Autor(es): Cristiano Romero, de Brasília | |||||||||||||||||||
Valor Econômico - 02/09/2010 | |||||||||||||||||||
A apreciação da taxa de câmbio é um desafio para o desenvolvimento da capacidade de inovação e de competição da indústria brasileira, bem como para o aumento de sua presença internacional. A afirmação consta de apresentação feita ontem, durante encontro nacional do Sebrae, pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Cotado para ser ministro da Fazenda numa possível gestão Dilma Rousseff, Coutinho fez um balanço sobre o desempenho da economia nos últimos anos, expôs os desafios de longo prazo e afirmou que a expectativa do governo é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça, em média, 5,7% ao ano entre 2011 e 2014, ante média de 3,6% entre 2003 e 20008, e de 1,7% entre 1998 e 2002. Coutinho fez sua apresentação por meio de slides. O último quadro fala dos desafios de longo prazo. Nele, Coutinho menciona a necessidade de "recuperar e qualificar o planejamento de longo prazo (energia, logística, ambiente, infraestrutura de TI [tecnologia da informação])". Em seguida, cita o "desenvolvimento da capacidade de inovar e competir da indústria manufatureira e de sua presença internacional (vs. desafio problematizado pela apreciação da taxa de câmbio)". Durante a conferência, Coutinho tomou o cuidado de não falar abertamente do tema cambial, que ficou restrito ao texto da apresentação. "Não estou aqui fazendo previsões sobre câmbio", afirmou, acrescentando que era preciso ficar "claro" que ele não faz comentários sobre política monetária e cambial, especialmente em dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Na palestra, o presidente do BNDES disse que, no ciclo atual, a economia brasileira está crescendo liderada pela demanda interna, que, segundo estimativa do Ministério da Fazenda, deve fechar o ano com alta de 9,1% em relação a 2009. A demanda está sendo puxada pelo consumo das famílias, pelo setor habitacional e pela produção de bens duráveis. A massa salarial real média, de acordo com números do IBGE, cresceu 32,7% entre dezembro de 2004 e junho de 2010. Coutinho revelou que as classes C e D já superam a classe B em poder de consumo. Em 2002, a classe C tinha 21% de participação na massa de renda, e a D, 15%. Em 2010, elas passaram a ter, respectivamente, 31% e 28%. A classe B encolheu sua participação, no mesmo período, de 28% para 24%, e a classe A, de 30% para 16%. No cenário apresentado por Coutinho, a taxa de investimento da economia, medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), deve fechar 2010 com estoque de 18,8% do PIB. O presidente do BNDES acredita que ela atingirá 22,2% do PIB em 2014, uma taxa ainda pequena, na sua opinião. Segundo ele, o investimento será dinamizado por cinco vetores: petróleo e gás, energia elétrica, logística, construção habitacional e agronegócio. Entre 2005 e 2008, o setor industrial investiu R$ 344 bilhões. No período que vai de 2010 a 2013, aplicará R$ 549 bilhões, de acordo com estimativa do BNDES, um salto de 74,7% quando comparado à fase anterior. O setor de petróleo e gás lidera os investimentos do período atual, com desembolso previsto de R$ 340 bilhões. No caso do setor de infraestrutura, foram investidos R$ 199 bilhões entre 2005 e 2008 e estão previstos R$ 310 bilhões para 2010-2013, uma alta de 55,3%. Coutinho lembrou que o Brasil está realizando, neste momento, os três maiores investimentos em geração de energia elétrica do planeta - a construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, e de Belo Monte, no Pará. Durante rápida entrevista, após a apresentação, Coutinho defendeu a operação, autorizada pela Medida Provisória 500, que permitiu transferir ao banco R$ 1,4 bilhão em participação acionária do Tesouro na Eletrobras. À medida que a estatal pagar dividendos adiante, o BNDES receberá uma parte dos recursos. Segundo assessores do banco, o BNDES vai aproveitar o momento para fazer um ajuste de posições na sua carteira de investimentos, que está muito exposta em aplicações no setor elétrico. "É uma operação interessante", declarou o presidente do banco. Coutinho esquivou-se de fazer comentários sobre a capitalização da Petrobras, lembrando que é um dos integrantes do Conselho de Administração da empresa. No passado, no entanto, ele deu declarações informando que o BNDES participará da capitalização. Estatais garantem R$ 107 bi
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Coutinho vê câmbio como um desafio à indústria
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/9/2/coutinho-ve-cambio-como-um-desafio-a-industria-a-apreciacao-da-taxa-de-cambio-e-um-desafio-para-o-desenvolvimento-da-capacidade-de-inovacao-e-de-competicao-da-industria-brasileira-bem-como-para-o-aumento-de-sua-prese
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