sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Entre empresas afetadas pela crise, 21% não retomaram investimento cancelado

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/entre-empresas-afetadas-pela-crise-21-nao-retomaram-investimento-cancelado
Autor(es): Luciana Otoni
Valor Econômico - 24/09/2010
 
Do total das indústrias do país afetadas pela crise financeira global, 59% não se recuperaram plenamente. A constatação é da Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de pesquisa junto a 1.353 empresas entre junho e julho. Por meio da sondagem, focalizada nas consequências da desaceleração, a entidade verificou que a redução no ritmo de atividade afetou mais as empresas exportadoras e os negócios de menor porte. A pesquisa mostra também que essas companhias enfrentam dificuldade de acesso a crédito e entraves para retomar investimentos.

De acordo com o levantamento, apenas 7 dos 27 segmentos industriais pesquisados informaram que os impactos da redução do ritmo de atividade foram superados. No restante, ainda há resquícios da crise.
 
O ponto de partida da análise é setembro de 2008, mês que dá início ao período mais agudo da crise internacional, momento em que a economia brasileira avançava em um padrão elevado, que não pode ser considerado como média de expansão do PIB.
O gerente-executivo da CNI, Flávio Castelo Branco, reconhece que a sondagem feita pela entidade partiu de uma média de expansão elevada, mas lembra, por outro lado, que a indústria foi o setor mais afetado pela crise na economia brasileira. Ainda assim, a recuperação do parque fabril do país entre o fim de 2009 e 2010 segue em bases elevadas se comparada à demais economias, apenas menor que a reação observada na China e na Índia.
A despeito da boa reação na indústria neste ano, Castelo Branco ressalta que os efeitos da crise no setor foram heterogêneos. "Os impactos negativos vieram por dois canais. O de acesso a crédito, já que, na crise, o corte de linhas internacionais afetou bancos brasileiros e isso se transmitiu para o setor industrial. O outro canal foi a retração da demanda externa, e essa demanda não retomou níveis anteriores à crise", disse.
Entre as empresas que cancelaram investimentos, em 21% delas esses projetos não foram retomados, de acordo com a sondagem. No grupo das que reativaram os planos de expansão, a retomada não foi feita de forma integral em 27% delas.
A pesquisa identificou que, para 35% das empresas afetadas pela desaceleração, o acesso ao crédito se tornou mais difícil que no período anterior a setembro de 2008.
Os efeitos da crise ainda persistem em grande parte das fábricas, em um período em que o setor industrial registra bons indicadores de produção e faturamento. De acordo com o IBGE, a produção industrial avançou 15% em 2010 no acumulado até julho. Segundo dados da CNI, o faturamento do setor industrial aumentou 11,4% em igual período deste ano. [Ajuste imperialista, que aponta a desindustrialização global, na medida em que se tornou mais difícil para as "brasileiras" internacionalizarem-se. A crise, embora percebida como efeito da especulação financeira, reduziu a extração de mais-valia.]
Esses resultados, porém, estão concentrados nas empresas que atendem ao mercado doméstico e que encontraram no consumo interno uma forma de enfrentar a desaceleração. "Os dados de faturamento e de produção representam a média de toda a indústria e estão concentrados nas empresas que têm a demanda doméstica como principal mercado. São essas que estão em ritmo forte. Não podemos generalizar esse bom comportamento para todos os segmentos", destaca o economista da CNI.
Até o fim deste mês, a entidade apresentará novas projeções para a economia brasileira e para o setor industrial. A projeção inicial de expansão de 12,3% para o PIB industrial deverá ser revista para cima. Considerando o desempenho futuro, a CNI adverte que, se as compras feitas no exterior continuarem avançando a um ritmo superior a 40% ao ano, as importações irão subtrair crescimento das indústrias brasileiras em 2011.

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