sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Banco Itaú captou US$ 7,1 bilhões junto ao Fed entre 2008 e 2010

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Autor(es): Alex Ribeiro e Aline Lima | De Washington e São Paulo
Valor Econômico - 03/12/2010
 


O Banco Central brasileiro foi um dos raros que não usaram as linhas de swap de moedas abertas pelo Fed (Federal Reserve, o BC dos Estados Unidos) para as suas contrapartes em 14 das mais importantes economias do mundo durante a recente crise financeira mundial. Mas o banco Itaú aproveitou para contratar operações, algumas com valores superiores a US$ 1 bilhão, em linhas criadas pelo Fed para injetar liquidez no mercado financeiro e para estimular a volta do crédito bancário.

É o que mostram os registros das 21 mil operações fechadas pelo Fed entre 2007 e 2009 para evitar o colapso do sistema financeiro global, divulgados anteontem por ordem do Congresso americano.
O banco Itaú, por meio de sua filial em Nova York, contratou 22 operações com valores entre US$ 10 milhões e US$ 1,145 bilhão em duas das linhas criadas pelo Fed que exigiam como garantia títulos e empréstimos feitos pelos bancos. Entre novembro de 2008 e março de 2010, o Itaú captou junto ao Fed US$ 7,11 bilhões.
Uma das linhas criada pelo Fed, conhecida pela sigla TAF, era voltada a injetar liquidez no mercado e foi a mais usada pelo banco brasileiro. Foram 17 operações que totalizaram US$ 6,920 bilhões. A outra modalidade, conhecida como Talf, visava a estimular a volta dos empréstimos bancários a pequenas empresas e pessoas físicas. O Itaú fez cinco operações que somaram US$ 191,9 milhões.
O diretor de tesouraria externa do Itaú BBA, Marco Antonio Sudano, afirma que o banco tem uma atuação internacional em países como o Chile e Portugal e identificou uma oportunidade para captar recursos mais baratos para repassar aos clientes. "Faz parte de nossa estratégia acessar linhas mais convenientes para ter competitividade para emprestar para nossas clientes", afirmou ele.
Para acessar as linhas disponibilizadas pelo Fed foram exigidas garantias colaterais dos tomadores de empréstimos concedidos pela instituição financeira. A contrapartida é uma forma de assegurar que os recursos captados pelos bancos sejam direcionados a empréstimos, e não usadas para operações de arbitragem, por exemplo.
A primeira operação feita pelo Itaú, de US$ 10 milhões, foi contratada em novembro de 2008, quando era forte o aperto de liquidez no mercado global. Mas os volumes mais expressivos tomados pelo Itau ocorreram entre fins de 2009 e início de 2010, quando já havia liquidez mais farta.
Numa linha, o Fed concedeu financiamentos para quem adquiriu papéis lastreados em empréstimos de varejo, como financiamentos para a aquisição de veículos e de cartão de crédito. O Itaú apresentou como garantia operações da Nissan, Ford, Chrysler e pela empresa de cartões de crédito emitidos pela Discover Card. Essas operações foram contratadas junto ao Fed em junho e julho de 2009 e quitadas em setembro do mesmo ano.
Em fins de 2008, quando a quebra do banco Lehman Brothers desencadeou a crise econômica mundial mais grave desde a Grande Depressão, o Fed passou a promover injeções de liquidez por meio de programas de crédito que somaram US$ 3,3 trilhões. O BC brasileiro chegou a fechar um acordo de swap de moedas com o Fed. Ele previa que, se necessário, o Brasil poderia sacar até US$ 30 bilhões junto ao Fed, depositando reais em garantia, para socorrer eventuais bancos brasileiros que enfrentassem problemas de liquidez.
Os dados recém-divulgados pelo Fed mostram que o Brasil foi um dos únicos a não usar a linha de swap, ao lado do Canadá, Cingapura e Nova Zelândia. Outros dez bancos centrais sacaram dinheiro do Fed, incluindo o México e a Coreia do Sul, duas economias emergentes que assinaram acordos com o Fed no mesmo dia que o Brasil. O Banco Central Europeu foi uma dos principais usuários da linha de swap. O BC brasileiro usou dinheiro das suas próprias reservas internacionais para socorrer o mercado financeiro.
O Fed também divulgou informações sobre os empréstimos nas suas diversas linhas de emergências abertas a instituições financeiras e empresas para evitar o colapso do sistema financeiro global. Entre os tomadores de recursos há instituições que enfrentavam problemas de liquidez, mas a lista também inclui bancos e empresas que enxergaram uma oportunidade para fazer bons negócios.

