quinta-feira, 2 de setembro de 2010

"Agroinflação" volta a ser motivo de preocupação

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/2/agroinflacao-volta-a-ser-motivo-de-preocupacao
Autor(es): Fernando Lopes e Assis Moreira
Valor Econômico - 02/09/2010

A forte alta do trigo no mercado internacional em agosto, que puxou a valorização do índice de preços de alimentos da FAO, o braço das Nações Unidas para agricultura e alimentação, não é o único sinal de pressão do campo sobre as taxas inflacionárias globais. Outras commodities agrícolas continuam em alta, como a soja, e a mesma FAO também já constatou uma expressiva disparada das carnes em geral - o índice específico nesta frente atingiu seu pico em 20 anos, segundo o "Financial Times" -, em boa medida graças à valorização dos grãos usados nas rações.
Conforme já informou o Valor, tal pressão também ocorrerá no mercado doméstico. No caso do trigo, por exemplo, os efeitos já são concretos. Segundo a Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos (Anib), com o aumento de insumos e serviços será necessário um reajuste de até 9% nos preços de biscoitos e massas. Nas contas da entidade, apenas a farinha de trigo especial, usadas em massas frescas, já subiu 30%.
No segmento de carnes, previu a Brasil Foods na terça-feira, os custos dos grãos que compõem as rações demandas pela companhia deverão subir de 5% a 7% até o fim do ano.
Como o movimento não é só brasileiro, o índice de preços de alimentos da FAO não deverá ficar imune às valorizações dos produtos do agronegócio. Em agosto, o índice subiu 5% e alcançou o nível mais elevado desde setembro de 2008, embora ainda inferior em 38% ao recorde histórico, de junho daquele ano. Ainda que a "estrela" do aumento tenha sido o trigo, açúcar e oleaginosas - soja entre elas - também foram lembrados como produtos que levaram ao resultado apurado.
Conforme a FAO, a produção global de cereais foi revista para baixo e deverá atingir 2,238 bilhões de toneladas, 41 milhões a menos do que as projeções de junho. A redução se deve essencialmente à quebra do trigo na Rússia, ainda que haja melhoras nos EUA e na China. Os estoques de trigo também vão diminuir 9%, passando a 181 milhões de toneladas.


Biotecnologia ganha cada vez mais peso na receita da Monsanto

Autor(es): Alexandre Inacio, de Saint Louis
Valor Econômico - 02/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/2/biotecnologia-ganha-cada-vez-mais-peso-na-receita-da-monsanto

