo de Sousa Junior, a UnB perdeu sua independência universitária. “Nenhum reitor até então tinha suspendido o pagamento da URP, mas com o José Geraldo tivemos que entrar em greve para garantir os nossos direitos. O Sintfub conseguiu a liminar, o direito ainda pode ser violado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e pela Advocacia Geral da União (AGU) caso eles resolvam interpretar o documento, como aconteceu com os professores”, lembrou.
Na visão do reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Junior, o deferimento da liminar pode significar a antecipação de uma tutela jurídica. Segundo ele, isso ocorreu porque a ministra teria identificado no requerimento do Sintfub “sinais de um bom direito”. “A concessão da liminar confirma o que venho dizendo insistentemente, que a pretensão do sindicato tem fundamento legal e que a natureza da remuneração é sustentada jurisprudencialmente.”
1 - Medida polêmica
A URP é um índice econômico criado em 1987 pelo Plano Bresser, para reajustar preços e salários. Inicialmente, apenas os servidores que entraram na Justiça por se sentirem prejudicados com a inflação da época ganharam o direito ao benefício. Em 1991, o bônus de 26,05% se estendeu a todos os funcionários do quadro administrativo
Trata-se de uma decisão jurídica precária que não constitui direito. Temos agora que aguardar o julgamento do mérito”
Cosmo Balduíno, coordenador-geral do Sintfub
Memória
Batalha já dura 21 anos
Em 1989, o pagamento da URP foi suspenso pelo Plano Verão, gerando uma série de batalhas judiciais com o argumento de que a suspensão feria o direito adquirido e violava a Constituição Federal. Em 1991, o então reitor da UnB, Antônio Ibañez Ruiz, estendeu administrativamente o pagamento da URP a todos os servidores da instituição com base no princípio da isonomia, mas teve o ato anulado pelo então ministro da Educação, Carlos Chiarelli. A UnB obteve na Justiça o amparo legal para continuar pagando. Em agosto de 2009, o Tribunal de Contas da União determinou, em caráter cautelar, que a UnB não pagasse mais o acréscimo salarial a servidores admitidos após 2006. Em outubro, a ADUnB impetrou mandado de segurança no STF e conseguiu suspensão dos efeitos da medida. Em novembro, professores e funcionários entram em greve que durou até dezembro. Nova paralisação foi deflagrada em 9 de março. Após embates com o Mpog e a Advocacia-Geral da União, que dava parecer contrário ao pagamento da URP e que chegou a pedir a ilegalidade da greve, a Reitoria recebeu da ministra Cármen Lúcia um despacho que ordenava o pagamento da URP até decisão final do STF. Em assembleia rachada, os professores decidem sair da greve em 10 de maio último e os servidores seguem paralisados. Após perder as batalhas no Tribunal Regional Federal da 1ª Região — que considerou apenas 204 servidores aposentados como autores da ação para o pagamento da URP —, o Sinftub recorreu ao Supremo Tribunal Federal seguindo os moldes do corpo docente para garantir os 26,05%. A categoria condicionou o julgamento da ação à volta ao trabalho e acabou protagonizando a maior greve da história da UnB.
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No país, só 19% dos programas da pós-graduação melhoram de nota
Autor(es): Agência Brasil |
Valor Econômico - 15/09/2010 |
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/15/no-pais-so-19-dos-programas-da-pos-graduacao-melhoram-de-nota |
O resultado da avaliação trienal (2007-2010) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), divulgado ontem, revela que 71% dos 2.718 programas de pós-graduação das universidades brasileiras, públicas e particulares, não conseguiram avançar no conceito de qualidade do Ministério da Educação, enquanto 19% tiveram as notas elevadas e 10%, reduzidas. Os programas avaliados correspondem a a 4.099 cursos: 2.436 mestrados, 1.420 doutorados e 243 mestrados profissionais. Para cada programa são atribuídas notas em uma escala de 1 a 7. A avaliação leva em conta o corpo docente, a proposta pedagógica e a produção científica. Os programas com avaliação 1 e 2 são descredenciados pelo MEC. Nota 3 significa desempenho regular, 4 é considerada como bom resultado e 5 é atribuída ao programa que atinge "muito bom nível". As notas 6 e 7 indicam desempenho equivalente "ao alto padrão internacional", normalmente conceituam cursos de doutorado. Do total de programas avaliados, 2,7% obtiveram notas 1 ou 2; 32% nota 3; 33,6% nota 4; 20,6% nota 5; 6,8% nota 6 e 4,1% nota 7. De acordo com a Capes, uma das explicações para a estagnação dos conceitos da pós-graduação está relacionada ao processo de consolidação dos programas no Norte, Centro-Oeste e Nordeste, que apresentam forte crescimento e contam com programas recentes que precisam de mais tempo para obter melhores notas. Além disso, a maioria dos cursos do Sudeste, que concentra mais de 50% da pós-graduação brasileira, manteve o conceito 4 e 5. Mesmo assim, o Sudeste também registrou as piores notas. Dos 84 cursos de mestrado e doutorado descredenciados pelo MEC (2% do total), 52 deles estão na região Sudeste, 9 no Nordeste, 9 no Sul, 7 no Centro-Oeste e 7 no Norte. Por outro lado, o Sudeste também obteve o maior índice de notas 6 e 7: do total nacional de 594 cursos com conceito máximo, 467 estão na região. Além de descredenciar cursos com resultados insatisfatórios, a avaliação trienal da Capes também serve para orientar o financiamento da pós-graduação e a distribuição de bolsas de estudo. Segundo o presidente da agência federal, Jorge Almeida Guimarães, o conceito de cursos "tem peso importante na distribuição dos recursos. Ele ressaltou que a Capes cobre todos os níveis de programa a partir da nota 3. O levantamento mostra ainda que o número de cursos de mestrado e doutorado cresceu 20% no Brasil nos últimos três anos. O maior crescimento foi na região Norte, com incremento de 35% nos últimos três anos. Entre 2007 e 2010, a pós-graduação formou 100 mil mestres, 32 mil doutores e 8 mil mestres profissionais, em um total de 140 mil titulados. Na avaliação de Guimarães, o crescimento da pós-graduação no país não foi só quantitativo. "Do ponto de vista do desempenho científico, houve melhora considerável. O Brasil vem galgando posições cada vez mais altas nos rankings internacionais", afirma. Segundo ele, o país é hoje o 13º do mundo em quantidade de publicações científicas. Guimarães espera que em 2010 o país chegue ao 12º lugar. Considerando o número de citações de artigos brasileiros em publicações científicas internacionais , o Brasil aparece em 22º lugar entre os 30 países que dominam 98% da pesquisa mundial. |
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