Bancos inundaram Fed com títulos podres

Autor(es): Francesco Guerrera e Robin Harding | Financial Times, de Nova York e Washington
Valor Econômico - 03/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/3/bancos-inundaram-fed-com-titulos-podres
Os bancos inundaram o banco central dos EUA (Fed) com bilhões de dólares em "títulos podres" e outras garantias de qualidade inferior em troca da muito necessária liquidez durante a crise, à medida que o setor financeiro lutava sob um aperto de crédito paralisante, segundo novos dados.
Mais de 36% do conjunto de garantias prometidas ao banco central dos EUA em troca de recursos de um dia concedidos nos termos da Primary Dealer Credit Facility (PCDF - linha de crédito para "dealers" primários - instituições financeiras autorizadas a fazer intermediação direta entre o mercado e o Fed) foi composta de ações ou títulos com classificação abaixo da nota de investimento. Outros 17% eram créditos ou empréstimos não classificados, segundo uma análise do "Financial Times" dos dados do Fed que foram divulgados nessa semana.
Apenas 1% das garantias era composta de títulos do Tesouro que são normalmente usadas em transações entre bancos e as autoridades monetárias.
O Fed criou o PCDF em março de 2008 após a quebra do Bear Stearns para atenuar os problemas de liquidez dos bancos de investimento. À época, isso permitiu aos bancos empenhar apenas garantias com classificação de investimento. Mas depois que o fracasso das conversações para salvar o Lehman preparou o terreno para a sua falência, o Fed ampliou as exigências de garantias, que passaram a incluir ativos que podem ser usados no programa tripartite de recompra de títulos do Fed.
Os bancos de investimento responderam usando os seus estoques de ações e outros títulos com classificação baixa para tomar recursos do Fed. O Fed se protegeu impondo cortes maiores a títulos de maior risco e ressalta que todo os seus empréstimos de emergência foram plenamente ressarcidos com juros.
No espaço de um dia após o afrouxamento das exigências de garantia, o Credit Suisse tomou US$ 1 bilhão do PDCF, usando-o pela primeira de um total de apenas duas vezes, contra uma carteira de garantias composta de 91% de ações.
O Credit Suisse não quis comentar, mas pessoas familiarizadas com a situação disseram que as duas transações foram testes para verificar se o sistema estava funcionando.
Na segunda-feira seguinte, 41% de todas as garantias empenhadas contra recursos do PDCF por vários bancos era composta de ações, e outros 11% eram títulos com classificação inferior a investimento. No seu auge - em 29 de setembro de 2008 - o Fed tinha exposição a US$ 86 bilhões em ações e títulos de dívida com nota inferior a investimento como garantia do PDCF.

China estuda mega-aposta em setores estratégicos

Autor(es): Benjamin Kang Lim e Simon Rabinovitch | Reuters, em Pequim
Valor Econômico - 03/12/2010
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/12/3/china-estuda-mega-aposta-em-setores-estrategicos