Um desavisado que passa pela North Linbdergh Boulevard em Saint Louis e pisca os olhos na hora errada corre o risco de não identificar a entrada do quartel-general da maior empresa de sementes do mundo. Incrustada no meio de um verdadeiro campus universitário e cercada de árvores, a Monsanto mantém sua sede na mesma cidade onde foi fundada em 1901, como uma indústria química.
Nesses mais de cem anos, muitas histórias são contadas usando como pano de fundo a própria estrutura física da empresa. "Foi daqui que saiu a primeira semente de soja transgênica do mundo", diz um antigo funcionário, apontando para um dos prédios da empresa, construído em 1984. "Esses foram os produtos à base de petróleo que produzíamos e deixamos de fazer por uma opção estratégia", completa, apontando um quadro repleto de frascos.
Em toda sua vida, a Monsanto passou por profundas mudanças, mas consolida nos últimos dois anos aquela que talvez tenha sido a mais relevante de todas, a entrada na biotecnologia. Apesar de qualquer um dos quatro mil funcionários do quartel-general de Saint Louis ou dos demais 17 mil espalhados pelo mundo saberem que a Monsanto é uma empresa de defensivos e sementes e biotecnologia, mais do que nunca, a biotecnologia se sobrepõe a qualquer outro negócio da empresa.
Contudo, quando questionado se a Monsanto é uma empresa de biotecnologia e se irá ter uma dedicação maior a esse segmento, Jesus Madrazo, diretor global de negócios da empresa, é rápido em responder: "Somos 100% agricultura".
Explicitamente, ninguém admite, na Monsanto, que o negócio de sementes e biotecnologia é mais relevante que o de herbicidas, afinal, a indústria química foi o berço da empresa e sua principal fonte de renda por décadas. A patente do glifosato, a principal molécula para produção de herbicidas do mundo e descoberta pela Monsanto, expirou apenas em 2000, o que mostra o peso da indústria química para a empresa até então.
A crise do petróleo do fim da década de 70 foi o principal catalisador para a entrada da Monsanto em biotecnologia. E outros três aspectos mais recentes deixam claro o que está nas entrelinhas em conversas com qualquer funcionário: todo o crescimento da companhia nos próximos anos, se ocorrer, será sustentado no mercado de sementes transgênicas.
Um primeiro aspecto é que é mais barato e leva menos tempo o processo de pesquisa e desenvolvimento de uma semente transgênica do que o desenvolvimento de uma nova formulação de defensivo. Enquanto uma semente transgênica demanda investimentos entre US$ 100 milhões e US$ 150 milhões e um prazo de oito anos, um novo defensivo requer perto de dez anos e pelo menos US$ 250 milhões.
Isso pode explicar por que a Monsanto aporta mais de US$ 1 bilhão na pesquisa voltada a sementes e biotecnologia e "apenas" US$ 55 milhões para os defensivos, entre eles o glifosato. O investimento em pesquisa da empresa, aliás, representou 10% da receita global no ano fiscal de 2009, mas foi metade de todo o lucro obtido pela Monsanto nesse mesmo ano.
Se investir 95% do orçamento para pesquisa em um único setor pode parecer muito, essa análise passa a fazer mais sentido quando é comparada ao faturamento total da empresa. Os negócios com sementes e biotecnologia representaram no ano passado 62% da receita global da Monsanto. O fechamento do balanço de 2010 está previsto para o início de outubro, mas no acumulado dos nove primeiros meses do ano fiscal encerrado em agosto, a fatia do bolo representada pela biotecnologia já havia aumentado para 77%, com a perspectiva de se manter nesse nível no resultado fechado do ano.
"O negócio de proteção de cultivos é importante porque ele é um complemento para o mercado de sementes e biotecnologia. Esse setor, no entanto, representará menos de 10% de nosso lucro bruto. Já a área de sementes e biotecnologia deve crescer entre 14% e 16% de forma sustentável nos próximos anos", afirma Madrazo.
Mas talvez a grande decisão estratégica da Monsanto, que demonstra sua preferência pela biotecnologia aos defensivos, seja o plano para a entrada no mercado chinês. Segundo Madrazo, a empresa atuará apenas no setor de sementes na China, mercado bastante pulverizado, em que o líder do setor detém uma fatia não maior do que 2%.
Assim, uma das formas de a Monsanto chegar ao mercado chinês de sementes e biotecnologia e oferecer produtos transgênicos em sementes adaptadas seria por meio de aquisições de empresas locais. Isso pode levar a China a presenciar um processo vivido no Brasil há menos de uma década: a concentração no mercado de sementes.
"A China é uma grande oportunidade para a Monsanto, mas não para os próximos dois ou três anos. Para entrarmos lá, no entanto, precisamos de três coisas: um sistema regulatório, um sistema que remunere as inovações e um sistema de lei que respeite a propriedade intelectual. A China está no processo de desenvolvimento desses sistemas e quando isso estiver pronto, seremos mais agressivos nesse mercado", afirma Madrazo.

