quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Censo 2010. Gastos com aluguel consomem mais de 10% da renda familiar, diz Ipea


Estudo, com base em dados do IBGE, analisou gastos com despesas urbanas.
Custos com transporte e moradia afetam mais famílias mais pobres.

Do G1, em São Paulo
Para mais pobres, aluguel compromete até 20% da renda
O aluguel compromete cerca de 12% da renda das famílias, o que representa um dos custos mais elevados no orçamento doméstico, segundo o estudo “Evolução das despesas com habitação e transporte público nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF): análise preliminar - 2002-2009”, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quarta-feira (1º).
A análise revelou o perfil do gasto familiar com o pagamento de aluguel, taxas urbanas, condomínio, água, transporte, entre outras despesas urbanas, nas diversas regiões brasileiras e entre as famílias de diferentes níveis de renda.
De acordo com o estudo, feito com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a proporção de famílias que pagaram aluguel subiu de 13%, na POF realizada em 2002/2003, para 17%, na POF de 2008/2009.
Ao analisar o gasto com locação conforme estrato de renda, o aluguel comprometeu de 15% a 20% da renda familiar daqueles inseridos no quarto mais pobre da população (renda mensal domiciliar até R$ 913,09), e apenas de 5% a 7% da renda familiar dos pagantes inseridos no décimo mais rico (com renda mensal domiciliar de até R$ 117.219,20).
“Esse fato é preocupante, pois é provável que os locadores afiram uma rentabilidade mais alta do aluguel para a população mais pobre (...). A cobrança de uma rentabilidade maior para a população mais pobre, seja por ela ter menores garantias locatícias, seja porque há imperfeição no mercado de aluguel, com limite mínimo para o valor da locação, acaba onerando demasiadamente o orçamento familiar com a despesa de aluguel para essa classe”, destaca o estudo do Ipea.
O resultado desta distorção seria, na análise do instituto, um incentivo à informalidade urbana e a autoconstrução ilegal.
O estudo aponta, ainda que, comparativamente, a compra e a prestação de imóveis são mais desiguais do que o pagamento do aluguel. O comprometimento da renda com prestação do imóvel foi de cerca de 7%, portanto, 5% abaixo do custo com aluguel.
Transporte
Com relação aos ônibus urbanos, houve um pequeno crescimento da proporção de usuários, “devido ao crescimento da renda entre a população mais pobre, já que a parcela mais rica da população vem reduzindo o consumo”, diz o estudo.
No primeiro quarto de renda, houve aumento de nove pontos percentuais de famílias usuárias nas capitais e regiões metropolitanas (de 60% para 69%) entre as duas POFs, mas o indicador caiu cinco pontos percentuais no décimo mais rico no período (de 45% para 40%).
Também se verificou um significativo uso de transporte pirata pela população
mais pobre, embora a frequência geral tenha caído de 7% para 5% entre as duas POFs
. O estudo de 2008-2009 constatou que 7% das famílias do quarto mais pobre usaram transporte pirata, o que consumiu 6,4% da renda dos usuários, frente ao destino de 8,7% da renda com ônibus urbano por esta classe.
Outro destaque foram os gastos com ônibus intermunicipal. O serviço foi usado por 6,2% do quarto mais pobre, que destinou 10,2% da sua renda para a despesa.
“Considerando-se todos os modais de transporte público, a participação da despesa na renda dos usuários foi bastante regressiva em que o quarto mais pobre destinou 9% de sua renda com esse gasto e o décimo mais rico, apenas 1%”, aponta o Ipea.
Taxas
O estudo do Ipea aponta que houve bastante disparidade regional com relação à freqüência de famílias que pagaram algum imposto e o impacto deste custo na renda familiar.
Entre as famílias de maior renda, mais de 50% pagaram algum tributo imobiliário, contra apenas 12,2% daquelas de menor renda. Porém, para as famílias mais pobres, estes impostos representam 2,2% de sua renda contra apenas 0,5% para as famílias de maior poder aquisitivo.
Água
As despesas com água e/ou condomínio (que, muitas vezes, engloba a despesa com água) tiveram uma frequência de 72,3% entre as famílias, em 2008/2009, com o gasto representando apenas 1,5% do orçamento familiar dos pagantes.
O destaque foi a região Norte, onde apenas 52,3% das famílias declararam realizar despesa com água.
Para a análise da “Evolução das despesas com habitação e transporte público nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF)” foram usados indicadores relacionados à frequência de famílias que declararam realizar determinada despesa e a participação da despesa na renda total.

