quinta-feira, 23 de setembro de 2010

BNDES libera crédito para três estádios da Copa

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/23/bndes-libera-credito-para-tres-estadios-da-copa
Valor Econômico - 23/09/2010
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou os três primeiros projetos do programa ProCopa Arenas, instituído para financiar a construção ou reforma de estádios que receberão jogos do Mundial de 2014. Os Estados da Bahia (R$ 323,6 milhões), do Ceará (R$ 351,5 milhões) e do Mato Grosso (R$ 393 milhões), cujas capitais estão entre as 12 sedes da Copa do Mundo no Brasil, serão os beneficiários dos empréstimos.
No caso da Bahia, o financiamento é de R$ 323,6 milhões, que serão utilizados na demolição e posterior reconstrução do Estádio Octávio Mangabeira, a Arena Fonte Nova, em Salvador. O novo estádio terá capacidade para 50.273 espectadores, o que o habilita a receber jogos de quartas-de-final.
Em Fortaleza, será financiada com R$ 351,5 milhões (75% do investimento total) a reforma e adequação do estádio Governador Plácido Aderaldo Castelo, o Castelão. Finalizada a obra, o que está previsto para dezembro de 2012, o Castelão terá capacidade para 66.500 espectadores. Dessa forma, será a única arena do Norte e Nordeste apta a receber jogos de abertura, final ou semifinais da Copa.
Em Cuiabá, a Arena Multiuso Pantanal será construída com R$ 393 milhões de financiamento do BNDES, o que corresponde a 74% do investimento total. O estádio terá capacidade para 42 mil espectadores, o que o credencia como sede em potencial para jogos de quartas de final.


A expansão de crédito sem aumento da inadimplência

O Estado de S. Paulo - 23/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/23/a-expansao-de-credito-sem-aumento-da-inadimplencia

A China está preocupada com o aumento do crédito, que foi de 11,1% no primeiro semestre. No caso do Brasil o volume de crédito cresceu 9,5% no mesmo período, mas 19,2% nos últimos 12 meses. O Banco Central calcula que a expansão será de 22% neste ano. É preocupante, pois a expansão do crédito está criando poder aquisitivo artificial que pode desaguar em inadimplência e em crise econômica.

O paradoxo é que, no Brasil, ela foi acompanhada de redução da inadimplência. Esse paradoxo se explica pelo aumento da renda, a elevação das operações de crédito consignado, a ligeira redução da taxa de juros e a participação excepcional do BNDES no crédito numa economia em grande expansão. Cabe acrescentar que a expansão do crédito está no início. Porém é bom atentar para o seu rumo, pois a conjuntura pode mudar.
O total do crédito, em agosto, chegou a representar 46,23% do PIB, ante 43,3% um ano atrás, tendo participação predominante dos bancos públicos, com 19,5% do PIB, acima dos bancos privados nacionais, com 18,8%, e dos bancos estrangeiros, com 8,1%. O crédito oficial está ganhando terreno, o que pode criar problemas em face da insuficiência de capitalização dos bancos públicos.
No mês de agosto, na margem, o saldo das operações de crédito apresentou crescimento de 2,2%, com 1,9% para as pessoas físicas (PFs) e 2,5% para as pessoas jurídicas (PJs). O crescimento no caso das PJs teve origem no forte crescimento dos recursos direcionados, em que se destaca o BNDES, com 3,8% de aumento na oferta de crédito. No caso das operações de crédito referenciais para taxa de juro, verifica-se que as concessões acumuladas no mês apresentaram aumento de 3,3%, para PJs, e de 4,8%, para PFs.
Houve redução das taxas de juros para as PFs (de 40,5% para 39,9% ao ano), enquanto as das PJs passaram de 28,7% para 28,9% ao ano.
O consumo das famílias foi estimulado, paralelamente, com o aumento do crédito para habitação, que em agosto cresceu 3,9% e, nos 12 últimos meses, 51%, evolução que merece muita atenção das autoridades monetárias.
Por enquanto não existe um problema de inadimplência, que ficou em 3,6% para as PJs e se reduziu de um ponto porcentual no caso das PFs, com 6,2% do total dos créditos. Temos de levar em conta, porém, o aumento das emissões de bônus corporativos no mercado internacional e o crescimento do endividamento das famílias, que se acrescenta ao crédito bancário.


A esperança de luz

Brasil S.A - Antônio Machado
Correio Braziliense - 24/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/24/a-esperanca-de-luz
À margem da truculência eleitoral pode surgir um inédito consenso entre os bancos e a indústria.

Apesar dos insultos entre José Serra e Dilma Rousseff fechando a campanha eleitoral e denúncias em serie na imprensa sobre supostos focos de corrupção no governo — curiosamente, percebidos só depois de constatados o fiasco da candidatura tucana e a expectativa de a disputa ser resolvida em primeiro turno —, há forte indício de que a esperança não se levou pelo recesso da inteligência na política.