Uma megajazida na berlinda em Mato Grosso

Autor(es): Mauro Zanatta, de Brasília
Valor Econômico - 02/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/2/uma-megajazida-na-berlinda-em-mato-grosso
O governo de Mato Grosso anunciou ontem a descoberta de uma megajazida de 11,5 bilhões de toneladas de ferro e 427 milhões de toneladas de fosfato no município de Mirassol D " Oeste, na região da fronteira com a Bolívia. O que poderia ter sido a confirmação de uma das maiores províncias minerais do mundo, acabou por ser desmentido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) do Ministério de Minas e Energia.
Especializada em organizar e sistematizar os dados geológicos do país, a CPRM informou "não ser possível corroborar" estimativas e dados apresentados pelo governador e candidato à reeleição Silval Barbosa (PMDB). "Este é o nosso pré-sal", disse, em referência à gigantesca reserva de petróleo descoberta pela Petrobras em águas oceânicas ultraprofundas.
A empresa pública afirmou ter encontrado "apenas teores positivos" de ferro entre 30% e 40% e "altos teores" de até 6% em afloramentos de fosfato situados na Serra do Caeté. "Não temos esses dados e não podemos corroborar as afirmações do governo de Mato Grosso", afirmou, por meio da assessoria, o presidente da CPRM, Agamenon Dantas. A empresa tem um convênio com Mato Grosso dentro do chamado Projeto Fosfato Brasil.
O governador Silval Barbosa afirmou, por meio da assessoria, que o anúncio "não é blefe" e que a CPRM tem cautela "por motivos de mercado". O secretário estadual de Indústria, Pedro Nadaf, tentou explicar a equação que levou à estimativa de dimensão da nova jazida. "O levantamento foi feito pelos dois [governos] com 4,3 mil amostras. Fizemos o cálculo pela dimensão do depósito em área e altura", justificou. Segundo ele, a descoberta, ancorada em "evidências e grande volume comercial", poderia reduzir em R$ 400 milhões os gastos com fosfato usado na produção de adubos.
Mas a reserva provocou confusão até mesmo dentro no governo de Mato Grosso. O superintendente de Minas e Mineração da secretaria, Joaquim Moreno, admitiu que "não é possível" estimar o depósito de ferro e fosfato no Estado. "Eles estão certos em dizer que não possível estimar. Não é uma jazida. É um depósito ainda", disse ao Valor. O cálculo divulgado ontem pelo governador Silval Barbosa, segundo ele, foi baseado na "cartografia" de ritmitos (rochas sedimentares) pesquisados em uma área de 70 quilômetros quadrados e 52 metros de espessura na região de Mirassol. "É um primeiro passo. Mas tem alto teor de ferro e fósforo", defendeu Moreno.
O gerente de Geologia e Recursos Minerais da Superintendência Regional da CPRM, Gilmar Rizzotto, afirmou que o fosfato tem "teor considerável" de 30% a 40% "em algumas amostras", mas reafirmou que "não quer dizer que toda a área tenha o mesmo teor". Rizzotto participa das pesquisas em andamento na região de Mirassol D " Oeste. O governo de Mato Grosso, explicou ele, extrapolou o resultado de algumas amostras para toda a área ainda em processo de pesquisa. "É um estudo preliminar, um mapeamento geológico", disse.
Até agora, foram feitas análises químicas, de solo, rocha e sedimento de corrente. Mas faltam dados e informações de sondagens, poços de pesquisa e trincheiras para determinar a dimensão da descoberta. "Não fizemos cubagem [estimativa de volume] para essa área. Tem potencial, mas é preciso investir. Se interessar à empresa dona da área, tem que fazer trabalho complementar para saber a profundidade", afirmou.
Uma fonte ligada à empresa GME-4, dona da área pesquisada e controlada pelo grupo Opportunity, afirmou ao Valor os números divulgados pelo governo são todos "chutes" e que houve um "evento político", já que as pesquisas ainda estão na fase inicial. Ainda não é possível informar volumes de reservas das jazidas de ferro e fosfato. "O governo fez o anúncio à revelia da empresa", disse a fonte. A empresa avalia que existe bom potencial para minério de ferro, fosfato e potássio na região da pesquisa, mas que ainda é "muito cedo" para falar em quantidades. (Colaborou Ivo Ribeiro, de São Paulo).







Crescimento furado

Autor(es): Larissa Leite
Correio Braziliense - 02/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/2/crescimento-furado

IBGE aponta um aumento preocupante na emissão de gases do efeito estufa no Brasil em decorrência de queimadas e desmatamento.

Carlos Vieira/CB/D.A Press - 7/7/06
Itapuã: 25 milhões de domicílios ainda não são adequados para moradia

A perda da biodiversidade, o alagamento de áreas costeiras, o aumento da fome em função das perdas agrícolas e a difusão de doenças como a cólera, a malária, a febre amarela e a dengue. Essas são algumas das consequências da rápida elevação da temperatura do planeta — fenômeno já amplamente difundido. E países desenvolvidos ou em desenvolvimento são os responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, o que coloca o Brasil em situação atípica. Isso porque, enquanto nos países mais industrializados a emissão de gases ocorre em função da matriz energética baseada em combustíveis fósseis, no Brasil, a emissão — que poderia ser evitada — vem da mudança no uso da terra e das florestas, mais especificamente das queimadas do Cerrado e do desmatamento da Amazônia.