A China está estudando um plano de investimentos de até US$ 1,5 trilhão durante cinco anos em sete setores estratégicos, segundo fontes. Esse plano visa acelerar a transição do país da condição de fornecedor de produtos baratos ao mundo para provedor líder de tecnologias de alto valor.
Analistas expressaram ceticismo em face do enorme volume de dinheiro - equivalente a cerca de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) chinês, em base anual -, mas disseram que a espantosa dimensão do número é uma indicação da determinação do governo de catalisar uma mudança estrutural na economia.
Entre os setores em foco estão: fontes energéticas alternativas, biotecnologia, tecnologia da informação de nova geração, equipamentos industriais de alta tecnologia, materiais avançados, carros movidos a combustíveis alternativos e tecnologias para poupar energia e não agressivas ao ambiente.
Muito provavelmente, a maior parte dos recursos não virá do governo central, que procurará estimular gastos de empresas, investimentos de governos locais e empréstimos por bancos. A Conferência Central de Trabalho Econô-mico, encontro anual decisivo no qual os líderes de mais alto escalão definem as políticas econômicas para o ano seguinte, provavelmente endossarão o plano focado nos sete novos setores estratégicos ao reunirem-se no fim deste mês.
"O Conselho de Estado está ponderando um plano para investir até 2 trilhões de yuans [US$ 300 bilhões] por ano nos sete novos setores estratégicos durante os próximos cinco anos", disse à Reuters uma fonte próxima à liderança e com conhecimento direto sobre a proposta. A fonte não quis ser identificada devido à delicadeza da informação.
Pequim já disse que deseja incentivar os setores, uma política que espera tornará o país menos dependente de práticas industriais "sujas", de baixo tecnologia. O valor adicionado total agregado pelos sete setores estratégicos representam atualmente cerca de 2% do PIB. O governo disse desejar que eles gerem 8% do PIB em 2015 e 15% até 2020. Ao estimular esses setores, a China estaria fazendo uma grande aposta em que a tecnologia pode ajudar a estabelecer uma ponte entre a oferta reduzida de commodities e a demanda em rápido crescimento que levou o país a tornar-se a segunda maior economia do mundo.
O plano quinquenal do Partido Comunista para 2011-2015 defende "incubar e desenvolver" os setores. Mas até agora o governo não divulgou nenhum número definindo quanto dinheiro vai gastar como parte do plano quinquenal para reformar a economia.
Os investimentos propostos para os setores deverão rivalizar (em ordem de grandeza) com o pacote de estímulo governamental de dois anos que mobilizou 4 trilhões de yuans e chegou ao fim em novembro. "É um desses números tão grandes que, mesmo que seja exagerado, o número real provavelmente ainda será grande", disse Ben Simpfendorfer, economista do Royal Bank of Scotland em Hong Kong.
Em sua declarações, as autoridades chinesas muitas vezes ambicionam enormes investimentos como uma maneira de reunir apoio para iniciativas de investimentos, ainda que os números em última instância não correspondam às metas originais.
"A concentração nos sete novos setores estratégicos fará crescer a competitividade chinesa e elevará sua economia a patamares mais altos na cadeia de valor", disse Zhao Changhui, economista-chefe do Banco de Exportação e Importação da China. "Isso dará rumo para uma transformação da economia chinesa", afirmou Zhao. "É o próximo estágio da globalização".
O governo também deve dar tratamento preferencial aos investidores em termos de impostos e de aquisição de terras.
O "China Times", publicado em chinês, informou que a alíquota do imposto de renda para os investidores nos sete setores será reduzida para 7,5%. A imprensa oficial também informou que a China vai investir 5 trilhões de yuans em projetos de energia renovável ao longo da próxima década. O dinheiro gasto nos sete setores focados pela iniciativa que envolverá 10 trilhões de yuans poderá, em certa medida, poderá sobrepor-se (aos projetos de energia renovável). Os planos também poderão defrontar-se com oposição de alguns setores do governo.
A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (CNDR), a poderosa agência de planejamento do país, disse que o setor de energia eólica já está sofrendo excesso de capacidade, levantando dúvidas sobre a necessidade de grandes investimentos em energia alternativa. Ontem, a CNDR não quis comentar.
Xu Jian, economista da China International Capital, em Pequim, questionou se os sete setores visados têm condições de absorver tal afluxo de dinheiro. "Eles ainda estão em seu estágio inicial de desenvolvimento. São distintos de setores convencionais, que são de grandes escala. Assim, nesses termos, esse investimento pode ser grande demais", disse.
O plano precisa ser aprovado pelo do Congresso Nacional do Povo, o Parlamento chinês, que irá realizar a sua sessão anual em março de 2011.

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