Fome reduz, mas ainda é tragédia | ||||||||
Autor(es): Rodrigo Craveiro | ||||||||
Correio Braziliense - 15/09/2010 | ||||||||
Número de famintos diminuiu pela primeira vez em 15 anos e chegou a 925 milhões. http://www.fao.org/docrep/012/al390s/al390s00.pdf Quando você terminar de ler essa frase, uma criança terá morrido no mundo, vitimada pela fome. A estatística assombra um documento pontuado por algumas boas notícias. O relatório A nova figura da fome, divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), revela que o número de famintos crônicos no planeta caiu pela primeira vez em 15 anos. Em 2009, cerca de 1,023 bilhão de pessoas enfrentavam o fenômeno. Com base em estimativas, em 2010, serão 925 milhões sem ter o que comer. A redução de 9,6 pontos percentuais — ou 98 milhões de famintos — não se traduz em alívio para a FAO. “Com uma criança morrendo a cada seis segundos por causa de problemas relacionados à desnutrição, a fome permanece a maior tragédia e escândalo do mundo, algo absolutamente inaceitável”, disse Jacques Diouf, diretor-geral da FAO. Ele alerta que o nível continuamente alto da fome mundial “torna extremamente difícil alcançar não apenas a primeira, mas todas as Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDG, pela sigla em inglês)”. A primeira MDG é erradicar a pobreza extrema e a fome. Para tentar reverter a situação, a FAO lançou ontem a campanha “1 bilhão de famintos”. “Trata-se de uma campanha de sensibilização, que pode ser muito eficiente em seguir com a pressão sobre a comunidade internacional para manter (e aumentar) seus compromissos pela redução da fome, por meio da promoção da participação popular”, afirmou ao Correio o grego Kostas Stamoulis, diretor da Divisão de Desenvolvimento Agrícola e Econômico da FAO. Segundo ele, o combate à crise alimentar e à desnutrição passa pelo crescimento econômico conjugado a mecanismos de redistribuição, a fim de se reduzir as desigualdades. “Os programas de proteção social são fundamentais para resguardar os mais vulneráveis, e precisam estar aliados a um alto nível de investimentos em agricultura”, sugere Kostas. “Apoiar os sistemas produtivos de pequenos agricultores deveria ser um pilar das políticas de investimentos rurais e agrícolas”, acrescenta. Estrutural A FAO considera que o fato de o número de desnutridos seguir aumentando — mesmo em períodos de crescimento da economia e de preços baixos — aponta que a fome é um problema estrutural. “Histórias de sucesso existem na África, na Ásia e na América Latina”, comemora Diouf, para quem tais experiências precisam ser replicadas. O relatório mostra que dois terços dos desnutridos vivem em apenas sete países — Bangladesh, China, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão. A região com o maior número de pessoas famintas é a Ásia-Pacífico (578 milhões). Mas a maior proporção ainda atinge a África Subsaariana, com 30% (239 milhões). O cumprimento da primeira Meta de Desenvolvimento do Milênio já foi obtido por Guiana, Jamaica e Nicarágua. Segundo a FAO, o Brasil se aproxima dessa condição. Duas perguntas para - Kostas Stamoulis Diretor da Divisão de Desenvolvimento Agrícola e Econômico da FAO
O fato de o número de famintos ter caído é algo a celebrar? Não há razão para complacência. Os números permanecem inaceitavelmente altos e muito mais altos do que entre 1990 e 1992 — usados como referência para marcar medidas em relação aos progressos rumo às Metas do Desenvolvimento do Milênio (MDG). Também são mais altos do que os números antes da crise de preços (851 milhões). As MDG pretendem reduzir a proporção de famintos de 20% (1990-1992) para 10% até 2015. Os progressos são mínimos. Teremos dificuldade em reduzir a fome em 6 pontos percentuais. Só conseguimos reduzi-la em 4 pontos desde 1991. Como é a situação no Brasil? O dado mais recente, entre 2005 e 2007, indica consideráveis progressos, em relação ao período anterior reportado, entre 2000 e 2002. O número de subnutridos caiu de 16,3 milhões para 12,1 milhões — de 9% para 6%, em termos de proporção da população afetada. O Brasil provavelmente alcançará as MDG para a redução da fome. Esses resultados são atribuídos ao crescimento econômico da performance agrícola, mas também a uma compacta rede de políticas sociais, como Programa Fome Zero e o Bolsa Família. O Brasil tem abraçado o princípio do direito ao alimento. Sem agronegócio fome não diminuiria
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Menos fome no mundo
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/15/menos-fome-no-mundo
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