Essas atividades correspondem a 57,9% das emissões brasileiras desse tipo de gás, em especial o dióxido de carbono (CO²). A destruição da vegetação natural corresponde a 1,2 bilhão de toneladas de CO² emitidas, do total de 2,2 bilhões — os números são referentes ao ano de 2005. As demais atividades responsáveis pelas maiores emissões são, nessa ordem: a agricultura, a produção de energia, o tratamento de resíduos e os processos industriais. Em 2000, a emissão total do país foi de 2,05 bilhões de toneladas e, em 1990 foi de 1,35 bilhão. O índice é comentado pelo analista ambiental do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Judicael Clevelario Junior, que alerta: “Esse aumento é problemático e as atividades que mais o influenciam tornam o quadro ainda pior porque desmatamentos e queimadas causam danos ao meio ambiente e correspondem a ganhos muito pequenos de crescimento”.

A realidade das emissões de gases no país foi um dos destaques da publicação Indicadores de Desenvolvimento Sustentável — Brasil 2010, divulgada ontem pelo IBGE. O estudo integra as dimensões ambiental, social, econômica e institucional, em busca de um perfil do Brasil em relação ao desenvolvimento sustentável. O meio ambiente traz diversos outros índices desafiadores, se a meta for a sustentabilidade. Entre eles, o fato de que, em 2008, o bioma Cerrado apresentava um índice de 48,4% da sua área total desmatada — percentual de desmatamento maior do que o verificado na Floresta Amazônica. A área total desflorestada da Amazônia, que até 1991 era de 8,4% (426.400 km²), chegou a 14,6% (739.928 km²) em 2009.

De acordo com os índices revelados pelo IBGE, o meio urbano também precisa de avanços para atingir o desenvolvimento sustentável. A pesquisa aponta, por exemplo, que 25 milhões de domicílios brasileiros ainda não são considerados adequados à moradia. Ou seja, não contam — simultaneamente — com abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora ou fossa séptica, coleta de lixo direta ou indireta e até dois moradores por dormitório. Em 2008, apenas 57% apresentaram essas caraterísticas.

Apesar dessa realidade, o país contou com um aumento no Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 21,7%, de 1995 (R$ 4.441) para 2009 (R$ 5.405). Esses valores correspondem ao valor da moeda de 1995. Se considerado o valor atual, o PIB per capita do Brasil é de R$ 14.465. A analista da coordenação de Geografia do IBGE, Denise Kronemberger, lembra, no entanto, que esse PIB ainda é muito diverso entre as regiões e estados brasileiros. “A desigualdade na distribuição de rendimentos vem diminuindo, mas muito lentamente”, afirma. Em 2007, o PIB per capita do Distrito Federal, por exemplo, era de R$ 40.696 — o maior do país, enquanto o menor, de R$ 4.662, foi observado no Piauí. Outro índice de destaque da pesquisa foi a mortalidade por homicídio, responsável por 25,4 mortes a cada 100 mil habitantes, em 2007 (em 1992, esse índice era de 19,2 mortes a cada cem mil habitantes). Naquele ano, a taxa entre homens era de 47,7, contra 3,9 entre as mulheres.
Desmatamentos e queimadas causam danos ao meio ambiente e correspondem a ganhos muito pequenos de crescimento”
Judicael Clevelario Junior, analista ambiental do IBGE

