Assista-se ao vídeo-flagrante: “Amazônia: uma região de poucos”: http://www.youtube.com/watch?v=q9esNX7bzHY
Notícia - 5 ago 2010
Ministério Público Federal de Mato Grosso denuncia fazendeiros e políticos de Juína que, há três anos, encurralaram membros do Greenpeace na cidade.
Paulo Adario, coordenador da Campanha Amazônia do Greenpeace, escoltado por policiais em Juína.
“Não vamos deixar vocês entrarem na área, pode vir a polícia. Nós vamos fazer a guerrilha”. Foi em agosto de 2007 que o então prefeito de Juína, no Mato Grosso, disse as palavras acima. Reunido com outros políticos, empresários e fazendeiros do município, Hilton Campos intimidou ativistas do Greenpeace, dois jornalistas franceses e membros da organização indigenista Operação Amazônia Nativa (Opan), privando-os de seu direito de ir e vir na cidade. Agora, três anos depois de investigar o caso, o Ministério Público Federal entrou com denúncia contra Campos e companhia, acusando-os de seqüestro, cárcere privado e constrangimento ilegal.
Foram horas sem poder se locomover. O grupo havia aterrissado em Juína para registrar áreas recém-desmatadas na região e documentar a vida do povo indígena Enawene-Nawe.
A relação entre os índios e os produtores rurais da região estava estremecida. Os Enawene-Nawe reivindicavam a demarcação de uma área de pesca, essencial nos seus rituais sagrados e na sua alimentação. O território, porém, estava sendo disputado com fazendeiros, que empurravam para lá sua produção agrícola.
A relação entre os índios e os produtores rurais da região estava estremecida. Os Enawene-Nawe reivindicavam a demarcação de uma área de pesca, essencial nos seus rituais sagrados e na sua alimentação. O território, porém, estava sendo disputado com fazendeiros, que empurravam para lá sua produção agrícola.
Ao saber da presença das organizações, os fazendeiros reuniram cerca de 100 pessoas e abordaram integrantes do Greenpeace e da Opan no hotel onde estavam hospedados. Eles temiam que o grupo estivesse ali para ajudar no processo de demarcacão da terra. As ofensas e ameaças só terminaram no dia seguinte de manhã, e a viagem à terra indígena teve de ser cancelada. “Ao mesmo tempo em que o governo celebra e assume o mérito pela queda das taxas de desmatamento na Amazônia, o episódio em Juína mostra que sua presença ou é rala ou ainda está muito longe daqui”, disse, à época, o coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adario.
Depois de passar horas no hotel sem poder sair nem mesmo para comer, o grupo de nove pessoas foi seguido até o aeroporto por mais de 20 caminhonetes de fazendeiros, que ameaçaram incendiar o avião caso ele não decolasse imediatamente. O episódio também foi considerado pelos procuradores do MPF um verdadeiro processo de expulsão.
Na denúncia, o órgão ainda denuncia o desacato de alguns empresários em relação a funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai). Dezenas de pessoas invadiram o escritório da Funai para dizer que Juína não era lugar para índios, e ameaçaram dois servidores de morte, exigindo que dessem fim à demarcação de terras indígenas na região.
Os procuradores da República responsáveis pelo caso, Douglas Santos Araújo e Mário Lúcio de Avelar, observam que casos como esse não são raros. “A violência praticada contra os povos indígenas vem se tornando cada vez mais recorrente e tem como pano de fundo sempre a mesma problemática, que é a disputa de terras”, disseram, em nota.
O MPF pede a condenação de Aderbal Bento, Geraldo Bento, Natalino Lopes dos Santos, Hilton Campos, Paulo Perfeito e Francisco de Assis Pedroso por constrangimento ilegal, sequestro e cárcere privado. O órgão quer ainda que Paulo Perfeito e Aderbal Bento também sejam condenados por desacatarem os funcionários públicos da Funai.
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É incrível como esses mini-ditadores ainda perduram em várias localidades de todo o Brasil! Eles ,devem ser, sim, condenados com toda severidade (mas as leis são brandas demais). É necessário que o povo não se cale. Isso é consciência política e ambiental. Se não elaborarmos meios, de alguma forma, para viabilizar acesso à uma educação de qualidade para as futuras gerações, como forma de garantir essa consciência,estaremos perdidos.Caminhamos para o abismo. Será que poderemos parar à tempo?”
Segundo o MP, ao todo foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão em Belo Horizonte e outros nove municípios mineiros - Contagem, Rio Acima, Viçosa, Cajuri, Rio Casca, Ubá, Divinópolis, Ituiutaba e João Pinheiro. Candeias foi preso em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, mas integrantes da operação também estiveram em seu apartamento em um bairro nobre da capital mineira, onde apreenderam documentos e computadores.
Os detidos são acusados de desvio de recursos, cancelamento de multas, apropriação irregular de honorários e diárias, acordos judiciais ilegais e fraude em licitações promovidas pelo órgão. Participam da operação oito promotores, 58 auditores da receita e mais de 70 policiais militares.
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,ex-diretor-e-preso-por-elo-com-mafia-do-carvao-em-mg,590849,0.htm”
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