À parte da truculência eleitoral, que a teatralizada contundência do presidente Lula contra a imprensa agrava e compromete adiante a estabilidade pela qual ele mesmo se empenhou, um inédito consenso entre o sistema financeiro e a indústria pode estar em construção.

O entendimento, discretamente incentivado pela área econômica do governo, decorre da virtual exaustão das fontes de financiamento de longo prazo no país, normalmente atendidas pela banca pública, sobretudo o BNDES, nos projetos de expansão industrial, apoio às exportações e renovação da infraestrutura, como rodovias, portos, ferrovias, hidrelétricas, aeroportos, áreas urbanas, e por aí vai.

O problema é grave para a continuidade do ciclo de investimentos. O expediente dos aportes do Tesouro no BNDES salvou investimento e milhares de empregos logo após a parada do crédito a partir do fim de 2008. Mas sempre foi uma solução emergencial, já que implica o aumento da dívida pública bruta e desloca recursos privados para o seu financiamento — parte oriunda do exterior, contribuindo para a apreciação do real, o que torna mais gravosas as exportações.

A intenção, conforme já anunciado pelo ministro Guido Mantega e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, é criar as condições para o desenvolvimento do financiamento dos projetos de investimento com funding voluntário, cuja ocorrência ainda é incipiente no Brasil.

O mercado de capitais está limitado em suas duas vertentes, a do financiamento com emissões de ações e de dívidas corporativas — e a alternativa do acesso ao dinheiro externo, hoje favorecido pela liquidez e juros baixos nas grandes praças, implica os deficits em transações correntes, que precisariam ser neutralizados com maior taxa de poupança nacional sobre o Produto Interno Bruto (PIB).

Progresso sem atalhos
A formação dessa poupança requer não só pouco mais de disciplina fiscal, como advogam certas correntes de economistas, mas de meios e condições para a reciclagem dos recursos de capitais disponíveis — em boa parte esterilizada em papéis do Tesouro — em ativos cujos prazos viabilizem o funding dos financiamentos de longo curso.

O caminho é longo, provavelmente ainda requeira um papel atuante do BNDES e do Tesouro enquanto se desenvolva a transição gradativa do funding público para o privado, mas não há atalho que atenda os requisitos da sustentabilidade do crescimento econômico, associado à preservação da estabilidade da inflação e das contas externas.

O fator perturbador
As propostas estão sobre a mesa e há disposição do governo de dar a atenção e o encaminhamento necessário. Se as partes financeira e empresarial da economia tiverem visão, concluindo que se estreitou o espaço na sociedade complexa para soluções fechadas e isoladas, e o novo governo consiga equilibrar o foco no investimento com as demandas políticas e sociais e a preservação do mercado interno, é baixa a margem de erro. Para isso, EUA e China teriam de afundar.

Os riscos são mais políticos, sobretudo se demorar em cicatrizar o ambiente inflamado pelas eleições. As avaliações do empresariado dão a tal fator peso maior que qualquer outro dos tantos problemas da economia. O sentimento de ansiedade cresce na proporção em que os ataques cruzados entre imprensa e o presidente se exacerbam sem sinal de conciliação adiante. Este já é o grande receio para 2011.

Nem fortes nem fracos
As condições para um salto qualitativo da economia estão dadas: a estabilidade dos grandes preços, a propagação de oportunidades ao investimento, marcos regulatórios mais ou menos estáveis — e mais, se protegidos no novo governo do assédio de partidos —, a projeção de juros menores. Ajustes como os cogitados pela indústria e bancos, e outros que virão, prenunciam um ciclo de grande vigor.

O risco é Lula exceder-se na retórica. E a imprensa confundir as denúncias, no mínimo, de nepotismo, como as que atingiram a então ministra Erenice Guerra e o presidente não refutou ao aceitar sua demissão, como sinal de fraqueza do governo e recrudescer. Não há fortes nem fracos nessa disputa, há só Brasil e um presidente, com todas suas idiossincrasias, vitorioso e merecedor de respeito, mas que também se respeite, dando uso mais nobre à sua liderança.

Lula e seus moinhos
As relações entre a imprensa, Lula e o PT são ambivalentes, mas sempre foram intensas e proveitosas. Para ele, pela exposição. E ela, por tratá-lo como popstar e, como todo astro, ora venerado, ora malhado como enfant terrible. Não falta emoção a nenhum deles.

Lula, depois que voltar a São Bernardo, parece intuir o provável governo Dilma menos afeito aos holofotes, deixando espaços que ele provavelmente ocupará para ficar em evidência. Seu risco é menos o de a criatura se rebelar, mas que faça sucesso à revelia do show. A sociedade talvez queira isso, dando as costas a Brasília. É onde ele entra hostilizando a imprensa, ao menos enquanto dure a fase de cooptação da oposição minguada e não haja outra a combater.

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