Fundos de commodities alcançam US$ 300 bi

Autor(es): Assis Moreira, de Genebra
Valor Econômico - 02/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/2/fundos-de-commodities-alcancam-us-300-bi
O total de investimentos financeiros nos mercados de commodities passou pela primeira vez a barreira de US$ 300 bilhões, justamente quando a União Europeia se prepara a reforçar regulação dos derivativos de matérias-primas. Entre janeiro e julho, o fluxo de capital para os índices de commodities alcançou US$ 31,9 bilhões, o que significou uma queda de US$ 13 bilhões em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Barclays Capital, de Londres. Somente em julho, o fluxo foi de US$ 5 bilhões.
No entanto, os fundos de índices de matérias-primas continuam sendo amplamente procurados por investidores apostando em diversificar seus ativos, como fica claro nos ativos totais de US$ 300,5 bilhões sob gestão, quando há dez anos não chegavam a US$ 10 bilhões.
A França, que assumirá a presidencia do G-20, grupo das maiores nações do mundo, anunciou que uma de suas prioridades será impor mais controle dos mercados financeiros ativos em matérias-primas. O governo francês sugere que a Europa dê o exemplo e estabeleça um regulador continental, diante da "forte suspeita" de que o movimento nos mercados de derivativos de commodities teria influência excessiva sobre a formação dos preços agrícolas e energéticos.
A sugestão foi bem-recebida pela União Europeia, que se prepara para anunciar até o dia 15 de setembro uma legislação sobre os produtos derivativos, concebidos originalmente como instrumentos de cobertura de riscos, para se proteger de grandes flutuações de cotações, mas que agora são acusados de alimentar a especulação.
Em estudo enviado à UE, o governo francês exemplifica que os mercados financeiros do petróleo bruto e de produtos petroleiros pesariam 35 vezes mais do que os mercados físicos em termos de volume de posições vendidas. E o preço do barril é de fato fixado, para numerosas transações, levando-se em conta o diferencial com os preços futuros.
Os mercados de derivativos de produtos agrícolas na Europa ainda estão em desenvolvimento. Esses mercados são mais ativos nos Estados Unidos. A Chicago Mercantile Exchange negocia contratos de produtos vegetais (trigo, milho, açúcar e canola) e produtos animais (bovino, porco, manteiga). Na Europa, a Euronext Nyse Liffe é o principal operador do mercado financeiros sobre os derivativos agrícolas, propondo contratos em Londres para cacau, café e açúcar e em Paris para trigo, milho e canola.
A evolução da Política Agrícola Comum (PAC) europeia, segundo o governo francês, favoreceu a especulação. O volume de contratos negociados aumentou 161% entre 2000 e 2009. A liquidez é muito mais forte nos EUA, onde a razão entre os volumes negociados no mercado a termo e o total da produção física é de 39 para o trigo comprado a 0,52 na Europa, por exemplo.
Paris acusa o setor financeiro de afetar a renda e segurança alimentar de países em desenvolvimento, e conseqüências "fortes" para os produtores de países desenvolvidos. Mas admite também que a volatilidade histórica dos preços agrícolas é raramente acima de 30%, comparada a até 100% no caso de outras matérias-primas como petróleo e gás.
Outro alvo dos franceses é o mercado de metais. O volume de contratos de derivativos em relação ao volume físico mundial é considerável. Exemplo: o mercado mundial de alumínio é estimado em 40 milhões de toneladas, mas o volume negociado em Londres em 2008 representou um montante teórico de metal de 1,3 bilhão de toneladas.
"O risco de abusos de mercado se materializou na Europa", diz o documento francês. "As manipulações no mercado de Londres tomaram a forma de aperto que tem por base o mercado físico". As operações secaram o mercado e provocaram uma explosão de preços, segundo os franceses.
Além de tentar controlar os derivativos, a Comissão Europeia quer regulamentar as vendas a descoberto, de títulos que o vendedor ainda não detém.


Brasil e Argentina se unem por mercados

Brasil e Argentina se unem por mercados
Autor(es): Agência O Globo/Eliane Oliveira
O Globo - 01/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/1/brasil-e-argentina-se-unem-por-mercados
Vizinhos assinam memorando para formalizar ação conjunta pró-exportação
Convencidos de que Estados Unidos e União Europeia continuarão ditando as regras nas negociações internacionais, com o fracasso da Rodada de Doha, de abertura comercial, na Organização Mundial do Comércio (OMC), Brasil e Argentina decidiram unir forças na disputa por novos mercados. Em uma iniciativa inédita, será assinado hoje, em Buenos Aires, um memorando de entendimento entre os dois países formalizando essa atuação conjunta. As barreiras às importações de carnes bovina, suína e de frango in natura são o principal elo entre brasileiros e argentinos e a primeira frente de batalha.

Para se ter uma ideia do tamanho das dificuldades enfrentadas pelos exportadores brasileiros, o Brasil fica de fora de um mercado de US$ 19,1 bilhões por ano, valor equivalente ao que compraram, em 2008, os principais importadores de carnes do planeta e que têm as portas total ou parcialmente fechadas aos brasileiros.