01/12/2010 - 14h30

Taxa de crescimento é maior em cidades médias e litorâneas

Do UOL Notícias
Em São Paulo
Com taxa média de crescimento anual em 1,36% ao ano, municípios litorâneos tiveram aumento de população acima do percentual de 1,17% registrado para o Brasil. A informação é do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), que analisou de forma preliminar os dados populacionais do Censo 2010.
Conforme o estudo, os municípios litorâneos, de 2000 a 2010, passaram de 33.003.999 habitantes, no Censo passado, para 37.781.658 habitantes, neste. Incremento acima da média nacional ocorreu também em municípios que compõem a fronteira do país, com destaque positivo ou muito positivo nas regiões Centro-Oeste e Norte, e negativos no Sul, ainda que a população total desses municípios apresente taxas somente um pouco menores que a nacional, com 1,08% ao ano.
Nos estados nordestinos, especialmente os localizados ao Sul e Sudeste, o Ipea identificou regiões mais dinâmicas, com predominância de áreas de maior crescimento no litoral -- com exceção do litoral sul da Bahia, por exemplo, onde está localizada Ilhéus: em 10 anos, a cidade perdeu quase 40 mil habitantes.
Por outro lado, municípios da Amazônia Legal, assim como a Região Norte, cresceram à taxa de 1,93% ao ano, bem acima da média nacional. A região do semi-árido, por sua vez, cresceu a taxa bem inferior à nacional, 0,80% ao ano, em média.
Para o instituto, os dados confirmam uma dinâmica de crescimento populacional mais intenso não apenas nas metrópoles, portanto, como também nas cidades médias, de fronteira agrícola e litorâneas, a despeito do interior dos estados.

01/12/2010 - 14h30 / Atualizada 01/12/2010 - 16h48

População de periferias cresce mais que a média do Brasil, aponta Ipea

Do UOL Notícias
Em São Paulo
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2010/12/01/populacao-de-periferias-cresce-mais-que-a-media-do-brasil-aponta-ipea.jhtm
As periferias de cinco das nove principais regiões metropolitanas (RMs) brasileiras cresceram, em termos populacionais, a percentuais superiores às de suas próprias capitais e até à da média nacional. O dado consta de um levantamento que o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgou nesta quarta-feira (1º) a partir dos números do Censo 2010. O levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) teve a publicação oficial realizada na última segunda-feira (29).
 
A análise revelou que a dinâmica de crescimento por RM –aqui consideradas aquelas anteriores à Constituição Federal de 1988: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo–, em comparação aos dados do Censo 2000, tem nas capitais índice inferior de aumento populacional em comparação com suas periferias.
Em todas as RMs, à exceção do Rio de Janeiro, as taxas das áreas periféricas se sobrepõem às das capitais, que, por sua vez, crescem a taxas bem maiores que a média nacional, de 1,17%.
Das regiões pesquisadas pelo Ipea, o maior índice de crescimento periférico em relação à capital foi anotado na Bahia: lá, enquanto a capital Salvador viu sua população crescer à taxa de 0,92% ao ano, o restante da RM obteve o percentual de 2,98%. A população da Bahia, como um todo, cresceu 0,52% ao ano.

Situação semelhante foi registrada no Ceará, Estado cuja população cresce, em média, 1,12% ao
ano, enquanto sua capital (Fortaleza) crava 1,34%, contra 2,31% do restante da região.
Em Belém (PA), a quantidade de habitantes cresceu 0,84%, enquanto as demais partes da RM cresceram a 1,83% ao ano. Já a periferia da região metropolitana fluminense (0,56%) ficou aquém das taxas da capital (0,77%).

O comunicado do Ipea considera a população brasileira de 169,8 milhões de habitantes, conforme o Censo 2000, e a de 190,7 milhões, em 2010.

Tendência reforçada

Técnico de planejamento do Ipea e um dos autores do comunicado, o pesquisador Bernardo Furtado explicou que os dados reforçam uma tendência de concentração do desenvolvimento nas chamadas áreas dinâmicas de desenvolvimento econômico, tais como as RMs e pontos litorâneos. Por outro lado, ilustrou, regiões historicamente de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo, tais como o semiárido Nordestino, veem um aumento populacional inferior à média nacional.
"Não chega a ser uma explosão, mas as periferias de algumas metrópoles continuam com alta proporcional muito acima da média brasileira, à exceção, por exemplo, do Rio; o fato é que os locais de maior crescimento econômico, como capitais, periferias urbanas e cidades médias, concentram essa expansão populacional", disse Furtado.
Conforme o pesquisador, aliás, o fluxo da população para esses pontos específicos, ainda que reforcem uma tendência que vem pelo menos desde a década de 1970, foi o que mais chamou atenção dos pesquisadores.
A próxima etapa de análise de dados por parte do Ipea depende agora de outras variáveis a serem divulgadas pelo IBGE sobre o Censo 2010 --o que deve acontecer em abril de 2011--, tais como grau de instrução e renda dos entrevistados.

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