Japão, EUA, Rússia, México, Coreia do Sul, Canadá e China são alguns exemplos.

Para entrar na OMC, Rússia poderá fazer concessões Por outro lado, o Brasil, tido como um dos maiores exportadores de carnes do mundo, vendeu US$ 11 bilhões em 2008, ano menos afetado pela crise financeira internacional do que 2009 e cuja conjuntura é mais parecida com a atual.

Segundo explicou o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, o Brasil já negocia com Japão, Coreia, EUA e China a abertura desses mercados até o fim deste ano. No entanto, pode se fortalecer com a Argentina para convencer os russos a aumentarem sua cota de importação de carnes em geral. A Rússia quer entrar na OMC e terá de fazer concessões aos associados ao organismo.

É claro que os EUA terão preferência na venda de frango e os europeus na de suínos.

Temos de brigar por uma cota maior disse Porto.

O ato será formalizado durante o lançamento do plano estratégico, agroalimentar e agroindustrial argentino pela presidente Cristina Kirchner.

Assinarão o documento o ministro da Agricultura do país vizinho, Julián Domínguez, e o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Gerardo Fontelles.

Associação de exportadores de suínos critica iniciativa Na avaliação do diretor-executivo do Conselho Empresarial da América Latina, Alberto Pfeifer, a medida consiste no desdobramento do processo de integração. Além da cooperação e do intercâmbio de informações e tecnologias, Brasil e Argentina poderão chegar a um ponto, com o memorando de entendimento, de realizar ações coordenadas em produção e distribuição de alimentos, incluindo a condução das negociações com os compradores e os aspectos tarifários e não tarifários.

Isso já deveria ter sido feito antes. Deve ter um desdobramento virtuoso e esperamos que, no futuro, os dois países atuem em conjunto para vender a safra agrícola, especialmente a soja, de maneira integrada disse Pfeifer.

O presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Suína, Pedro Camargo, considera inconsistente e incoerente a medida.

A Argentina, ao aplicar impostos nas vendas de produtos agropecuários, trabalha contra a exportação. Nossa macroeconomia é diferente da deles afirmou Camargo.


'Imposto tecnológico' argentino trava venda de celulares do Brasil

Autor(es): Daniel Rittner, de Buenos Aires
Valor Econômico - 01/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/1/imposto-tecnologico-argentino-trava-venda-de-celulares-do-brasil
Em seus esforços para fortalecer a indústria local de eletroeletrônicos, o governo da Argentina fez uma vítima: os exportadores brasileiros de telefones celulares, que têm o país vizinho como principal cliente. Eles não conseguiram driblar a criação do "imposto tecnológico", que funcionou como barreira protecionista, e viram as vendas ao mercado argentino diminuírem 21,7% no primeiro semestre.
Apesar do boom de consumo, que acrescentou 5,4 milhões de novas linhas de celulares ao mercado, a importação total de aparelhos pela Argentina despencou. As compras recuaram de US$ 1,1 bilhão, nos seis primeiros meses de 2008, para US$ 497 milhões em igual período do ano seguinte, como reflexo da crise econômica. Neste ano, em vez de se recuperarem junto com as maiores vendas das operadoras de telefonia, as importações voltaram a cair e ficaram em US$ 411 milhões até junho.
Para o diretor da consultoria argentina IES, Alejandro Ovando, que fez um estudo sobre o assunto, trata-se de um efeito direto da aplicação do "imposto tecnológico". É uma lei, em vigência desde dezembro passado, que duplicou a alíquota do IVA (de 10,5% para 21%) e restabeleceu a cobrança do Imposto Interno (26%) para bens considerados "de luxo". Entraram na lista eletrônicos como notebooks, aparelhos de GPS, câmeras digitais e telefones celulares.
Somente aparelhos fabricados ou montados na Terra do Fogo, que abriga uma zona franca industrial criada há 34 anos, continuarão gozando dos benefícios tributários. Multinacionais como Samsung, LG, Motorola e Alcatel fizeram alianças comerciais com indústrias instaladas na região patagônica para "nacionalizar" a produção. A fábrica da Brightstar passará a montar 4 milhões de aparelhos por ano. A Newsan, uma joint venture da japonesa Sanyo com empresários argentinos, prepara-se para fazer um milhão de celulares. "No primeiro semestre do ano passado, a produção na Terra do Fogo era praticamente inexistente", compara Ovando.
O objetivo do governo, de reduzir importações de produtos acabados, parece estar dando certo no caso dos aparelhos de telefonia. Mas há pouca agregação de conteúdo local e disparou o déficit de componentes. As compras de partes e peças de celulares subiram mais de 500% na comparação com o ano passado e atingiram US$ 307 milhões de janeiro a junho.
Em termos comerciais, trocar a compra de bens finais por componentes pode dar resultados duvidosos. Para o Brasil, a má notícia é que a demanda argentina se transferiu para países asiáticos, os principais fornecedores de partes e peças de telefonia. Mesmo no caso de produtos acabados, os fabricantes brasileiros perdem espaço para os chineses.
Contrariando o senso comum, a China vende à Argentina aparelhos mais sofisticados, que não serão montados na Terra do Fogo. Por isso, suas exportações ao mercado argentino cresceram 46% no primeiro semestre. Cada aparelho com etiqueta "Made in China" tem preço médio de US$ 206, mais que o dobro do valor dos telefones brasileiros (US$ 92).


Em 2010, só 23% da produção é exportada

Valor Econômico - 01/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/1/em-2010-so-23-da-producao-e-exportada
Voltada à exportação no início da década, a indústria brasileira de celulares venderá ao exterior apenas 23% da produção em 2010, que deverá ficar estagnada em 62 milhões de aparelhos. A redução das encomendas da Argentina, Venezuela e EUA têm papel preponderante nessa situação. Há cinco anos, 51% dos telefones fabricados no país tinham o mercado externo como destino, e a produção havia alcançado 65 milhões de unidades, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
A entidade não quis comentar os impactos do "imposto tecnológico" da Argentina para as exportações brasileiras, alegando que se trata de uma legislação interna do país, mas atribuiu à medida a queda nas vendas ao mercado vizinho. Os números da Abinee indicam a importância do sócio no Mercosul para a indústria brasileira. Das exportações totais de celulares no primeiro semestre, que foram de US$ 534 milhões, a Argentina representou US$ 298 milhões.
Do valor médio de um telefone celular, conforme dados da indústria, cerca de 80% equivalem à importação de peças e componentes que são montados no Brasil. O que tem salvado a produção, nos últimos anos, é o dinamismo do mercado doméstico: a quantidade de celulares habilitados no país saltou de 86 milhões em 2005 para 174 milhões em 2009, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Para a consultoria Teleco, deverá atingir a simbólica marca de 200 milhões de linhas ativas até dezembro.
Na Argentina, é forte o lobby da indústria para ampliar o alcance das barreiras protecionistas. A Cadieel, câmara argentina que congrega as indústrias de eletrônicos e telecomunicações, defende a adoção de benefícios tributários para estender o estímulo dado à Terra do Fogo para todos os fabricantes do país. Isso ampliaria a vantagem fiscal a todas as empresas com produção na Argentina, deixando os importados menos competitivos.
"Pode não ser uma boa notícia para as empresas brasileiras, mas todos os países estão protegendo as indústrias", afirmou o diretor da Cadieel, Claudio Krämer.



Curtas - Agronegócios

Valor Econômico - 01/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/1/curtas-agronegocios
Certificação de gado
Entraram em vigor ontem as normas da Rede de Agricultura Sustentável, que estabelecem práticas responsáveis para a pecuária e permitirão a certificação de fazendas de gado bovino e bufalino. A certificação atesta a origem e a rastreabilidade do produto final (carne, leite e derivados). O produto poderá ser identificado pelo selo Rainforest Alliance Certified.


Marfrig busca mais sinergias antes de fechar novas compras

Autor(es): Alda do Amaral Rocha, de São Paulo
Valor Econômico - 01/09/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/1/marfrig-busca-mais-sinergias-antes-de-fechar-novas-compras
Uma das três maiores empresas de proteína animal do mundo após a aquisição da americana Keystone e responsável por 18% das exportações brasileiras de carne bovina, a Marfrig Alimentos não pretende fazer novas aquisições nos próximos 12 meses, de acordo com o presidente Marcos Molina. "Há muito trabalho para fazer antes de novas aquisições", afirma ele.
Em janeiro deste ano, a Marfrig concluiu a compra da Seara Alimentos, da Cargill, e em junho adquiriu a Keystone, do fundo de private equity Lindsay Goldberg. A primeira tem um faturamento anual de R$ 3,5 bilhões, e a Keystone, de US$ 6, 5 bilhões.
"A Keystone é um negócio muito maior que Seara, é um trabalho de integração e sinergia de longo prazo", diz. Segundo ele, novas aquisições estão fora dos planos "nos próximos 12 meses".
Para Molina, a operação com a Keystone fecha a estratégia da Marfrig. "Temos trabalho nos próximos cinco anos. Além da integração, temos de fazer o crescimento orgânico", afirma.
Quanto a uma possível aquisição de ativos da Brasil Foods, se o órgão regulador brasileiro determinar, Molina diz preferir avaliar "quando houver decisão". Então, diz, a empresa verá se vale a pena fazer algum negócio.
O presidente da Marfrig reconhece que, pela dimensão da Keystone, a integração será mais demorada que a das outras aquisições. Mas a estratégia de manter pessoal local liderando a operação, facilita o processo, avalia Ricardo Florence, diretor de planejamento e de relação com investidores da Marfrig. "Temos pessoas conhecedoras do negócio", argumenta.
As diferenças de culturas entre as empresas não são problema na visão de Molina e Florence. "Todo o aprendizado com outras culturas é o que consolida a cultura da Marfrig", diz Florence.
Afora a integração com Keystone após a aprovação do órgão antitruste europeu, outro grande desafio da Marfrig é a internacionalização da marca Seara, que tem recebido investimentos pesados, como o patrocínio da Copa do Mundo, por exemplo.
O plano da Marfrig prevê produtos derivados de carnes com a marca Seara no varejo de todos os 22 países em que a empresa atua. "No fim do ano, já deve ter peru com a marca Seara na Argentina", prevê Molina.
Enquanto aguarda a manifestação do regulador europeu, a empresa brasileira contratou a consultoria Bain & Company para "mapear oportunidades" na Keystone. A estimativa ainda preliminar, diz Florence, é de que as sinergias fiquem na casa dos US$ 100 milhões até 2013.
Antes da compra da Keystone - da qual era fornecedora de matéria-prima - , menos de 5% da receita da Marfrig vinha das vendas ao McDonald"s. Mas a empresa brasileira já era importante fornecedora da rede de fast food. No Brasil, havia adquirido a Braslo, que produzia processados de carnes para a rede de restaurantes. No Uruguai, já fornecia por meio do Tacuarembó, que comprou em 2006. Na Argentina, via Quickfood, outra de suas aquisições.
O conhecimento que a Marfrig tinha do McDonald"s foi determinante para o negócio com a Keystone e também deve favorecer a integração entre as companhias, avalia Florence.
A operação de compra da Keystone será financiada com a emissão de R$ 2,5 bilhões em debêntures conversíveis em ações, operação já em andamento. O braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDESPar) anunciou, em julho, que pode subscrever até 100% das debêntures. O banco já tem uma participação de 13,89% no capital da Marfrig. Marcos Molina, o controlador, tem 41%.
O apoio do banco de fomento à empresa e a outras grandes do setor de carne, como a JBS, tem, aliás, gerado críticas de frigoríficos pequenos que consideram que o BNDESPar privilegia algumas companhias. Molina se defende. "O BNDES não escolheu, apoiou quem estava mais preparado e que saiu mais à frente", diz. Ele acrescenta que "há espaço para pequenos frigoríficos com o crescimento do mercado interno, é preciso ter bons projetos".
Ainda em resposta aos críticos, Florence diz que o que sustentou o crescimento da Marfrig foram principalmente o mercado de capitais e as operações de captação de bônus e não os aportes do BNDES. Segundo ele, o banco de fomento responde por 20% dos R$ 5,5 bilhões obtidos no total das operações de capitalização realizadas pela empresa desde 2006. A Marfrig tem ações na bolsa desde 2007. Ontem, seus papéis ordinários entraram no Ibovespa.

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